JOÃO MARCOS ADEDE Y CASTRO – Promotor de Justiça aposentado, advogado e escritor
Participei, como Promotor de Justiça Eleitoral, de várias eleições em que o voto era em cédulas de papel que eram depois manuseadas por centenas de pessoas para efeitos de contagem durante dias e noites cansativas.
Confesso que experimentei um estranhamento quando foram implantadas as urnas eletrônicas, que, de início, recebiam os votos em disquetes que, após o encerramento da coleta, eram inseridos em um computador e “enter”.
Senti que minha fiscalização da contagem era meio ridícula, porque eu não via o voto, mas o tempo passou e todas as autoridades de informática sérias do mundo sempre garantiram que o sistema era seguro.
De informática nada entendo, sou apenas um digitador “meia boca” de meus textos e petições. Por isso, acredito nos técnicos que dizem que o sistema é confiável. Não concordo com tudo que o TSE diz, mas me nego a acreditar que as urnas eletrônicas sejam uma conspiração para fraudar as eleições.
Afirmar que as urnas eletrônicas são inconfiáveis apenas porque “eu acho”, com base em coisa nenhuma, em ausência absoluta de prova técnica, serve apenas para “lacrar” na mente e na cabeça dos profetas insanos das teorias de conspiração e justificar eventuais derrotas eleitorais.
Promotor aposentado e advogado é mais uma novidade do Paralelo 29
Tudo que o homem faz o homem pode desfazer, mas eu tenho que ter elementos técnicos sérios e cientificamente comprovados de que “o prédio vai cair”, sob o risco de não passar de um bobo alegre e mal-intencionado.
Eu sempre disse que o que mais me preocupava não era o ignorante, porque esse tem a desculpa da ignorância, mas sim os maus cidadãos, que têm ciência das bobagens que dizem e continuam dizendo-as por interesses escusos.
Eu confio nas urnas eletrônicas e na democracia do voto, mesmo quando eu não concordo com o resultado. Não seja um dos que ficam repetindo teorias incomprovadas nascidas na internet, a lixeira da sociedade.