DIOMAR KONRAD *
Toca o telefone.
– Alô, pois não.
– Fala Marcos. Aqui é o teu primo, quanto tempo?
– Tudo bem cara. Um ótimo 2021 pra ti.
– Pra ti também. Espero que este ano seja bem melhor.
– O que anda fazendo?
– Eu metido em alguns investimentos. Tem aparecido algumas oportunidades aqui na fronteira e sempre estou ligado. É interessante como quando fecha uma porta, parece que logo abre outra. Parece aquele provérbio chinês: “enquanto uns choram, outros vendem lenço.
– Legal, primo. Tem que saber aproveitar as oportunidades…
Falar nisso, foi por este motivo que liguei. Estou precisando de um valor emprestado, não é muita coisa. É para um capital de giro, prometo que te devolvo logo, com os devidos juros, é claro…
– Bah! Primo. Acho que não vai dar. Estou meio mal das pernas.
– Não estou entendendo.
– Como assim?
– Você não é consultor financeiro? Pelo que sei trabalha com bons clientes, sempre aconselhando as pessoas como guardar e investir dinheiro. Acompanho teu canal nas redes sociais, sempre com ótimas dicas. Como que um cara como tu pode estar mal?
– Acontece que não é bem assim…
– Me explica, então.
– Eu realmente entendo do dinheiro dos outros. Mas ultimamente não consigo lidar com o meu. Desde o surgimento da pandemia, as coisas vão de mal a pior. Vários dos clientes me abandonaram, minha mulher perdeu o emprego e desde então a coisa ficou ruim. Ainda bem que o auxílio emergencial aliviou a barra.
– Mas, e as reservas? Sempre disse em suas palestras que era necessário guardar um pouco por mês do que ganhava. Vai dizer que não tinha.
– Pois é, como a carreira de consultor estava deslanchando, acabei esquecendo desta parte. Andei investindo em outras coisas. Infelizmente, primo, não vou poder te ajudar. Agora, me conta, como estão teus negócios, quem sabe posso te dar consultoria…
– Deixa pra lá, Marcos. Não sei se é uma boa ideia. Nos falamos. Tchau.
*Diomar Konrad é publicitário, historiador e escritor. e seis textos serão publicados às sextas-feiras.