Destaques da coluna Giro do Paralelo desta quarta-feira, 21 de outubro. Os rescaldos do debate e o momento em que Pozzobom e Cechin se confrontam. Também os conselhos dos marqueteiros, o rei do marketing e o voto de Farret.
Marqueteiros nem sempre são os melhores conselheiros
O debate entre os prefeituráveis de Santa Maria, na noite de segunda-feira (19), promovido pela Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), OAB Santa Maria e Sindicato da Construção Civil Santa Maria (Sinduscon), mostrou que nem os marqueteiros são os melhores conselheiros. Podem atrapalhar.
Os candidatos presos a discursos e a retóricas prontas ficam engessados e perdem a naturalidade, à medida que seguem rigorosamente o script do marqueteiro. No debate, os prefeituráveis com melhor performance foram os que menos dependeram de roteiro pronto e muitos papéis no púlpito.
Confronto entre prefeituráveis teve momentos de troca de farpas
Os candidatos e coordenações devem avaliar para a interferência do marqueteiro não se tornar muito excessiva e influenciar na performance do concorrente. E de forma prejudicial.
Meu oponente, meu amigo, muito carinho, mas…
Uma das grandes expectativas do debate era em torno dos dois candidatos da base do governo Jorge Pozzobom (PSDB), no caso o próprio prefeito, que busca a reeleição, e seu vice, Sergio Cechin (Progressistas), hoje seu adversário. A espera era para ver se haveria algum confronto entre ambos.
E, no início do terceiro bloco, o embate entre dois ocorreu. Nas perguntas entre candidatos, Pozzobom escolheu o seu parceiro de agendas e de decisões de governo até o mês de março. Com uma pitada de alfinetada, o prefeito questionou Cechin sobre a integração dos órgãos de segurança proposta no seu plano de governo, insinuando que o mesmo seria um conjunto de “intenções”.
“(…) Enquanto o candidato Cechin, que me chama de oponente, há poucos dias estava comigo. Ele não é meu oponente, eu tenho um carinho muito especial por ele”.
Na resposta, Cechin afirmou que se tratava de resgatar o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI), acusando Pozzobom, a quem chamou de “meu oponente”, de nunca ter reunido o GGI. Os dois continuam despachando no Centro Administrativo, o prefeito no 7º andar, e o vice, no 6º andar, mas a relação não é a mesma. Hoje, é de confronto.
“Eu quero dizer: meu oponente, Pozzobom, que também tenho muito carinho, trabalhamos juntos. Na verdade, continuo vice-prefeito (despachando) no 6º andar, da mesma maneira”.
Puxou a brasa para seu assado
Assim que se encerrou o debate, as assessorias da maioria dos candidatos a prefeitura começou o trabalho de exaltar a performance dos candidatos para os quais trabalham. Nas redes sociais ou em release, propagavam-se que o prefeiturável venceu o confronto, mostrou-se o mais preparado, teve a melhor performance ou a aprovação dos internautas. E por aí vai…
As assessorias estão no seu papel e é muito legítimo, aliás. Agora, a palavra final será dos eleitores. Dia 15 de novembro, teremos a primeira prévia.
Confira, eleitor, a íntegra do debate e tire suas próprias conclusões.
Selfie do quarteto
A selfie acima foi tirada pelo próprio candidato a prefeito pelo PT, Luciano Guerra, nos bastidores do debate. Cada concorrente poderia levar três convidados. No registro, Luciano está ao lado do grande fiador de sua candidatura, o deputado Valdeci Oliveira, e também dos jornalistas Fabrício Vargas, assessor de imprensa da campanha, e de Tiago Machado, assessor do ex-prefeito e com larga experiência nas eleições petistas em Santa Maria.
Trinca da coligação
Outro registro do debate foi feito com o trio da coligação “Um novo caminho para Santa Maria” (PDT, PSB, PCdoB e Rede): Marcelo Bisogno (PDT), candidato prefeito, Fabiano Pereira (PSB), vice, e Werner Rempel (PCdoB), concorrente à Câmara de Vereadores. Durante o debate, Bisogno repetiu por mais de uma vez que os três políticos concorreram a prefeito no pleito de 2016, e que, agora, uniram-se pela cidade.
Rei do marketing?
Sabidamente, a fama de “marqueteiro” é de outro candidato a prefeito, mas o concorrente do Republicanos à prefeitura, o pastor evangélico Jader Maretoli, tem se tornado um nome competitivo nesse quesito. Já apareceu nas suas redes sociais passando roupa, comendo marmita e vestido de super-homem no Dia da Criança. Já na terça-feira (20), Jader deu “bom dia” aos seguidores montado em um cavalo e segurando uma bandeira.
