Quem conheceu o Kydo em Santa Maria, ou em Porto Alegre, ou no Rio de Janeiro, ou sabe-se-por-lá-onde-andou, com certeza jamais esquecerá daquele poeta maluco, cheio de sonhos, de bar em bar.
Sim, Kydo foi um típico poeta de boteco. Fosse em madrugadas geladas do inverno do Sul, fosse nas noites quentes de uma cidade como o Rio, lá estava o Kydo percorrendo as ruas em busca de algum boteco.
Com seus livrinhos artesanais, produzidos por ele próprio, o poeta ia de mesa em mesa vender seus poemas. Geralmente, bebia o néctar de suas palavras, aliás, contudentes, porém com pura doçura.
KYDO: A hierarquia informacional
Sonhador, utópico…..um puta poeta
Sim, Kydo é um romântico, um utópico, um sonhador, um aventureiro. E um puta poeta, perdoem-me a expressão.
Sim, Kydo é um cara capaz de extrair beleza onde muitos veem “sujeira e tristeza”, como em um de seus tantos poemas: “Puta, do anonimato do teu ser emanam vírus e colibris”. Que imagens lindas!
Pois neste ano, Kydo começou a escrever no Paralelo 29. Começou com uma série de crônicas em que utiliza-se de conceitos da comunicação, da física e da matemática em uma odisseia para tentar compreender o Universo e passar a sensação dessa busca eternamente infinita do ser humano.
Não que esse trabalho – inicialmente proposto como uma trilogia de crônicas – esteja concluído. Longe disso, ainda falta muita coisa nesse tratado em busca de explicações para o que talvez não tenha sentido algum.
KYDO: Informação, vida e buracos negros
Brinde aos leitores
Então, Kydo resolveu dar uma folga para brindar os leitores – e ele tem muitos em Santa Maria e em outros rincões brasileiros – com um pouco de sua poesia. E aí está “Extratos de um Puta Poema I”.
Com certeza, este será um dos muitos poemas que o Kydo irá publicar no Paralelo 29, portal de notícias e conteúdo aberto às mais diversas manifestações artísticas e quetais.
KYDO: A informação deformada
Andanças poéticas de bar em bar
Em “Extratos de um Puta Poema I”, Kydo rememora suas andanças poéticas, seus amores, suas paixões, suas dores, suas alegrias e suas decepções.
Contudo, foi tudo isso – separadamente ou somado – que constituiu-se no cardápio poético desse poeta andarilho.
“Fui enchendo os meus bolsos com escritos esvaziados às vezes em alguma mesa de bar ante a espectadores incrédulos”, diz o poeta.
KYDO: A estrutura informacional
Narrativa poética autobiográfica
Nessa narrativa poética de sua própria existência enquanto poeta, Kydo faz de “Extratos de um Puta Poema I” uma autobiografia suscinta de suas perambulações pelo mundo das palavras.
Chega um ponto em que afirma que os escritos em madrugadas boêmias eram transportados em calças sujas, de bolso em bolso.
E por aí segue o poeta. Este texto para por aqui porque o resto está devidamente descrito nos versos oníricos de “Extratos de um Puta Poema I”.
KYDO: As Fronteiras Informacionais Extratos de um Puta Poema I Sobre camadas finas de celulose pouco fina remanejada, não sei por quantas vezes reciclada, depositei palavras frias em que o vazio da vida predominava Transportei-as pelos bolsos de minhas calças sujas por mais tempo mesmo até mesmo depois que os sonhos se dispersavam elas estavam ali comigo palavras doces tristes muitas tantas já desprovidas de sentido Porque, amigos, não há sentido na poesia a não ser aquele exíguo extinto etéreo no momento em que a palavra foi escrita tudo o mais não tem critério não existe forma, lógica alguma nenhum ser sobrevivente volátil é o Ser deletério o entardecer mas mesmo assim dia após dia ano após ano momento após momento fui enchendo os meus bolsos com escritos esvaziados às vezes em alguma mesa de bar ante a espectadores incrédulos "O que fala este miserável louco que eu já não tenha ouvido" Mas é porque o poema, senhores, tem que ser dito e redito, e falado e refalado, recitado O poema tem que ser vivido. KYDO: O significado da insignificância (Parte I) Subi sobre mesas para vociferar meus poemas Subi sobre pedras para vociferar meus poemas em bancos de praça onde dormi vociferei meus poemas mais sinceros desprovidos de um porvir Por esse tempo em que a poesia era andarilha nos meus bolsos não havia paciência com a hipocrisia não havia esperança somente uma calma doentia onde o pão conquistado hoje alimentaria o poema reescrito amanhã sempre um dia após o outro até que a palavra em si virasse toda a poesia. Essa era a entrega o desvario indefecto entre o insurreto estado da melancolia e ato de descrever olhares, sons, as fugidias expressões no olhar nos outros e lutando internamente para sorrir alegremente. Foram tempos difíceis esses tempos de amores incertos de vida incerta fluida e refluida entre lugares ora vibrantes ora tristes ora amenos se é que existe mas existe sim aqui escondido na memória onde o melhor resiste Foram tempos de uma alegria sincera e verdadeira com todos os meus amigos loucos com todos os sinceros loucos anestesiados de poesia e todos aqueles outros que se aproximaram aos poucos vindos de não sei quantas catacumbas e outras cavernas da noite Escrever era parte de um princípio Todo o som e todo amor tinha que ser descrito à luz vertida por entre as árvores todo amanhecer tinha que ser vivido Atravessávamos a noite procurando pérolas entre palavras Não que isso tudo fosse verdade mas porque o sonho era maior ainda mais puro o sonho da palavra além da mediocridade o sonho além da falsidade um sonho e que puta sonho um puta poema desprovido de maldade.