Paralelo 29

KYDO: Informação, vida e buracos negros

No último ensaio eu abordei de forma sucinta a questão de como a informação é deformada. Do como ela não se mantém igual. Do como ela sucumbe ao tempo. As estruturas informacionais sucumbem, é fato. Mas como elas surgem? Como elas emergem?

Porque há um momento em que a Informação aflora como viva no Universo. E a morte é a maior evidência desse processo. Mas para tentarmos entender o Universo no qual estamos vivos é crucial buscarmos as evidências daquilo que ele nos apresenta.

Estruturas e subestruturas

A primeira e fundamental evidência é de que ele existe, e mais, nós aparentemente mantemos uma estrutura de informação dentro dele com todas as fronteiras atinentes a isto. E dentro dessa estrutura abrigamos outras subestruturas; algumas alheias a nós e para as quais nós somos um Universo em si, e outras, para as quais, sendo parte de nós, nos recriam como um Deus absoluto de nosso espaço interno.

Nós não somos apenas um dentro do espaço, mas um espaço infinito para bilhões de uns que nos habitam. Humanamente somos um ser. Biologicamente somos bilhões de vidas sobrepostas.

Mas independentemente daqueles que nos habitam, ou talvez com a participação deles, em algum momento, por mero “acaso”, um acaso maravilhoso, e põe maravilhoso nisso, outras estruturas surgiram capazes de gerenciar as estruturas subjacentes, de tal forma que o todo assumisse uma misericordiosa forma de conjunto.

KYDO: A estrutura informacional

Manifestação natural do Universo

Mensagens sobrepostas a mensagens e a mensagens e a mensagens, até números infinitos, com toda a sua carga de informações acumuladas. Foi assim que nos transformamos, eu em Kydo, e minha Ameba em Ameba Patriótica.

Imagem de um buraco negro supermassivo/Nasa, Divulgação

Parece estranho, mas se indagar sobre isso e se deparar com os fatos, quando a gente percebe que é assim de verdade, parece que toda uma crendice de Universo desmorona. Nós não somos feitos a partir de uma matéria amorfa que por um acaso se tornou duplicável.

Antes, somos uma manifestação natural do Universo, a mais sutil e perseverante manifestação da matéria/energia que poderíamos conceber. Nós e a minha amiga Ameba. Lado a lado. Somos o que somos, filhos das estrelas, irmãos da mesma centelha, carentes do mesmo Infinito.

KYDO: As Fronteiras Informacionais

Detetive de padrões

Porém, é crucial salientar que a matéria amorfa já conduz em si a sua própria informação, intrínseca. Quanto mais estudamos o Universo, e mais nos aprofundamos no que é infinitamente pequeno, mais e mais a nossa capacidade de interpretar as informações que nos chegam é testada.

Por padrão, a ação científica experimental se comporta como um detetive de padrões, para confrontá-los com a Teoria dos Padrões Vigentes. Quando tudo está OK, tudo bem. O problema ocorre quando os resultados experimentais não batem com o pressuposto teórico.

Quando isso ocorre o conflito é assaz conflitante, carreiras acadêmicas entram em jogo. Primeiro, e prática contumaz, é desmerecer o experimento detonador do caos. Só que aí, felizmente, em raras vezes o resultado não pode ser desmerecido, o experimento não pode ser contestado e então a Ciência progride como um todo.

KIDO: O significado da insignificância (Parte II)

Mergulhando num buraco negro

O desafio científico hoje, o maior deles, é exatamente determinar o que ocorre com a informação que mergulha dentro de um buraco negro.

Fudeu. Tudo vira gravidade em uma estrutura informacional, nada é traduzível. Nada é perceptível, apenas a perda. É terrível pensar que uma estrutura informacional (e o buraco negro é uma estrutura informacional já que apresenta uma fronteira informacional, o Horizonte de Eventos) possa se comportar como um destruidor de informações.

Alguma coisa parece que não bate bem quando pensamos dessa forma. Mas o que tem um buraco negro que o faz tão particular e diferente? Minha resposta, eu diria, é que ele é totalmente opaco a qualquer forma de informação que tente cruzá-lo. E é essa opacidade única que o torna especial. É a única estrutura totalmente opaca conhecida no Universo.

KYDO: O significado da insignificância (Parte I)

A informação que se perde

Como nada o atravessa, um buraco negro é um ponto informacionalmente obscuro. Sua mensagem é de apenas um bit de informação, traduz apenas o fato de existir e somente isso.

E em termos de mensagem que possamos obter de um buraco negro isso é tudo o que podemos conceber e isso é tudo o que teremos. Mesmo as imagens que agora conseguimos obter dizem respeito ao que está do lado de fora, jamais ao lado de dentro.

Um mergulho em um buraco negro /Imagem Nasa, Divulgação

A informação realmente se perde, pelo menos toda a informação que não possa ser traduzida em ganho de gravidade. Mas o quê ocorre quando a informação tende a deixar de existir e a massa, a energia, a concentração assumem números absolutos?

Absolutos não, infinitos. Como entender? Como entender quando as coisas deixam de ser e mesmo assim não deveriam? É muito difícil pensar que a informação aprisionada não possa ser recuperada. E se não pode, por quê?

Eu não posso deixar de pensar, enfrentando esta situação, no que dizia Lavoisier: de que “na natureza nada se perde, tudo se transforma”. Mas se transforma em quê?

KYDO – Crônica: O Universo é vivo – Cosmologia da Informação

Um capítulo à parte

O fato é que a evidente opacidade dos buracos negros e o seu comportamento aparente na destruição da informação acabou me conduzindo à noção da Hierarquia Informacional.

Mas o quê vem a ser isso? Bem, é um capítulo à parte, um novo artigo. Mas antes de chegar lá vamos pensar nos diferentes níveis em que a informação se manifesta, nas diferentes estruturas onde ela se liberta e torna-se viva.

Não nos esqueçamos que a informação apenas se manifesta através de mensagens. Não nos esqueçamos também que a informação flui cotidianamente através de diferentes estruturas. E as estruturas são cruciais para o entendimento da vida, dos buracos negros, e tudo o que tenha a ver com uma Cosmologia da Informação.

São as estruturas que nos conduzem à hierarquia. É nesse ponto que começo a suspeitar da existência de Forças Informacionais. Mas antes de tudo, é preciso falar sobre as hierarquias.

Esse é o nosso próximo tema: As Hierarquias Informacionais.

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