ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – Escritor
O Internacional tem a capacidade de iludir o torcedor com certa facilidade. O time tem um gráfico volátil de resultados. Faz atuações de encher os olhos e logo em seguida comete um fiasco de esvaziar os olhos.
Na maioria das vezes os fiascos são fatais. Como fatal a derrota nos pênaltis para o FBC Melgar. E esvaiu-se o sonho da Sul-Americana. Mas a goleada contra o Fluminense no jogo seguinte acorda nossas ilusões.
As análises das derrotas são mais filosóficas e psicológicas do que táticas. Faltou engajamento da equipe, espírito esportivo e respeito diante da história do clube. Faltou a concretude disciplinar para a vitória. Um grande time tem que vencer, e a equipe do Inter não se porta como grande time quando a peleia é decisiva.
Eu daria aulas de história para estes jogadores. Eles precisam conhecer de onde veio o Inter, porque que foi fundado e por quem foi fundado.
Estes deslumbrados e medianos jogadores precisam entender a grandiosidade do Inter e do Beira-Rio. E sentirem o peso da camiseta. Usar o manto colorado é para poucos. Então, quando vestir a camiseta do Inter, trate de suar sangue, meu caro atleta de Cristo.
Estas elucubrações nos levam a pensar em pré-requisitos para entrar em uma equipe de futebol do tamanho do Internacional. No meu caso, quesitos bem particulares.
Eu sou meio invocado com as músicas que os jogadores pedem no Fantástico: ou é sertanejo ou é gospel. Uma única vez foi solicitado um rock e o Leandro Damião somou pontos na minha cartilha.
Volta, Damião!
Então, comecei a avaliar os atletas pelo gosto musical. E elaborei alguns pontos para quando eu for o treinador.
Evidentemente, o primeiro quesito seria o gosto musical. Se ouve sertanejo e gospel, não teria a mínima chance de ser titular. Salvo o sertanejo raiz, bem entendido.
Se o atleta curte Los Olimareños, Mercedes Sosa e Cenair Maicá, escolherá a posição e o número da camiseta. Nem precisaria saber chutar uma bola.
Se usa brinquinho de diamante e tem o corpo bordado de tatuagem, vai ter que se esforçar muito nos treinos. Eu sou um treinador ultraconservador.
Se, por ventura, no hall de hotel, o jogador estiver lendo Jorge Amado, será escalado imediatamente. E se considera Maradona melhor do que Pelé… titularíssimo!
Ainda colocaria mais dois itens na minha estratégia de vitórias. A numeração de 1 ao 11 para os titulares e a chuteira preta. Sem essa de meia-esquerda jogar com a camiseta 88 e o ponta com a 47.
O dia em que a poesia derrotou um ditador
Na minha opinião. o péssimo desempenho nos últimos campeonatos está estritamente ligado às chuteiras multicoloridas dos atletas. Principalmente os gajos do Clube do Povo. Vejam as cores das chuteiras do Rolo Compressor e do Inter de setenta. Havia alguma chuteira verde fosforescente? Não.
É, mas o Rolo Compressor tinha Nena, Tesourinha e Carlitos, e o Inter de 70 tinha Manga, Figueroa, Carpegiani e Falcão. Cá, entre nós, isso é apenas um detalhe na história. [rsrs]
Que sirva o resto do ano de 2022 como pré-temporada para 2023. E com chuteira preta.
E eu nem comentei sobre os cortes de cabelo…