Para encerrar o Mês da Mulher, a jornalista e poeta Melina Guterres, a Mel Inquieta, selecionou poemas de sua autoria e uma cena teatral que escreveu e atuou inspirada em reportagens sobre o assédio que mulheres sofrem no ambiente de trabalho.
A poesia de Mel Inquieta se destaca pela profundidade e pela contundência e, ao mesmo tempo, não deixar a doçura da mensagem poética de lado.
Além de tecnicamente bem estruturados, os versos de Mel se inscrevem em uma estética feminista que foge ao panfletário e propõem, sempre, uma reflexão a partir das palavras.
Mel recita em homenagem ao Dia Mundial da Poesia
Contundência com doçura
Em “Autorretrato”, um dos poemas escritos e recitados por Mel, a poeta escreve: “Me reconheço/Faço meu tempero/E costuro as minhas vestes/Tenho calos/Que viraram Belos sapatos/E sonhos de princesa/À Frida Kalho/Tiro da gaveta/Meus desejos frustrados/Rasgados.
Em “Mau tempo”, a poeta avisa: “Não sou mulher do teu tempo/Temos séculos de distância/E o meu peito/Aprendeu a fazer do mau tempo/Um século por segundo”.
MEL INQUIETA: Dois poemas para refletir
Para conhecer melhor
Para conhecer mais sobre o trabalho da jornalista Melina Guterres, que mora em Santa Maria-RS, é só acessar o site da Rede Sina, plataforma de conteúdo criada e administrada por ela.
E para conhecer o trabalho poético da poeta Mel Inquieta é só seguir o seu perfil no Instagram.
A poesia de Mel Inquieta no Paralelo 29
Do cotidiano para o palco
E para fechar essa homenagem ao Mês da Mulher com “chave de ouro”, a jornalista poeta mostra o seu lado dramaturgo em uma cena gravada quando ela morava em São Paulo.
A passagem aborda o assédio a uma jovem mulher em uma agência de publicidade. Primeiro, o chefe assedia a funcionária.
Depois, o chefe copia o projeto e apresenta à direção como se fosse seu. Ao procurar o diretor da empresa, este diz que ela teria que trabalhar no Atendimento por ser bonita.
30 filmes socioambientais para trabalhar na escola
A história não termina por aí. Para conferir o desfecho, assista a cena que já ultrapassou as 3 mil visualizações no YouTube.
PARA TODAS AS MULHERES
AUTORRETRATO
Prometo palavra sincera,
coração esmagado em conserto.
Euforia, melancolia
Luta, prisão
Prometo uma alma em libertação
Cálices de verdades
Palavras estúpidas e putarias
Concurso fotográfico de SM oferece R$ 15 mil em prêmios
Prometo a dor da vergonha,
E da compaixão
O ódio, a raiva, e paixão
Feras feridas
Prometo o amor
Em cinza,
E histórias de como deixar o cigarro
SABRINA SIQUEIRA – Opinião: Nísia Floresta, feminista e moralista
Esquecer amores que nunca passaram
Eis aqui uma mulher que junta os próprios pedaços
Não prometo ilusões
Prefiro a fantasia
Prometo criações
E algum personagem
Além poesia
Estou a frente, acima
abaixo, atrás
SABRINA SIQUEIRA : Santa-mariense lança seu primeiro romance
Em todos os tempos
Me reconheço
Faço meu tempero
E costuro aa minhas vestes
Tenho calos
Que viraram
Belos sapatos
E sonhos de princesa
Maria Portela é OURO mais uma vez. No judô e na vida
À Frida Kalho
Tiro da gaveta
Meus desejos frustrados
Rasgados,
Meu pranto sufocado
E contando
Dissipo-os ao pó
Do mundo que me deu seus fardos
Me calo, me fecho, silêncio
Escrevo, compartilho,
Vivo, ressuscito
E viro poesia.
LUDWIG LARRÉ – Crônica: “Passos do Vislumbre”
MAU TEMPO
Livre da esperança
Da rua que desanda
Da margem estreita
Da palavra negada
Do rosto falso
Da dúvida
Da tua lua
E da minha impotência
Não sou alquimista
Do teu século passado
FABRÍCIO SILVEIRA – Opinião: O avesso do bom senso
Não sou mulher do teu tempo
Temos séculos de distância
E o meu peito
Aprendeu a fazer do mau tempo
Um século por segundo