Os seis candidatos a prefeito de Santa Maria realizaram na noite desta segunda-feira o primeiro confronto de ideias frente a frente. Sobrou críticas para os dois representantes da atual administração, que, por sua vez, também trocaram farpas.
Em duas horas de intervenções – perguntas e respostas – os concorrentes à prefeitura defenderam suas propostas e alfinetaram adversários. Apesar disso, o embate teve um bom nível e nenhum pedido de direito de resposta.
Confira, abaixo, como se desenvolveram os três últimos blocos reunindo Evandro de Barros Behr (Cidadania), Jader Maretoli (Republicanos), Jorge Pozzobom (PSDB), Luciano Guerra (PT), Marcelo Bisogno (PDT) e Sergio Cechin (Progressistas).
Farpas lá e cá na propaganda, debate da Cacism e dinheiro na cueca
O debate foi promovido pela Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), OAB Santa Maria e Sindicato da Construção Civil Santa Maria (Sinduscon). O Paralelo 29 acompanhou as duas horas de confronto.
Pozzobom diz que reduziu prazo de alvarás
O terceiro bloco reservou espaço para os candidatos perguntarem uns para os outros. Ao responder pergunta sobre desburocratização feita por Bisogno, o primeiro a perguntar, Pozzobom convidou o candidato pedetista a conhecer o Poupa Tempo, que, segundo o tucano, reduziu o prazo de liberação de alvarás de seis meses para sete dias.
Bisogno insistiu que o Poupa Tempo “ficou no papo” e defendeu que a prefeitura deve ter, com outras empresas, a mesma agilidade que teve para liberar obra das lojas Havan. Pozzobom reforçou que o governo reformulou instrumentos municipais para o desenvolvimento, como a remodelação do Plano Diretor.
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Cechin e ex-aliado trocam alfinetadas
Um dos momentos mais acirrados ocorreu quando Pozzobom questionou seu atual vice, Cechin, sobre a proposta dele para a segurança pública. Referindo-se ao prefeito como “meu oponente”, Cechin acusou Pozzobom de nunca ter reunido o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI-M) e anunciou a criação da Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana e a ampliação do monitoramento eletrônico.
Pozzobom pediu que Cechin não o tratasse como “oponente” e convidou o atual vice para conhecer o Centro Integrado de Operações de Segurança (CIOSP). Em seguida, citou algumas estatísticas sobre redução de índices de criminalidade no município. Cechin encerrou afirmando que o CIOSP só foi viabilizado com recursos de fora, principalmente de emendas de deputados.
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Luciano alfineta governistas
Na sua vez, Cechin defendeu a gestão pública de saúde e questionou Luciano sobre isso. O petista devolveu dizendo que espera que a promessa “não seja igual ao fila zero”, programa defendido na outra eleição pela chapa Pozzobom-Cechin.
O progressista preferiu não rebater e aproveitou para fazer duas promessas: aumentar os serviços das unidades de Estratégia de Saúde (ESF) em 50% e implantar o atendimento até as 22h na Unidade de Saúde Erasmo Crossetti, no Centro.
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Behr cutuca candidato petista
O cenário pós-pandemia foi o tema da pergunta feita por Luciano a Behr. O representante do Cidadania respondeu criticando a atual gestão por ter, segundo ele, adotado algumas medidas prejudiciais para a economia, como a restrição às apresentações musicais em bares e restaurantes. Luciano falou genericamente sobre propostas que ele pretende colocar em prática para superar a crise, entre elas estabelecer parcerias com universidades.
Behr, então, disse ser o único que não teve chance de governar, e alfinetou o petista, afirmando que o PT teve a oportunidade de administrar a cidade e poderia ter implementado algumas das ações defendidas por Luciano.
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Jader ideologiza debate
O tema educação proporcionou algumas das raras intervenções com matizes políticos e ideológicos. Ao responder Behr sobre o assunto, Jader criticou gastos com creches privadas e anunciou a criação de uma creche pública central para atender mães que trabalham no Centro.
Behr lembrou que o candidato do Republicano se aliou à esquerda (no segundo turno em 2016, Jader apoiou a candidatura do PT contra Pozzobom). Jader respondeu que sua bandeira “é a família” e justificou o apoio aos petistas.
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Bisogno cobra corte de CCs
Jader perguntou se Bisogno terá coragem de cortar cargos de confiança ao que o pedetista respondeu que sim. Os dois trocaram figurinha em um certo momento e sobrou para o candidato do PT, que prometeu cortar metade do seu salário e reduzir as nomeações políticas na prefeitura.
Jader lembrou que Luciano não abriu mão do salário de vereador e lembrou que o atual governo, com Pozzobom e Cechin, não conseguiu cumprir a promessa de reduzir os chamados CCs, declaração que recebeu o aval de Bisogno.
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Legado de pai para filho
No bloco de encerramento, os candidatos procuraram apelar para o eleitor. Behr pediu que os santa-marienses deem a mesma chance que o pai dele, Evandro, teve em 1988, quando foi eleito prefeito em uma eleição que tinha outros favoritos. O candidato do Cidadania também mencionou a mãe, a ex-primeira-dama Bernardina Behr, que, segundo ele, “ficou esquecida”.
“Ele não tinha pesquisa, não tinha partido do lado dele, mas tinha amigos, tinha vizinhos e tinha ideias. Este é o momento da minha vida”, afirmou.
Chance para ser prefeito
Cechin reforçou sua trajetória política como vereador por seis mandatos e vice-prefeito em duas ocasiões e pediu uma nova oportunidade. “Eu esperei respeitosamente meu momento. Chegou minha hora. Sempre fui um coadjuvante, nunca tive a caneta na mão”, disse, prometendo resgatar o Carnaval de Rua “sem custos para a prefeitura”.
Antes da manifestação, ele criticou seu ex-aliado Pozzobom por não ter construído uma nova perimetral.
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Frente com gestores
Bisogno reforçou que sua coligação tem gestores experientes, uma referência a ele próprio que foi vereador e secretário de Trânsito; a Fabiano Pereira, o vice, que foi vereador, deputado e secretário estadual; e a Werner Rempel, que foi vereador e vice-prefeito.
“Estamos preparados para representa-los em uma nova era. O próximo gestor tem que olhar Santa Maria para os próximos 20 anos”, enfatizou.
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Gestão de resultados
Pozzobom rebateu as críticas citando o que fez em quatro anos de administração. Ele respondeu diretamente uma critica de Cechin sobre a nova perimetral, que não saiu do papel, e lembrou que sua gestão resgatou um projeto que estava parado há 10 anos.
“Não vamos brincar. A gente viu aqui fórmulas mágicas. Ou não conhecem a prefeitura ou não conhecem a cidade”, disparou, convidando os adversários a visitarem a prefeitura.
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Fala direta com eleitores
Jader se despediu citando eleitores pelo nome para criticar a deficiência de serviços públicos, como saúde. O republicano não poupou nenhum adversário e se posicionou como o único que representa renovação.
“Estamos lutando para acabar om a mentira. Não acredite mais neles, eles são a velha política”, alfinetou. Evangélico, Jader criticou o apoio do PT ao projeto “Diversidade na Escola” e a implantação do ambulatório Transcender, inaugurado em janeiro deste ano na gestão do ex-secretário de Saúde Francisco Harrisson (MDB), vice de Cechin.