Paralelo 29

CRÔNICA: Cuidado, livros!

Foto: João Alves, SEC, PMSM

DIOMAR KONRAD – Publicitário

A embalagem de uma das editoras da cidade traz a expressão acima, para a qual achei mais conveniente acrescentar uma vírgula e um ponto de exclamação, enfatizando melhor o texto. Certamente quem teve a ideia de colocar esta frase não se deu por conta da dimensão da mesma, que vai muito além do simples aspecto físico de proteção dos mesmos, visto que é muito perigoso mesmo ter contato com livros. Como sugestão, pode-se acrescentar a palavra “inflamável” na caixa, já que certas leituras costumam incendiar a mente da pessoas.

48% dos gaúchos não têm o hábito de ler, diz pesquisa

Entendendo o perigo iminente que cerca este produto, notadamente subversivo, temos que enquadrá-lo como carga perigosa a ser transportada em rodovias, acrescentando este item na referida lei.

Não se espante se um dia visualizar tal matéria em nossos periódicos: “Carga de livros tomba na estrada. Moradores da região, desavisados, tomaram contato com o produto e levaram para casa. Muitos não pararam de ler até a última página. As autoridades alertam: seu conteúdo é extremamente perigoso. Mantenha afastado de crianças leituras que questionam o sistema. Não há como calcular os danos ambientais, pois quem pegou gosto pela leitura agora deixou de ser conformista e está tentando mudar o lugar em que vive. Empresa terá que pagar multa por não ter o devido cuidado com produtos de uso restrito. Um desastre. Uma tragédia. Anos serão necessários para que a situação de ignorância, perdida no episódio, volte à normalidade”.

CRÔNICA – Envolvimento sustentável

Estou pensando no assunto quando passo pela livraria e vejo centenas de livros nas prateleiras. Será que a fiscalização faz vista grossa para este fato? Alguns títulos são extremamente perigosos e podem fazer mal à saúde de quem acreditava em Papai Noel. E o pior: não existem obrigatoriedades de dizeres nas capas, alertando o consumidor. Fica a sugestão: “Este livro pode fazer você ver o mundo de outra maneira. Leia com cuidado.” “Este livro causa potência mental. Consuma-o com moderação.”

Depois, repensando sobre o assunto, cheguei à conclusão que, de certa forma, as autoridades e o mercado criaram maneiras inteligentes de frear o seu consumo indevido, através de preços inacessíveis para a maioria da população e falta de incentivo à leitura. Mesmo assim, a placa “Cuidado, Livros!” deveria ser obrigatória.

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