LUDWIG LARRÉ
Jornalista
O “Boca Santa”, um dos panfletários periódicos de vida curta, porém intensa, que mantive na Santa Maria dos anos noventa, trouxe nas páginas centrais da edição de estréia uma longa entrevista com Arnaldo Jabor.
Personalidade midiática em grande evidência na época, o cineasta, jornalista, escritor, crítico e dramaturgo, falaria sobre algo como sociedade, mídia e cultura brasileira, em uma palestra no Centro de Eventos do Hotel Itaimbé.
Na tarde anterior à palestra, cheguei preparado para uma concorrida coletiva, com colegas de rádio, TV e jornais a se acotovelar entre perguntas fora de contexto (naquela época o webjornalismo engatinhava).
Paralelo 29 tem novo cronista: Ludwig Larré
Para minha surpresa, estávamos lá apenas a Sandra de Deus – creio que pela Rádio Imembuí –, o Jair Alan Siqueira – pela Rádio Universidade –, e eu, pelo Jornal Boca Santa, a ser lançado nos próximos dias.
A essas alturas eu já não cozinhava na primeira fervura do jornalismo, mas estava junto a dois profissionais cujas trajetórias sempre me foram referência de ética e qualidade.
Para nossa satisfação e também do entrevistado, que não se fez de rogado para espichar a prosa, em lugar das cotoveladas fizemos um belo jogo coletivo.
DIOMAR KONRAD – Crônica: O recall
Dentre as frases de Jabor nessa longa entrevista, guardo na memória uma em especial: “A humanidade é uma infecção que deu no Planeta Terra e que ainda vai se tornar septicemia na galáxia”.
Passadas mais de duas décadas a metáfora de Jabor conduz a outras reflexões neste momento de pandemia fora de controle.
Os desdobramentos daquela concepção de organismo espiritual da República de Platão foram esmagados pelo comportamento viral do ser humano em relação ao planeta e ao próprio tecido social.
Aí estão – até este momento – 260 mil atestados de óbito, só no Brasil, esfregados na cara dos que ainda resistem. Em todo o planeta já ultrapassamos 2,5 milhões de mortes.
GILSON PIBER – Opinião: A negligência mata
Números muito mais elevados infelizmente serão registrados diante da irresponsabilidade acintosa e genocida das maiores e das menores autoridades do país.
A estatística macabra não será suficiente, entretanto, para despertar uma consciência de espécie neste desastroso penhasco por onde descamba a humanidade.
O que mais se fará necessário para a humanidade entender que somos um único organismo vivo?
Que uma unha encravada lá no Burundi pode infeccionar, virar septicemia e colapsar Wall Street?
SABRINA SIQUEIRA – Opinião: Se há fatalismo nos nomes
Até quando temas como erradicação da miséria, distribuição de renda, acesso universal a saúde e saneamento básico, condições dignas de moradia, educação e trabalho, justiça social e consciência ambiental serão taxadas de bandeiras de esquerda ou doutrinação comunista?
Negar o impacto das desigualdades sociais e das agressões ao meio ambiente é fechar os olhos ao surgimento de uma nova pandemia de efeitos ainda mais arrasadores.
E desgraçadamente ela irá surgir. Justamente lá onde a miséria e o desequilibro ambiental são mais críticos.
CAVALO ENCILHADO, uma crônica colorada de um torcedor apaixonado
A negação é um dos mecanismos das células neoplásicas de nosso tecido social, que disseminam metástases de egoísmo, ódio e desinformação pelo organismo coletivo.
A ti, carcinoma inextirpável, rogo por uma esperança de remissão na radioterapia com as mais elevadas freqüências cósmicas e espirituais.