Paralelo 29

Nova Câmara de Santa Maria vive uma situação inusitada

Colçuna Giro do Paralelo
Arte: Diego Borges

Nova Legislatura irá estrear

Junto com o fim do Carnaval, também termina o recesso da Câmara de Vereadores de Santa Maria.

E o retorno ocorre em um momento complicado: A Casa enfrenta um surto de Covid-19. Por isso, fechou suas portas por alguns dias.

PARALELAS: Câmara de Santa Maria será mais jovem e urbana

Mas, a partir da próxima quinta-feira (18), a população terá a oportunidade de conhecer melhor os novos vereadores.

Nesse dia, ocorrerá a primeira sessão da nova legislatura, transmitida pela TV Câmara.

PARALELAS: Filas na CEF e a revelação da Tia da Moto

Como Santa Maria está sob bandeira vermelha e o Legislativo enfrenta um surto de coronavírus, talvez a sessão seja limitada e os parlamentares não tenham já a oportunidade de se apresentarem na tribuna.

Na última eleição, a Câmara renovou em mais de 50%. Dos 21 vereadores, 10 são estreantes.

É uma legislatura com um perfil ideológico bem definido, mais posicionada. Por esse motivo, promete debates acirrados e fortes emoções.

Nova legislatura fará a primeira sessão ordinária na quinta-feira com o fim do recesso / Foto AICVSM, Divulgação

Oposição rachada

Uma situação inusitada ocorre no início desta legislatura: a oposição está dividida. De um lado, está o Progressistas e o MDB, partidos da base da candidatura a prefeito de Sergio Cechin (Progressistas), que foi derrotado por Jorge Pozzobom (PSDB) no segundo turno. Junto, estão PDT, PSB e PSL, siglas que ao lado do MDB e Progressistas dirigem a Mesa Diretora.

Do outro lado, estão PT e PCdoB, também oposição ao governo Pozzobom. O PT chegou a buscar um acordo com PSDB, Republicanos e PCdoB para o comando da Casa e isolar MDB e Progressistas. A estratégia não deu certo e o bloco foi minado.

PARALELAS: Era uma vez um acordo para a Câmara

O resultado é uma oposição rachada. Há praticamente dois blocos. Já o governo Pozzobom conta com base mesmo de quatro vereadores: Admar Pozzobom, Juliano Soares (Juba), e Givago Ribeiro, todos do PSDB, e Manoel Badke (Maneco), do Democratas.

PARALELAS: Pozzobom tenta ampliar base na Câmara

Se o Executivo souber articular pode tirar proveito de uma oposição rachada.

Reforma administrativa gestada

Um dos projetos que a nova legislatura votará em breve é a reforma administrativa que está sendo desenhada na prefeitura. O novo vice-prefeito, Rodrigo Decimo (PSL), está à frente das alterações.

Da iniciativa privada, Decimo tem condições de fazer uma análise melhor de setores e processos que não funcionaram ou deixaram a desejar no primeiro mandato, segundo Pozzobom.

Por estar “contaminado com os problemas” em relação ao funcionamento da máquina administrativa, o prefeito avalia que não tem a mesma clareza de Decimo, que vem de fora, motivo pelo qual coube à tarefa ao vice.

Pozzobom afirmou que, no momento, o mais importante não são os nomes para secretarias, mas, sim, seu funcionamento e o retorno eficiente de serviços ao cidadão.

É, claro, que a escolha de nomes também terá peso e as especulações são inevitáveis.

Talvez, no novo desenho, tenha a criação de alguma secretaria, mas as alterações devem ser bem pontuais e mais sobre melhorias e aperfeiçoamento da máquina administrativa.

Pastas criadas

No final do ano passado, a gestão tucana criou as secretarias de Cultura e de Esporte e Lazer. As pastas foram desmembradas.

Já a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária foi incluída de forma definitiva no quadro. Antes, a pasta funcionava via decreto.

