Os funcionários do Banco do Brasil de Santa Maria irão paralisar suas atividades, sejam presenciais ou home office, nesta sexta-feira (29) contra o plano de reestruturação que pretende demitir 5 mil trabalhadores. A mobilização é nacional e terá um dia de duração.
A paralisação visa mobilizar os funcionários do BB contra o fechamento de agências, postos de atendimento e escritórios.
A diretora da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), Cristiana Garbinatto, diz que o banco se nega a passar detalhes sobre a reestruturação, o que gera ainda mais insegurança entre os funcionários.
“O Banco se nega a dizer quais agências fecharão e quais virarão postos. Então, a gente não tem uma informação precisa disso. Essa é uma política do Banco para que a gente não faça o enfrentamento nos locais que ficarão sem atendimento”, afirma a diretora.
Objetivo é fazer direção do BB reverter demissões
Cristiana acredita que a paralisação de sexta pode forçar o Banco a negociar com os trabalhadores e trabalhadoras e rever a decisão.
“É extremante importante a participação dos colegas nesse movimento para que possamos reverter as maldades que a direção do BB tem cometido. Neste momento o que nós temos é que ir à luta. Não podemos aceitar tudo calados e sem um enfrentamento, a situação no BB só tende a piorar”, adverte.
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Reestruturação fechará agências em cidades pequenas
O diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Sindbancários) e da Fetrafi-RS, Ronaldo Zeni, afirma que a reestruturação pretendida pelo governo federal será prejudicial, sobretudo, para os moradores de pequenos municípios.
“Em cidades do interior, muitas vezes, o BB é o único banco presente. Imagine ter que se deslocar 30, 50 quilômetros para ir até uma agência, isso tem um impacto significativo para uma pessoa. O objetivo disso é tirar o banco do mercado, cada vez mais rumo à privatização”, afirma Zeni.
O diretor do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, Alexandre Soares, pediu para que todos os presentes conversarem sobre o dia de greve com seus colegas.
“Transmitam para os colegas nas agências a importância da paralisação. Temos que reverter o que está acontecendo”, disse Soares.
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Meta é demitir 5 mil funcionários
No último dia 11, a direção do BB anunciou um plano de reestruturação com dois programas de incentivo a demissões, com a expectativa de atingir 5 mil funcionários.
Segundo a instituição, o Programa de Adequação de Quadros (PAQ) visa ajustar a força de trabalho do banco, mudando empregados de setores com excesso de pessoal para outros com vagas disponíveis.
Os empregados poderão fazer movimentações laterais e também optar pelo desligamento. O Programa de Desligamento Extraordinário (PDE) abrange todos os funcionários que atenderem aos pré-requisitos.
Conforme o banco, as ações “visam otimizar a distribuição da força de trabalho, equacionando as situações de vagas e excessos nas unidades do banco, contribuindo para a redução de despesas e para a melhoria da eficiência operacional”.
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BB estima economia de R$ 2,7 bilhões até 2025
A economia líquida anual estimada com as ações de reduções de custos implementadas pelo Banco do Brasil é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025.
No valor não estão adicionados os recursos economizados com os planos de desligamento, que serão divulgados após o encerramento dos períodos de adesão previsto para 5 de fevereiro.
O banco prevê adaptações na rede de atendimento em 361 municípios, mantendo unidades próprias em 221 municípios e correspondentes bancários Mais BB, nos demais.
Conforme o banco, com o novo modelo 1,3 milhão de clientes passarão a contar com um gerente de relacionamento exclusivo para interação digital por meio do canal Fale.Com.
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Operações por meio digital
A interação digital do banco foi ampliada especialmente no último ano. O aplicativo do banco atingiu 4,7 milhões de usuários, crescimento 273% maior do que o período anterior à pandemia.
Ao mesmo tempo, o atendimento pelo WhatsApp chegou a quase 600 mil atendimentos por dia.
“Com mais 1,3 milhão de clientes atendidos no modelo de atendimento especializado por gerentes de relacionamento dedicados, avançaremos de forma importante na melhoria contínua da experiência dos nossos clientes. Isso representa 13% a mais de clientes com essa proposta de valor”, disse em nota o vice-presidente de Negócios de Varejo do BB, Carlos Motta.
“As iniciativas buscam a melhoria da experiência e satisfação do cliente e consideram a transformação digital, o aumento da concorrência e o menor patamar histórico da taxa básica de juros como elementos de destaque”, diz a nota divulgada.
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Banco está vendendo prédios
O BB tomou outras medidas para reduzir custos como a devolução e venda de prédios corporativos, otimização de espaços físicos, medidas de eficiência energética e novo plano de cargos e salários. A expectativa é redução de R$ 3,3 bilhões em redução de despesas até 2025.
O Banco construiu um hotsite para esclarecer as medidas aos clientes. As informações também estão disponíveis pelo WhatsApp – (61) 4001-0001 e pela Central de Atendimento 0800 729 5291, de segunda a sexta-feira, das 8 às 20 horas.
No entanto, para as entidades que representam os trabalhadores do BB, o plano “é um verdadeiro desmonte do banco público” e prevê o fechamento de “centenas de agências pelo país”. Os caixas serão os funcionários mais afetados, pois a função será extinta.
(Com do Sindicato dos Bancários de Santa, da Fetrafi-RS e da Agência Brasil)