Em 10 meses de pandemia, a Covid-19 matou quase o mesmo número de moradores de Santa Maria que os assassinatos ocorridos nos últimos oito anos na cidade.
Eram 381 vítimas do coronavírus em menos de um ano, conforme dados da prefeitura até a última sexta-feira (26), contra 390 vítimas de homicídios ocorridos de 2013 a 2020 em Santa Maria. No domingo (28), o número de óbitos subiu para 387.
Para fazer essa comparação, o Paralelo 29 consultou as estatísticas do site da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul.
No comparativo, foram consultados apenas os dados relativos a homicídios, não constando as mortes por latrocínio (roubo com morte).
Também não foram considerados os dados de 2021 por ser uma estatística incompleta e que não reflete a realidade.
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Mais seis óbitos confirmados no final de semana
Na sexta-feira, o boletim da prefeitura de Santa Maria confirmou mais oito mortes decorrentes de complicações da Covid-19, sendo que 127 vítimas da doença morreram em março.
Ainda com base nos boletins diários da prefeitura de Santa Maria, no sábado (27), foram mais cinco mortes; e no , domingo, mais uma pessoa teve o óbito confirmado pelo governo municipal.
Live: pandemia e política em Santa Maria. Assista!
AS VÍTIMAS DE COVID NO BOLETIM DE SEXTA-FEIRA, 26 DE MARÇO
- Mulher, 41 anos, com registro de hipertensão arterial sistêmica e obesidade. Em 15 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 17 de março, deu entrada no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. Em 19 de março, a paciente foi transferida para a UTI. O óbito aconteceu em 25 de março
- Mulher, 78 anos, sem registro de comorbidade. Em 17 de fevereiro, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Na mesma data, deu entrada no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. Em 28 de fevereiro, a paciente foi transferida para a UTI. O óbito aconteceu em 25 de março
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- Mulher, 66 anos, com registro de diabetes. Em 22 de fevereiro, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 27 de fevereiro, deu entrada no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. No dia seguinte, a paciente foi transferida para a UTI. O óbito aconteceu em 25 de março
- Homem, 55 anos, com registro de doença cardiovascular crônica, diabetes, asma, síndrome de down, pneumopatia crônica e hipertensão arterial sistêmica. Em 27 de fevereiro, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. No dia seguinte, deu entrada no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. Em 3 de março, o paciente deu entrada na UTI. Morreu em 25 de março
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- Mulher, 79 anos, com registro de hipertensão arterial sistêmica. Em 6 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 19 de março, deu entrada na UTI do Hospital Regional. Ela morreu em 24 de março
- Homem, 70 anos, com registro de doença cardiovascular crônica. Em 12 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Buscou atendimento na UPA e na Cauzzo, mas não foi internado. O óbito aconteceu em 20 de março, em casa
- Homem, 91 anos, com registro de doença renal crônica, doença neurológica crônica e doença cardiovascular crônica. Em 19 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. No dia seguinte, recebeu atendimento na UPA. O óbito aconteceu em 24 de março, em domicílio
- Mulher, 80 anos, com registro de doença cardiovascular crônica e asma. Em 20 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 25 de março, deu entrada na UPA. O óbito aconteceu no mesmo dia
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AS VÍTIMAS DE COVID NO BOLETIM DE SÁBADO, 27 DE MARÇO
- Homem, 77 anos, com registro de hipertensão arterial. Em 6 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19, sendo transferido para a UTI do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, de Cruz Alta, para tratamento neurológico. Em 17 de março, deu entrada no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. O óbito aconteceu em 24 de março
- Homem, 59 anos, com registro de diabetes e hipertensão arterial. Em 11 de fevereiro, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. No dia seguinte, o paciente foi transferido da UPA de Santa Maria para o Hospital de Clínicas de Passo Fundo. No mesmo dia, deu entrada na UTI. O óbito aconteceu em 25 de março
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- Homem, 74 anos, sem notificação de comorbidade. Em 25 de janeiro, deu entrada no Hospital Regional de Santa Maria. Em 30 de janeiro, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 19 de fevereiro, o paciente foi transferido para o Hospital de Caridade São Roque, em Faxinal do Soturno. O óbito aconteceu em 25 de fevereiro, com a confirmação das informações pela prefeitura em 27 de março
- Homem, 68 anos, com registro de doença cardíaca crônica e doença de Parkinson. Em 18 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. No mesmo dia, foi transferido de Santa Maria para a UTI da Santa Casa de Caridade de Bagé. O óbito aconteceu em 24 de março
- Homem, 74 anos, com registro de doença cardíaca crônica e obesidade. Em 17 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Um dia antes, foi transferido de Santa Maria para o Hospital de Caridade São Roque, em Faxinal do Soturno, indo para a UTI. O óbito ocorreu em 21 de março, com a confirmação pela Prefeitura em 27 de março
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VÍTIMA DO BOLETIM DE DOMINGO, 28 DE MARÇO
- Mulher, de 79 anos, moradora de Santa Maria, com doença cardíaca crônica e pneumopatia crônica. Em 13 de março, teve o diagnóstico positivo para a Covid-19. Em 26 de março, deu entrada na UPA
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Março tem mais mortes que em meio ano de pandemia
Somente as mortes do mês de março de 2021 superam todos os óbitos da pandemia ocorridos de maio, mês em que morreu a primeira vítima da doença na cidade, a novembro de 2020.
