A judoca gaúcha Maria Portela foi eliminada nas oitavas de final da categoria até 70 kg da Olimpíada de Tóquio (Japão) em uma luta histórica, e polêmica, no Budokan. Ela chorou e recebeu a solidariedade dos brasileiros.
O combate desta quarta-feira (28), entre a gaúcha e Madina Taimazova, do Comitê Olímpico da Rússia, durou mais de 14 minutos, dez só de golden score (tempo extra no qual vence o atleta que pontuar primeiro).
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Punição eliminou gaúcha
A vitória da russa foi decretada após a brasileira receber um terceiro shido (punição) por falta de combatividade.
A estreia de Portela foi contra a afegã Nigara Shaheen, número 186 do ranking da Federação Internacional de Judô (IJF).
A brasileira, décima do mundo, precisou de 28 segundos para derrubar a rival, que defende a seleção de refugiados, de costas no tatame e vencê-la por ippon (pontuação máxima).
No duelo contra Taimazova, 14ª do ranking mundial, Portela teve dificuldades para alcançar a parte de cima do quimono da adversária, que, por sua vez, não conseguia agarrar a manga da brasileira.
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Árbitro não deu ponto à gaúcha
No meio do golden score, a gaúcha de 33 anos derrubou a russa com parte das costas no tatame, que configuraria um wazari. O lance foi analisado pela arbitragem de vídeo, que não computou a pontuação.
Após quase 15 minutos de luta, com as duas atletas visivelmente desgastadas e dois shidos para cada uma, o juiz entendeu que Portela estaria fugindo do combate e deu uma terceira, e decisiva, punição à brasileira, que não conteve as lágrimas ainda no tatame.
Arbitragem criticada
Pelo Twitter, ex-judocas como o medalhista olímpico Flávio Canto e o campeão mundial Luciano Correa reclamaram da arbitragem após o combate, que foi o mais longo da Olimpíada de Tóquio.
“As duas estavam cansadas ali e seria um detalhe. Como a luta estava muito longa, ela teve um pouco mais de iniciativa no final e eu acabei tomando a punição. Eu estava percebendo que ela estava um pouco mais desgastada, mas estava colocando golpe na minha frente, mesmo sem efetividade. Quase joguei ela duas vezes, mas não foi suficiente. Em Olimpíada não tem adversária fraca”, afirmou Portela, ao Comitê Olímpico do Brasil (COB).
“Se a gente não define, ele (árbitro) tem que definir. E quem tiver um pouco mais de iniciativa vai levar. Não foi culpa dele. Eu tinha que ter sido mais agressiva, imposto mais o ritmo, por mais que não fosse efetiva, que foi o que ela fez e acabou levando”, completou a gaúcha, que disputa a terceira Olimpíada da carreira.
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Revelada em projeto social
Conhecida como Raçudinha dos Pampas, Maria Portela nasceu em Júlio de Castilhos, na região Central do Rio Grande do Sul. Ainda pequena, órfã de pai, mudou-se para Santa Maria com a família.
Portela se criou no bairro Nova Santa Marta, na periferia de Santa Maria, onde foi revelada para o judô por meio de um projeto social.
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Sonho não acabou
Na categoria até 90 kg, Rafael Macedo foi derrotado na estreia pelo cazaque Islam Bozbayev. A luta durou 30 segundos e foi definida em um ippon do asiático, que pegou a manga do quimono do brasileiro para derrubá-lo de costas no solo. Foi a primeira participação olímpica do paulista de 26 anos.
Tanto Rafael como Portela voltam ao tatame do Budokan neste sábado (31) para a disputa por equipes, novidade na edição deste ano dos Jogos. Portanto, o sonho de medalha não acabou para a Raçudinha dos Pampas.