Paralelo 29

Descoberto na região o mais antigo precursor dos dinossauros da América do Sul

Ilustração/Caetano Soares

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) descobriram o mais antigo precursor dos dinossauros da América do Sul. Na última terça-feira (2), eles publicaram um estudo do novo exemplar fossilizado no periódico científico Gondwana Research.

Já se sabe que o Brasil, junto com a Argentina, detém os registros mais antigos de dinossauros do mundo, com cerca de 233 milhões de anos. Por outro lado, os depósitos sedimentares argentinos preservam também animais que são considerados ancestrais próximos dos dinossauros.

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Ajudando a entender os dinos

Esses animais ajudam a entender como se deu a origem dos dinossauros, quais as características que foram mais importantes durante o início da evolução do grupo e quando que os “verdadeiros” dinossauros podem ter surgido.

Escavados em rochas com 236 milhões de anos no noroeste da Argentina, tais criaturas são geralmente pequenas, com pouco mais de um metro de comprimento.

Enquanto que o registro de precursores dos dinossauros em rochas mais antigas do que aquelas que preservam os primeiros dinossauros é relativamente abundante na Argentina, aqui no Brasil não existem registros claros até o momento. Na verdade, não até esta semana.

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Dona Francisca, o berço da descoberta

Um novo exemplar escavado no município de Dona Francisca,  na região central do estado do Rio Grande do Sul, revelou algumas características vistas apenas no grupo que deu origem aos dinossauros.

O exemplar foi estudado pelo paleontólogo Rodrigo Temp Müller, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM), e pelo estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM Maurício Silva Garcia. O estudo foi publicado no periódico Gondwana Research

Escavações em sítio fossilífero do Rio Grande do Sul, em Dona Francisca/Foto: Janaína Brand Dillmann, Divulgação

O fóssil é composto por um fêmur (osso da coxa) com 11 centímetros de comprimento e carrega traços anatômicos que permitem classificá-lo como um dinossauromorfo. Este grupo de animais é o que inclui os dinossauros e seus ancestrais próximos.

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Registro mais antigo de dino na América do Sul

No entanto, o mais interessante é que o fóssil foi escavado em um sítio fossilífero com pouco mais de 237 milhões de anos, o que configura como o registro mais antigo desse grupo de animais para a América do Sul.

Assim, além de preencher a lacuna que existia no Brasil em relação a esses animais, o fóssil também revela que os ancestrais dos dinossauros viveram na região pelo menos 1 milhão de anos antes do que se imaginava.

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Quarta Colônia, Tanzânia e Zâmbia

Em relação ao resto do mundo, apenas alguns precursores dos dinossauros encontrados na Tanzânia e na Zâmbia podem ser ligeiramente mais antigos do que o exemplar brasileiro.

Entretanto, uma série de estudos tem indicado que os registros desses dois países do continente africano podem, na verdade, ser mais recentes. Sendo assim, é possível que o material brasileiro corresponda ao registro corpóreo mais antigo de um dinossauromorfo do mundo.

Precursor dos dinossauros descoberto no Brasil (Infográfico: Maurício Silva Garcia. Fotografia/ Rodrigo Temp Müller, Divulgação

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Numa terra de gigantes

É interessante observar também que o novo exemplar foi descoberto em um sítio com grande abundância de outros répteis. Estes outros animais foram muito maiores e mais abundantes naqueles ecossistemas.

Como, por exemplo, o predador de grande porte Prestosuchus chiniquensis (um parente muito distante dos crocodilos), que chegava a atingir cerca de 7 metros de comprimento.

Já o novo fóssil, teria pouco menos de 1 metro de comprimento, de acordo com o tamanho do fêmur. Isso revela que os ancestrais dos dinossauros passaram por muitos desafios até se tornarem grandes e dominar os ecossistemas durante os períodos seguintes da história da vida na Terra.

(Com informações do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica – Cappa/Universidade Federal de Santa Maria)

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