Paralelo 29

PARALELAS: Bisol, polêmico ícone da esquerda gaúcha

O ex-senador gaúcho José Paulo Bisol, que morreu neste sábado (26), aos 92 anos, por falência de órgãos, é um dos um ícones da esquerda gaúcha.

Afastado há anos da política e da mídia, Bisol se dedicou à leitura nos últimos anos, especialmente livros de sociologia e política.

Ex-desembargador, Bisol ficou conhecido pela defesa da democracia e dos direitos humanos. E também por algumas polêmicas e ideias contestadas. Ficou conhecido do público como apresentador do TV Mulher nos anos 80.

Iniciou a trajetória política no MDB, elegendo-se deputado estadual de 1983 a 1987. Encerrado o mandato na Assembleia Legislativa gaúcha, conseguiu uma cadeira no Senado como constituinte.

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BRIGA FEIA COM BRIZOLA

Em 1989, após passagem relâmpago pelo PSDB, se filiou ao PSB, sendo candidato a vice do petista Lula na eleição vencida por Collor (PRN).

Bisol foi vice de Lula na campanha presidencial de 1989/Foto: Arquivo, PT

Nessa época, houve a famosa briga do líder pedetista Brizola com Bisol. Brizola havia feito uma denúncia de que o político havia se beneficiado de empréstimos do Banco do Brasil para comprar uma fazenda.

A briga foi tão feita que, mesmo apoiando Lula no segundo turno contra Collor, Brizola se recusou a subir no palanque petista com a presença de Bisol, que acabou se retirando. Foi um momento tenso e constrangedor.

Em 1994, nova candidatura a vice de Lula foi implodida por denúncias que não se confirmariam. Mais tarde, como as acusações não foram comprovadas, Bisol ganhou indenizações de veículos de comunicação.

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TENTATIVA DE MUDAR A SEGURANÇA PÚBLICA

Depois, Bisol viria a ser secretário de Justiça do Rio Grande do Sul, entre 1999 e 2002, na gestão de Olívio Dutra (PT).

Ex-governador Olívio Dutra com seu ex-secretário Bisol/Foto: Reprodução, Facebook

Sua passagem pela Justiça foi conturbada, já que essa pasta cuidava da Segurança Pública, e Bisol tinha uma visão completamente distinta da área.

A começar por uma tentativa de enquadrar órgãos de segurança como Brigada Militar e Polícia Civil em uma nova visão de polícia. E até que conseguiu durante um tempo em sua gestão.

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ALÔ! AQUI É DO GOVERNO POPULAR, ÀS ORDENS!

De abordagens ao atendimento do telefone, as polícias tiveram que se adaptar. Quem viveu nessa época, talvez lembra a mensagem que se ouvia quando se ligava para o 190, por exemplo:

“Boa tarde, Brigada Militar, governo popular e democrático, fulano de tal, às suas ordens”, era a mensagem que o atendente tinha que dizer.

Sua gestão sofreu grande oposição de alguns segmentos da sociedade, culminando com uma CPI na Assembleia Legislativa.

Mesmo contestado – e até esquecido, José Paulo Bisol transformou-se em um ícone da esquerda gaúcha, admirado inclusive pelo centro político.

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NEGOCIAÇÃO COM SEQUESTRADOR

Em 2002, já filiado ao PT e ainda no comando da pasta de Justiça, Bisol ganhou as manchetes de jornais de todo o país por conta do sequestro de um micro-ônibus em Porto Alegre.

Temendo ser morto pela polícia, o sequestrador exigiu a presença do secretário de Justiça. E lá se foi Bisol. O bandido acabou se entregando com um colete à prova de bala e a garantia de que sairia vivo e ileso.

Brizola tentou ser vice de Lula em 1994, mas candidatura foi implodida/Foto: Arquivo, PT

Não faltou quem criticasse Bisol sob o argumento de que ele estaria dando regalias a criminosos. De outro lado, o então secretário foi elogiado pelo desfecho sem mortes e sem feridos.

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DIARRÉIA LEGISLATIVA

Quando concorreu ao Senado pela segunda vez, em 1998, este colunista entrevistou Bisol. Era uma exclusiva para o Jornal A Razão (veículo de Santa Maria não existe mais).

Este colunista jamais vai esquecer da resposta de Bisol a uma das perguntas. Afinal, senador também faz leis.

Então, qual seriam alguns projetos de Bisol? Ele respondeu que seu foco não era apresentar projetos de lei. “Leis existem aos montes, há uma verdadeira diarreia legislativa”.

De fato, às vezes quando se vê projetos demagogos, eleitores e assistencialistas, a frase de Bisol faz sentido.

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