Ao final da campanha, veremos quem leva esse título.
O recado da Justiça Eleitoral
Candidatos e partidos têm ultrapassado os limites da lei eleitoral em relação à propaganda em Santa Maria. Por esse motivo, a 41ª Zona Eleitoral divulgou um alerta na terça-feira (20) sobre condutas que são vedadas.
Justiça Eleitoral faz alerta sobre propaganda em Santa Maria
Há abusos em utilização de carros de som e há propaganda sendo fixada em bens públicos, o que é proibido, especialmente na periferia. Se os candidatos continuarem ignorar a lei, vai pesar no bolso.
O recado da Justiça Eleitoral foi claro e direto.
Farret não definiu seu voto
O ex-prefeito José Farret (sem partido) ainda não definiu de quem será seu voto a prefeito de Santa Maria. Com poder de influência sobre uma parcela de eleitores que fidelizou ao longo de sua trajetória política, ele é muito procurado tanto por prefeituráveis quanto por candidatos no seu apartamento e até no seu consultório. Ter o apoio dele pode significar alguns votos.
Mas, segundo suas próprias palavras, o médico está avaliando, ainda, os programas de governo e os debates para definir seu voto. Cinco candidatos à Câmara de Santa Maria o procuraram pela relação que têm há anos com o ex-prefeito, além dos prefituráveis. Já na cidade vizinha de Itaara, Farret é cabo eleitoral do candidato a prefeito do PSB, padre Sílvio Weber, de quem é amigo pessoal há muito tempo, inclusive gravou apoio ao socialista nesta quarta-feira (21).
Debate expões ideias dos candidatos a prefeito de Santa Maria
No Dia do Médico, comemorado no domingo (18), o prefeito e candidato à reeleição, Jorge Pozzobom (PSDB), aproveitou e foi cumprimentá-lo, junto com seu vice, Rodrigo Decimo (PSL). O registro foi divulgado por Pozzobom em seu instagram.
Mais um ministro da Saúde fritado
Depois de fritar publicamente o ministro da Saúde, Luiz Fernando Mandetta (DEM), pela visibilidade que ganhou e deixar numa saia justa o seu sucessor, Nelson Teich, que pediu para sair, o presidente Jair Bolsonaro queimou o atual comandante da pasta. Ele desautorizou, nesta quarta-feira (21), o general Eduardo Pazuello em relação ao acordo fechado pelo Ministério da Saúde para compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac contra a Covid -19.
A vacina é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituo Butantan, de São Paulo. Pazuello, que testou positivo para Covid-19 nesta quazrta, anunciou a compra no Fórum de Governadores, na tarde de terça-feira (20), com a distribuição das primeiras doses para janeiro de 2021.
O site Poder 360 apurou que Bolsonaro enviou mensagens aos ministros afirmando que não seria feita a compra da vacina chinesa. “Alerto que não compraremos vacina da China. “Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre Covid-19”, dizia o teor das mensagens.” Mais tarde, após a divulgação exclusiva das mensagens pelo Poder 360, o presidente foi às redes sociais comentar sobre o acordo. “Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM.”, escreveu Bolsonaro.
Todas as vacinas estão sendo testadas e o o governo federal, inclusive, tem um acordo para comprar a vacina AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido). O presidente também já investiu recursos na produção da cloroquina que não tem comprovação científica. Tudo indica que falou mais alto os critérios políticos e não técnicos para a decisão do presidente, especialmente pelo fato de o governador João Doria (PSDB) estar à frente da iniciativa, hoje seu desafeto e adversário em 2022.
Lamentável que as picuinhas políticas possam prejudicar a população numa situação tão grave quanto à da pandemia. Um gestor público deve sempre priorizar o interesse público, mas parece que o presidente Bolsonaro vai no caminho oposto, pelo menos no que diz respeito à vacina.
Ficou tudo em casa
Depois de ser flagrado com mais de R$ R$ 30 mil na cueca durante operação da Polícia Federal, o senador Chico Rodrigues (Democratas), de Roraima, pediu licença de 121 dias do Senado, antecipando-se à decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmaria o afastamento determinado pelo ministro Luís Roberto Barroso.
O senador solicitou licença por 121 dias para que o suplente pudesse assumir a vaga e receber o salário. E quem deve ingressar no seu lugar é o filho Pedro Arthur Rodrigues (Democratas). Ele terá até 30 dias para decidir se assume ou não o cargo.
O senador Rodrigues é investigado por suposto desvio de recursos de emendas parlamentares destinados ao combate da Covid-19. Se o filho aceitar exercer o cargo, fica tudo em casa. E o Brasil seguirá o mesmo, infelizmente.