BELINDA PEREIRA
Psicóloga e mestre em gerontologia
Aquele dia parecia ser como outro qualquer. Paulo, como de costume, se prepara para mais um dia de trabalho.
Ao abrir a porta para sair, sente tontura, falta de ar e dor no peito. Desesperado, pede que sua esposa o leve imediatamente ao pronto-socorro, certo de que está enfartando.
O que ele não sabe ainda é que está tendo uma crise de ansiedade. Seus sintomas, como tontura e sensação de desmaio, falta de ar, dores no peito, palpitações e respiração ofegante, enjoo e vômitos, enxaquecas, boca seca, alteração do sono, preocupação excessiva, dificuldade de concentração, medo em demasia, sensação de que se pode perder o controle ou que algo ruim vai acontecer, desequilíbrio dos pensamentos, entre outros, se confundem com o de outras doenças.
BELINDA: Enquanto uma lava a louça, o outro seca
Controlar a ansiedade não deixa de ser um desafio e, em tempos de pandemia, tem sido um desafio maior ainda, não só para Paulo como para a maioria das pessoas, pois o cenário apresentado não é nada animador, o que impacta diretamente na saúde mental.
Estamos vivendo um momento de muitas perdas, de incertezas e de certezas que se romperam, de desenlaces, e a temida solidão que nunca esteve tão presente.
BELINDA: Aprendendo a ser homem desde piá
A pandemia nos colocou à prova, de frente conosco mesmo. Mostrou que não estamos no controle, além disso, está nos convocando a dizer a serviço do que estamos no mundo.
Diante de tudo isso, não fica difícil compreender por que muitas pessoas estejam com a sua ansiedade no limite.
No pronto-socorro, depois de examinar Paulo, o médico fala: – Senhor Paulo, pode ficar descansado, o senhor não está enfartando. O que o senhor teve foi uma crise de ansiedade.
Sugiro que, caso estas crises se tornem frequentes, o senhor busque um atendimento psicológico especializado, pois é importante intervir o mais precocemente no intuito de evitar o seu agravamento, que pode ser prejudicial para a sua saúde física e mental.
BELINDA: Feliz para sempre?
– Que alivio saber disso, doutor. Mas não vai ser necessário procurar atendimento de psicólogo. A minha cabeça está boa, não estou louco, ando só perdendo o sono, acordando de madrugada e não consigo mais dormir direito. É que estão despedindo muita gente na minha empresa e fico imaginando que o próximo pode ser eu, mas é só isso, nada demais.
– Ele não acredita em terapia, doutor, diz a mulher de Paulo. Por isto diz que não está precisando, que é para quem não está normal. Mal sabe que todo mundo deveria dedicar um tempo para cuidar de sua saúde mental. Quem sabe assim, não teria estas crises de ansiedade.
– É verdade, diz o doutor. O que a “alma” revela aparece no corpo.