Câmara de Santa Maria aprova criação de novas secretarias

Sobre a reforma administrativa, o Executivo deve apresentar o novo desenho até o final deste mês no Legislativo.

Correndo por fora

A política gaúcha foi movimentada na semana que passou. Um grupo de deputados federais do PSDB de diferentes Estados aterrissou em Porto Alegre para convencer o governador Eduardo Leite (PSDB) a se apresentar como uma alternativa ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na disputa presidencial dentro do PSDB.

Descontente com o autoritarismo de Doria e com seu apetite voraz dentro do PSDB, uma ala tucana convenceu Leite a colocar o nome na roda.

No almoço da quinta-feira (11), o governador gaúcho apresentou algumas das conquistas de sua gestão, como a ampla reforma administrativa, que mexeu nas carreiras, e a da Previdência dos servidores, que devem servir de vitrine para uma possível candidatura presidencial.

Governador Eduardo Leite recebeu em almoço um grupo de deputados federais de diferentes Estados para discutir o nome do gaúcho como alternativa na disputa presidencial / Foto: Divulgação

A ala tucana entende que Leite possui credenciais que tendem a agradar aos eleitores: postura moderada e diálogo.

E o recado da última eleição foi bastante claro: o eleitor cansou de radicalismo, de extremos.

Por esse motivo, parte do PSDB aposta que o governador gaúcho pode, com esses predicados, pavimentar uma candidatura.

Na Assembleia, Leite defende reforma da Previdência da BM

Ainda na terça-feira (9), Leite exerceu o perfil de diálogo, ao discursar na abertura do ano legislativo e abordar a crise no Estado.

“Enfrentar essa crise requer diálogo, não rupturas e enfrentamentos”, pregou em sua manifestação.

“Não acredito em rupturas, porque invariavelmente rupturas levam a traumas, e traumas causam desconfiança na sociedade”, frisou o governador.  

Nome na vitrine

O nome do governador Eduardo Leite estará, a partir de agora, na vitrine. Hoje, o tucano é conhecido somente no quintal gaúcho.

No centro do país, ele tem começado, cada vez mais, chamar a atenção da imprensa.

Entretanto, Leite precisará ser conhecido pela população do restante do país, como as longínquas regiões Norte e Nordeste.

Sem falar no Sudeste, onde estão concentrados os principais colégios eleitorais – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Governador procura nome para substituir Otomar

Além do mais, o governador João Doria não abrirá mão de ser o candidato a presidente pelo PSDB.

Ele está em campanha há muito tempo e calcula todos os passos visando à conquista do Palácio do Planalto.

Soma-se a isso, o fato de São Paulo, Estado mais rico do país, ter um peso muito grande na disputa presidencial.

Eduardo Leite teria chance de concorrer à Presidência em caso de Doria sair do PSDB, uma vez que ele está em conflito com parte dos tucanos.

Cauteloso, o governador gaúcho declarou à Rádio Gaúcha que aceitou o convite para liderar a discussão sobre um projeto para o país e não sobre nomes para as próximas eleições.

Assembleia prorroga por mais um ano alíquotas do ICMS

Eu acredito mais na viabilidade de uma pré-candidatura de Leite a vice-presidente ou até ao Senado.

Ele é, inclusive, cogitado par formar uma chapa com o apresentador Luciano Huck.

Mas como tem bastante tempo para a eleição de 2022, as peças do cenário político irão se movimentar muito.

Foco precisa ser no Estado

É legítimo de parte do governador Eduardo Leite desejar alçar voos mais altos. Entretanto, o Rio Grande do Sul enfrenta uma grave crise financeira.

Somente no final do ano passado, os salários dos servidores foram colocados em dia depois de cinco anos.

Só que a situação do Estado continua delicada e os desafios pela frente requerem foco total.

Portanto, seria complexo para Leite dividir a administração do RS com viagens pelo Brasil.

Conforme o próprio governador, a agenda de possível pré-candidato a presidente seria cumprida em eventuais finais de semana.