Assim, de 14 de maio, data em que foi registrado o primeiro óbito local devido ao coronavírus, a 30 de novembro, 111 santa-marienses morreram com diagnóstico de Covid-19.
Desta forma, as mortes de março correspondem a 33,33% de todos os óbitos registrados nos sete primeiros meses da pandemia em Santa Maria.
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Curva de óbitos cresceu a partir do fim do ano
Esse número absurdo começou a ganhar corpo em dezembro, possivelmente com as festas de fim de ano e o início do verão.
Essa combinação de fatores é propícia a aglomerações. Dezembro registrou 40 mortes e foi o mês recordista do primeiro ano da pandemia na cidade.
Em janeiro deste ano, o número de vítimas fatais da doença em Santa Maria saltou para 51, 11 a mais.
Em fevereiro, morreram 53 santa-marienses. Em março, as mortes explodiram, chegando à soma de 127 em 26 dias do mês. Com os dados de sábado e domingo, o número chegou a 133.
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Verão turbinou contágios, internações e mortes
A comparação das mortes por Covid-19 com as mortes por assassinato em oito anos dão uma ideia de quanto o vírus SARS-CoV-2 é agressivo.
Com as pessoas circulando mais e gerando aglomerações, o novo coronavírus aumentou os contágios.
Em consequência dos novos contágios, a Covid-19 turbinou as estatísticas de hospitalizações e de mortes.
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Casos novos chegaram a cair no início do ano
Em 18 de fevereiro, o professor Luís Felipe Dias Lopes, coordenador do Observatório de Informações em Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) apontou, em entrevista exclusiva ao Paralelo 29, que os casos novos da doença estavam caindo.
Para chegar a essa conclusão, o professor, que leciona Estatística na UFSM, se valeu de dados oficiais do próprio Observatório.
Na data da entrevista, Lopes observou que, entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro, Santa Maria registrou uma média móvel diária de 76 casos novos de Covid-19.
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Picos em dezembro e em janeiro
Antes, Santa Maria havia registrado 113 casos na média móvel diária. A cidade registrou um superpico em 21 de dezembro, com 143 casos.
Depois, em nove de janeiro, houve outro pico. Quando Lopes concedeu a entrevista, a média móvel dos últimos sete dias era de 40 casos.
A média móvel é o melhor indicador científico para se traçar um cenário preciso da pandemia.
O cálculo é feito a partir da soma do número de casos do dia com os casos dos seis dias anteriores.
Já para saber a tendência da pandemia e fazer projeção, é preciso calcular a variação percentual das médias móveis em um intervalo de duas semanas.
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Professor alertou para explosão a partir de março
Com base nessas ferramentas, Lopes alertou para a tendência de inversão dessa curva que estava em queda.
O professor previu que, a partir da metade de março, principalmente, haveria “uma explosão de casos novos”.
Lopes disse que sua projeção levava em conta fatores propícios ao avanço da pandemia, como as aglomerações típicas do verão, viagens para a praia e Carnaval (festas clandestinas).
“O pessoal tá se expondo muito, e os maiores responsáveis são os jovens”, alertou o coordenador do Observatório.
Os dados de março em Santa Maria estão aí para comprovar a previsão feita pelo professor com duas semanas de antecedência.
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VÍTIMAS DE ASSASSINATO NOS ÚLTIMOS OITO ANOS
- 2020 – 43
- 2019 – 40
- 2018 – 59
- 2017 – 63
- 2016 – 58
- 2015 – 53
- 2014 – 42
- 2013 – 32
Total – 390
