A família Segat, de Santa Maria, que comprou o Castelo de Pedras Altas, pretende resgatar o valor histórico e patrimonial da construção, que é tombada como patrimônio histórico do Rio Grande do Sul. A notícia da compra causou alvoroço nas redes sociais e na mídia, gerando a curiosidade de pessoas que querem saber quem são os proprietários. Nesta sexta-feira (4), uma equipe do governo e membros da família Segat estiveram no imóvel.
Concluído recentemente, o negócio envolveu herdeiros de Joaquim Francisco de Assis Brasil, que construiu o castelo de 44 cômodos, e a família de Santa Maria. A edificação foi inaugurada em 1912.
Inicialmente, a prioridade de compra seria por um dos entes públicos (União, Estado ou Município) por tratar-se de uma propriedade tombada. No entanto, como não houve esse interesse de parte de nenhuma das esferas do governo, o imóvel acabou sendo vendido a um particular.
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Paz entre chimangos e maragatos
Pedras Altas é um município localizado na fronteira com o Uruguai, a 410 quilômetros de Porto Alegre, na zona Sul do Estado. Já o castelo foi um marco histórico da Revolução de 1923, da qual Assis Brasil foi o chefe civil.
Foi lá que líderes dos chimangos e maragatos assinaram o Pacto de Pedras Altas, que pôs fim ao conflito político armado que dividiu os gaúchos.
As 44 peças do Castelo de Pedras Altas estão distribuídos em dois andares principais, subsolo e torres. Os espaços contêm mobiliário e objetos de época que Assis Brasil trouxe de capitais europeias (Lisboa e Paris), de Washington capital dos Estados Unidos, e de Buenos Aires, capital da Argentina. O político gaúcho morou nessas cidades com a família quando exercia atividade diplomática.
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Imóvel é tombado desde 1999
O complexo fica dentro da Granja de Pedras Altas, considerada uma propriedade modelo pelo uso de técnicas pioneiras no sistema construtivo e na infraestrutura dos prédios, com iluminação a gás, captação de água da chuva para abastecimento e preocupação com conforto térmico.
Por ter esse valor histórico e simbólico para os gaúchos, o Instituto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (Iphae) tombou o Castelo de Pedras Altas em 1999.
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Família pretende resgatar valor histórico
A secretária estadual da Cultura, Beatriz Araujo, afirmou que os novos proprietários pretendem preservar o imóvel, resgatando seu valor histórico e patrimonial. Para ela, as articulações em favor do patrimônio histórico e cultural do RS são decisivas para a conservação da Granja de Pedras Altas.
“Conforme os registros do Iphae, a trajetória pela salvaguarda do conjunto arquitetônico erguido por Assis Brasil no início do século passado para ser a residência de sua família, tombado em 1999, se desenvolve há mais de 30 anos”, diz a secretária.
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Novos proprietários acompanharam visita
A visita de Beatriz foi acompanhada pela equipe da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac). Segundo o governo do Estado, cabe à equipe da Sedac avaliar a construção, bem como seu acervo de bens móveis, “no sentido de indicar as intervenções mais urgentes e procedimentos corretos para a conservação do local”.
Membros da família Segat acompanharam a visita juntamente com o prefeito de Pedras Altas, Luiz Alberto Soares Pedomo (Partido Progressistas – PP), o presidente da Câmara de Vereadores, Arildo Madruga Medeiros (PP), e a bisneta de Assis Brasil, Lydia Assis Brasil.
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Granja e Castelo de Pedras Altas
A Granja de Pedras Altas foi o grande projeto pessoal de Assis Brasil, político, diplomata, produtor rural e intelectual gaúcho. Ele pretendia provar que um pequeno pedaço de terra poderia ser tão produtivo quanto uma grande propriedade, se fossem usadas técnicas modernas e racionais.
Para desfazer o mito da rusticidade da vida no campo, Assis Brasil construiu uma moradia confortável, em forma de castelo medieval, inaugurada em 1912, onde instalou uma grande biblioteca com obras raras e diversificadas.
Diversas iniciativas a favor da salvaguarda do conjunto arquitetônico da Granja de Pedras Altas ocorreram ao longo dos últimos 30 anos e já envolveram a articulação entre diversas instituições do Estado e da sociedade.
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Fotógrafo santa-mariense visitou Castelo em 2020
O castelo foi tombado em 1999, porém, o tombamento dos bens móveis só ocorreu em 2009, incluindo uma extensa lista de mobiliário, adornos, esculturas, lustres, louças, pratarias, quadros, tapetes, livros e documentos, entre outros objetos que pertenceram a Assis Brasil.
Algumas fotos que ilustram este texto foram feitas pelo morador de Santa Maria Athos Ronaldo Miralha da Cunha durante visita em setembro de 2020. Engenheiro civil e funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal (CEF), Athos Miralha tem a fotografia como um dos seus hobbies.
(Com informações do governo do RS)