Paralelo 29

GILSON PIBER – Opinião: Pandemia rejuvenesce

GILSON PIBER

Jornalista

Escrevo, hoje, com um apelo aos mais jovens: cuidem-se, zelem pela vida e evitem a contaminação pelo novo coronavírus.

A doença passou a atacar as pessoas com menos idade. A edição do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgada na última sexta-feira (7), mostra uma ligeira queda no número de casos e óbitos por covid-19 e das incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). Porém, os níveis seguem muito altos.

De acordo com a Fiocruz, os dados apresentados no boletim confirmam o processo do rejuvenescimento da pandemia.

Há, portanto, uma mudança demográfica – adultos jovens e de meia-idade representam uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva.

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Os pesquisadores responsáveis pelo boletim alertam para o seguinte:

“A ligeira redução de casos e óbitos por covid-19 não significa que o país tenha saído de uma situação crítica, pois as médias diárias de 59 mil casos e de 2,5 mil óbitos nestas duas semanas epidemiológicas (16 e 17 – de 18 de abril a 1º de maio de 2021) se encontram em patamares muito elevados. Além disso, os altos níveis para SRAG e casos de covid-19 significam uma elevada demanda para o sistema de saúde, com consequências na taxa de ocupação de leitos. Somente com a redução sustentada por algumas semanas, associada à aceleração da campanha de vacinação e à intensificação de ações de distanciamento físico e social, combinadas com proteção social, será possível alcançar a queda sustentada da transmissão e a redução da demanda pelos serviços de saúde”.

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O processo de rejuvenescimento da pandemia no Brasil, informa o boletim da Fiocruz, é confirmado por meio dos novos dados apresentados no boletim.

A semana epidemiológica 16 apresenta idade média dos casos internados de 57 anos, versus idade média de 63 anos na semana epidemiológica 1 (SE 1).

Para óbito, os valores médios foram 71 anos (SE 1) e 64 anos (SE 16). Há deslocamento da curva em direção a faixas etárias mais jovens.

Com relação à distribuição dos casos e óbitos por faixa etária, o aumento diferencial se manteve.

O aumento global, para todas as idades, entre a SE 1 e a SE 16, foi de 483,1%. Algumas faixas etárias mantiveram aumento ainda maior: 20 a 29 anos (622,7%), 30 a 39 anos (892,1%), 40 a 49 anos (955,9%), 50 a 59 anos (875,4%) e 60 a 69 anos (585,9%).

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Para os óbitos, o aumento global entre as mesmas semanas foi de 259,1%. As mesmas faixas etárias sofreram aumento diferenciado: 20 a 29 anos (654,5%), 30 a 39 anos (562,8%), 40 a 49 anos (692,9%), 50 a 59 anos (568,4%) e 60 a 69 anos (379,9%).

Ainda de acordo com o boletim, após muitas semanas em situação muito crítica, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no país começam a dar sinais de melhora, “embora ainda longe de indicar um quadro tranquilo.”

Entre 26 de abril e 3 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos mantiveram a tendência lenta de queda em quase todo o país. Roraima e Paraíba permaneceram fora da zona de alerta com taxas de ocupação inferiores a 60%.

Acre, Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul (78%) deixaram a zona crítica e se somaram aos estados do Amazonas, Amapá, Maranhão e Alagoas na zona de alerta intermediário.

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Embora ainda na zona crítica, também apresentaram o indicador em queda consistente e níveis mais baixos Tocantins, Piauí, Bahia, Minas Gerais Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.

Em estabilidade muito crítica incluem-se Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Mato Grosso do Sul.  

A publicação destaca ainda a necessidade de organizar o sistema de saúde para atender pessoas que apresentam os chamados “efeitos de longo prazo” ou “condições pós-covid-19”.

 São problemas de saúde que persistem por mais de quatro semanas após a primeira infecção pelo Sars-CoV-2.

(Com dados da Fiocruz)

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