Paralelo 29

STF afasta senador flagrado com dinheiro na cueca

Senador Chico Rodrigues
Depois da operação da PF, senador Rodrigues pediu dispensa da função de vice-líder do governo Bolsonaro / Crédito: Roque Sá, Agência Senado

O Supremo Tribunal Federal (STF) afastou, nesta quinta-feira (15), o senador Chico Rodrigues (DEM) por 90 dias. Durante a Operação Desvid-1, na quarta-feira (14), a Polícia Federal encontrou mais de R$30 mil em posse do parlamentar. De acordo com a decisão do STF que afasta senador flagrado com dinheiro na cueca, caberá ao Senado dar a palavra final.

Luís Roberto Barroso, Ministro do Supremo, informou detalhes à Agência Brasil. 

“O afastamento de parlamentar do cargo é medida absolutamente excepcional, por representar restrição ao princípio democrático. No entanto, tal providência se justifica quando há graves indícios de que a posição de poder e prestígio de que desfruta o congressista é utilizada contra os interesses da própria sociedade que o elegeu. Não podemos enxergar essas ações como aceitáveis. Precisamos continuar no esforço de desnaturalização das coisas erradas no Brasil”, justificou o ministro.

Dispensa da vice-liderança do governo

Antes de o ministro Barroso determinar o afastamento, o senador Rodrigues pediu dispensa da vice-liderança do governo Jair Bolsonaro (sem partido). A investigação da Polícia Federal apura desvios de recursos da saúde em Roraima, Estado que o senador representa.

O afastamento da função de representante do governo na Casa foi oficializado em edição extra do Diário Oficial da União. Segundo a publicação, o próprio Rodrigues solicitou a dispensa. Ele era um dos três vice-líderes do governo no Senado.

Recursos desviados da saúde

Na quarta-feira (14), a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), de acordo com a Agência Brasil, deflagraram a Operação Desvid-19 para investigar desvios de aproximadamente R$ 20 milhões em recursos públicos provenientes de emendas parlamentares. As verbas seriam destinadas à Secretaria de Saúde de Roraima para o combate à pandemia de covid-19. A operação incluiu mandado de busca na residência do senador em Boa Vista.

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Ao cumprir os mandados de busca e apreensão, os investigadores encontraram R$ 30 mil em dinheiro vivo na casa do senador. Parte do montante estava escondida entre as nádegas do parlamentar, conforme informações do site Congresso em Foco. Em nota (veja a íntegra abaixo), Rodrigues afirmou que vai provar que não teve relação com qualquer ato ilícito. “Tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à Covid-19 na saúde do Estado”, escreveu.

Presidente Bolsonaro se manifesta

Já o presidente Bolsonaro se manifestou em vídeo em suas redes sociais. “Vocês estão quase há dois anos sem ouvir falar em corrupção no meu governo. O meu governo são os ministros e estatais e bancos oficiais. Esse é o meu governo. Alguns acham que toda a corrupção tem a ver com o governo. Não. Nós destinamos dezenas de bilhões para estados e municípios, tem as emendas parlamentares, e, de vez em quando, não é muito raro, a pessoa faz uma malversação desses recursos”, afirmou o presidente.

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Rodrigues, conforme o site Congresso em Foco, emprega em seu gabinete, desde 2019, um sobrinho do presidente Bolsonaro: Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Léo Índio. Como comissionado do gabinete do senador, Léo Índio recebe salário de R$ 22,9 mil mensais. (Com informações da Agência Brasil e do site Congresso em Foco)

Nota na íntegra divulgada pelo senador

“Acredito na justiça dos homens e na Justiça Divina. Por este motivo, estou tranquilo com o fato ocorrido hoje em minha residência em Boa Vista, capital de Roraima. A Polícia Federal cumpriu sua parte em fazer buscas em uma investigação na qual meu nome foi citado. No entanto, tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à COVID-19 na saúde do estado.

Tenho um passado limpo e uma vida decente. Nunca me envolvi em escândalos de nenhum porte. Se houve processos contra minha pessoa no passado, foram provados na justiça que sou inocente. Na vida pública é assim, e, ao logo dos meus 30 anos dentro da política, conheci muita gente mal intencionada com o intuito de macular minha imagem, ainda mais em um período eleitoral conturbado, como está sendo o pleito em nossa capital.

Digo a quem me conhece: fique tranquilo. Confio na justiça e vou provar que não tenho nem tive nada a ver com qualquer ato ilícito. Não sou executivo, portanto não sou ordenador de despesas e, como legislativo, sigo fazendo minha parte, trazendo recursos para que Roraima se desenvolva. Que a justiça seja feita e que, se houver algum culpado, que seja punido nos rigores da lei.

Chico Rodrigues
Senador”

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