Alívio para estados endividados como o RS

E, depois, em caso de concorrer, Leite terá de renunciar o cargo de governador seis meses antes da eleição, ou seja, em abril de 2022.

O prazo, aliás, vale para candidaturas tanto a presidente, a vice, senador ou deputado.

Onyx Lorenzoni perde mais espaço no Palácio do Planalto

O gaúcho Onyx Lorenzoni (Democratas) perde cada vez mais espaço no Palácio do Planalto.

Alçado a chefe da Casa Civil, um dos cargos mais poderosos e influentes da República, Onyx não esquentou muito na cadeira.

Seu desempenho não agradou, principalmente pela sua atuação como articulador do Palácio do Planalto com o Congresso.

No bastidores, o comentário era que o gaúcho não teria cacife para chefiar a Casa Civil.

Acabou perdendo o posto para um militar: general Walter Braga Netto.

Depois de comandar a Casa Civil e assumir o Ministério da Cidadania, Onyx Lorenzoni deixa a pasta para acomodar o centrão. O gaúcho foi para a Secretaria-Geral do Planalto / Foto: Marcelo Casal Jr., Agência Brasil

Contudo, ele não ficou desamparado. Assumiu o Ministério da Cidadania, desalojando o conterrâneo Osmar Terra (MDB), que voltou para a Câmara dos Deputados.

A pasta da Cidadania também é importante, uma vez que concentra os programas sociais do governo, entre eles o Bolsa Família e o auxílio emergencial.

Só que na última sexta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) trocou, novamente, Onyx de pasta. Ele foi anunciado como novo ministro da Secretaria-Geral do governo.

Permanece no núcleo próximo do capitão, mas é nítido que o democrata perdeu terreno.

Onyx foi um dos primeiros – quando poucos acreditavam na viabilidade da candidatura de Jair Bolsonaro a presidente – a apostar no capitão para chefe do país.

Por isso, mesmo com o presidente trocando ele de ministério com frequência para acomodar aliados, Onyx tende a permanecer no Planalto até quase o fim do governo.

Mais pelo critério de consideração do qualquer outro.

Bolsonaro começa a pagar a conta com o Centrão

O presidente Jair Bolsonaro começou a acertar as contas com o Centrão pela vitória do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) para comandar a Câmara Federal.

Apoiado por Bolsonaro, Arthur Lira vai presidir Câmara dos Deputados

Além de despejar milhões em emendas parlamentares, no mês de janeiro, para agradar os deputados antes da eleição, o presidente Bolsonaro começou a pagar a conta, agora, com cargos.

Na sexta-feira, anunciou o deputado João Roma (Republicanos), da Bahia, para comandar o cobiçado Ministério da Cidadania e sua carteira de programas sociais.

Da Bahia, deputado federal João Roma, do Republicanos, foi escolhido pelo presidente Bolsonaro para assumir o cobiçado Ministério da Cidadania / Foto: Najara Araujo, Câmara dos Deputados

Amigo pessoal do ex-prefeito de Salvador (BA) ACM Neto (Democratas), Roma não é deputado de grande expressão política, entretanto, foi o nome apresentado pelo Centrão para comandar a pasta.

Pazuello diz que não foi avisado sobre oxigênio em Manaus

Roma também foi chefe de Gabinete de ACM Neto na prefeitura, responsável, com suas manobras, pela debandada dos democratas para o lado de Arthur Lira na eleição da Câmara.

Agora, o ex-prefeito de Salvador esbravejou nas redes sociais contra o amigo, criticando João Roma por assumir o ministério.

Com a indicação de um amigo de ACM Neto, Bolsonaro tenta, por tabela, colar no Democratas, que está numa rebelião desde a eleição da Câmara.

Rebeliões à parte, os votos dados para a vitória de Arthur Lira se transformaram em boleto e a fatura chegou para Bolsonaro pagar.

Em alguns casos, pode ser com juros e correções. O difícil é o capitão conseguir saciar o apetite do Centrão.

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn