Paralelo 29

MEL INQUIETA: Dois poemas e uma cena para encerrar o Mês da Mulher

Para encerrar o Mês da Mulher, a jornalista e poeta Melina Guterres, a Mel Inquieta, selecionou poemas de sua autoria e uma cena teatral que escreveu e atuou inspirada em reportagens sobre o assédio que mulheres sofrem no ambiente de trabalho.

A poesia de Mel Inquieta se destaca pela profundidade e pela contundência e, ao mesmo tempo, não deixar a doçura da mensagem poética de lado.

Além de tecnicamente bem estruturados, os versos de Mel se inscrevem em uma estética feminista que foge ao panfletário e propõem, sempre, uma reflexão a partir das palavras.

Mel recita em homenagem ao Dia Mundial da Poesia

Contundência com doçura

Em “Autorretrato”, um dos poemas escritos e recitados por Mel, a poeta escreve: “Me reconheço/Faço meu tempero/E costuro as minhas vestes/Tenho calos/Que viraram Belos sapatos/E sonhos de princesa/À Frida Kalho/Tiro da gaveta/Meus desejos frustrados/Rasgados.

Em “Mau tempo”, a poeta avisa: “Não sou mulher do teu tempo/Temos séculos de distância/E o meu peito/Aprendeu a fazer do mau tempo/Um século por segundo”.

Obra da exposição “Sob a Potência da Presença”, realizada em 2019, com a curadoria de Key Eleison, no Museu da República, em Brasília/Foto: Fernando Frazão, Agência Brasil

MEL INQUIETA: Dois poemas para refletir

Para conhecer melhor

Para conhecer mais sobre o trabalho da jornalista Melina Guterres, que mora em Santa Maria-RS, é só acessar o site da Rede Sina, plataforma de conteúdo criada e administrada por ela.

E para conhecer o trabalho poético da poeta Mel Inquieta é só seguir o seu perfil no Instagram.

A poesia de Mel Inquieta no Paralelo 29

Do cotidiano para o palco

E para fechar essa homenagem ao Mês da Mulher com “chave de ouro”, a jornalista poeta mostra o seu lado dramaturgo em uma cena gravada quando ela morava em São Paulo.

A passagem aborda o assédio a uma jovem mulher em uma agência de publicidade. Primeiro, o chefe assedia a funcionária.

Depois, o chefe copia o projeto e apresenta à direção como se fosse seu. Ao procurar o diretor da empresa, este diz que ela teria que trabalhar no Atendimento por ser bonita.

30 filmes socioambientais para trabalhar na escola

A história não termina por aí. Para conferir o desfecho, assista a cena que já ultrapassou as 3 mil visualizações no YouTube.

PARA TODAS AS MULHERES

AUTORRETRATO

Prometo palavra sincera,

coração esmagado em conserto.

Euforia, melancolia

Luta, prisão

Prometo uma alma em libertação

Cálices de verdades

Palavras estúpidas e putarias

Concurso fotográfico de SM oferece R$ 15 mil em prêmios

Prometo a dor da vergonha,

E da compaixão

O ódio, a raiva, e paixão

Feras feridas

Prometo o amor

Em cinza,

E histórias de como deixar o cigarro

SABRINA SIQUEIRA – Opinião: Nísia Floresta, feminista e moralista

Esquecer amores que nunca passaram

Eis aqui uma mulher que junta os próprios pedaços

Não prometo ilusões

Prefiro a fantasia

Prometo criações

E algum personagem

Além poesia

Estou a frente, acima

abaixo, atrás

SABRINA SIQUEIRA : Santa-mariense lança seu primeiro romance

Em todos os tempos

Me reconheço

Faço meu tempero

E costuro aa minhas vestes

Tenho calos

Que viraram

Belos sapatos

E sonhos de princesa

Maria Portela é OURO mais uma vez. No judô e na vida

À Frida Kalho

Tiro da gaveta

Meus desejos frustrados

Rasgados,

Meu pranto sufocado

E contando

Dissipo-os ao pó

Do mundo que me deu seus fardos

Me calo, me fecho, silêncio

Escrevo, compartilho,

Vivo, ressuscito

E viro poesia.

LUDWIG LARRÉ – Crônica: “Passos do Vislumbre”

MAU TEMPO

Livre da esperança

Da rua que desanda

Da margem estreita

Da palavra negada

Do rosto falso

Da dúvida

Da tua lua

E da minha impotência

Não sou alquimista

Do teu século passado

FABRÍCIO SILVEIRA – Opinião: O avesso do bom senso

Não sou mulher do teu tempo

Temos séculos de distância

E o meu peito

Aprendeu a fazer do mau tempo

Um século por segundo

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn