BELINDA PEREIRA – Psicóloga
Dia desses ouvi de um pai que seu filho não queria ir na escola pois estaria sofrendo bullying de alguns de seus colegas por “falar diferente”.
Neste caso, a família veio de outro país e mora há 3 anos em Santa Maria. Na escola, assim como em outros lugares, não é estranho encontrarmos uma pluralidade cultural, étnica e também de condição socioeconômica. E é essa diversidade que, muitas vezes, é alvo de bullying. A escola não fica longe dos vários tipos de violência.
Em sua intimidade, também existe a falta de respeito que, muitas vezes, é recíproca entre seus pares. E quando falta a razão alguns, infelizmente, partem para a pancadaria, sem contar na destruição do patrimônio escolar, no qual a pichação se faz solidária.
É a violência em suas variadas formas que também marca presença nas relações entre pais e filhos, cônjuges, amigos, patrões e empregados, a qual causa danos físicos e psicológicos aos que são alvos.
Nada estranho até aqui, pois vive-se em uma sociedade cada vez mais agressiva e excludente e tudo e todos que se apresentarem fora das normas, hora ou outra pagarão por suas diferenças.
O lado fantasmagórico desta trama é a falta de conhecimento, que leva muitos a sair por aí pregando, e o tribunal do facebook não deixa dúvidas, de que a violência pertence aos sem-teto, aos drogaditos, aos sem-família ou às escolas públicas; afinal de contas, para o senso comum a violência faz morada somente na vida dos menos favorecidos. Seriam esses os únicos “culpados” pela violência e a perda de referenciais morais e éticos?
Velhice, o último evento da vida
Obviamente que não, pois a violência também faz morada na vida dos mais abastados. Quem nunca, pelo menos uma vez que fosse, ironizou, ofendeu, xingou, gritou, excluiu, isolou, fez chacota ou piada, fez uso de apelido pejorativo, humilhou, chantageou ou expôs as dificuldades de alguém e saiu se sentindo satisfeito e até mesmo vitorioso, que atire a primeira pedra.
Vale salientar que estas e outras intimidações nem sempre podem ser interpretadas como bullying. Devemos ficar atentos para a frequência e a intensidade com que acontecem. O desfecho da história de muitos oprimidos às vezes termina de forma trágica.
ARTIGO: A dor de ser pai e de ser mãe
Alguns tomados pelo sentimento de vingança resolvem fazer justiça com as próprias mãos e a escola é o cenário escolhido; afinal de contas, foi ali que tudo começou e por que não, colocar um ponto final ali mesmo, enquanto que outros voltam-se contra si e atentam contra sua própria vida.
A união entre pais, professores, alunos e sociedade de modo geral é a chave que, se virada, pode evitar esse tipo de violência que assombra os bancos escolares. Pense nisso e ajude a virar essa chave você também.