Um estudo feito com pacientes do Rio Grande do Sul constatou que uma pessoa pode ser infectada ao mesmo tempo por diferentes linhagens do novo coronavírus, que causa a Covid-19.
A pesquisa foi feita pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério de Ciência e Tecnologia, pela Universidade Feevale, de Novo Hamburgo, e pela Rede Vírus.
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Casos de infecção por duas linhagens do vírus
A constatação foi feita ao analisar amostras de 92 pacientes gaúchos. Pelo menos duas pessoas registraram a chamada coinfecção, ou seja, a infecção simultânea por variantes diferentes do novo coronavírus.
Segundo os pesquisadores, a coinfecção com a variante E484K não havia sido descrita até o momento.
Ainda de acordo com os pesquisadores, a coinfecção é preocupante porque mistura genomas de diferentes linhagens, permitindo recombinações que resultam na evolução do vírus.
Apesar disso, os dois pacientes tiveram apenas quadro leve e moderado e estão se recuperando sem necessidade de hospitalização.
Também foi constatada a circulação de cinco linhagens diferentes do vírus no Estado, entre eles uma nova, inicialmente denominada de VUI-NP13L.
Neste momento, pesquisadores estão estudando essa nova cepa, o que inclui o isolamento viral e a investigação sobre neutralização ou anticorpos presentes em pacientes infectados e recuperados.
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Descoberta preocupa pesquisadores
Segundo nota divulgada pelo LNCC, o estudo gera preocupações devido à possibilidade de dispersão dessa linhagem para outros estados e países vizinhos.
De acordo com o LNCC, foi possível ainda confirmar a disseminação generalizada da variante E484K na proteína S, que é a mesma mutação do novo coronavírus identificada no Rio de Janeiro no mês passado.
“Isso é preocupante, pois sabe-se que essa mutação pode estar associada a um escape de anticorpos formados contra outras linhagens do vírus. É mais uma evidência que essas novas linhagens podem causar problemas mesmo em pessoas que já tenham uma imunidade prévia contra o Sars-Cov-2”, afirma Fernando Spilki, coordenador do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale.
Os pesquisadores ressaltam a importância das medidas de distanciamento social para conter a propagação de novas variantes, potencialmente mais transmissíveis.
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Material foi coletado em pacientes de 40 cidades gaúchas
O material genético para a pesquisa foi coletado pelo Laboratório da Feevale, que recebe espécimes clínicos de pacientes de 40 municípios do Rio Grande do Sul.
A amostragem, realizada por funcionários de saúde dessas cidades, foi enviada ao Laboratório juntamente com informações dos pacientes, como idade, sexo, sinais clínicos e possível contato com outros casos suspeitos ou confirmados.
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Para esses estudos, foram selecionadas 92 amostras de pacientes com faixa etária de 14 a 80 anos de idade, sendo 50% homens e 50% mulheres.
Posteriormente, as amostras foram enviadas ao LNCC para a realização do sequenciamento genético e análises de bioinformática.
Usando ferramentas desenvolvidas pelo grupo do Labinfo, foi possível a caracterização das cinco linhagens diferentes que estão circulando no Rio Grande do Sul.
(Com informações da Agência Brasil e do Laboratório Nacional de Computação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações)