BELINDA PEREIRA – Psicóloga
Sempre ouvi falar que política é coisa de homem ou especialistas no assunto. É compreensível, até por que não faz tanto tempo que nós, mulheres, adquirimos direito ao voto.
Foi apenas há 90 anos que fomos autorizadas a votar em nosso país. Atualmente, somos apenas 15% na Câmara dos Deputados, 13% no Senado e nas assembleias estaduais somamos 161.
Então, foi somente a partir daí que passamos a fazer política e nos tornamos agentes capaz de transformar a sociedade em que vivemos? A resposta é não, se entendermos que a política está relacionada com tudo que diz respeito a nossa vida em comum.
Não é necessário sermos vereadoras, deputadas, senadoras, prefeitas, governadoras ou presidentas da república para fazer política. Estamos sempre fazendo política quando lutamos em defesa da proteção dos animais; quando fazemos parte de alguma associação; de Ongs; do círculo de pais e mestres da escola; do grupo da igreja; quando ajudamos na pintura da escola; quando participamos na distribuição de comida para quem não tem; contribuímos com a campanha do agasalho, com algum asilo de idosos, com crianças abandonadas ou defendemos a floresta amazônica.
Não precisamos ir muito longe. Fazemos política dentro de nossa casa também, quando precisamos negociar com algum familiar algo que queremos, como interceder para que a filha faça a tão sonhada viagem, a sogra venha passar uma temporada, uma ajuda financeira para a cunhada, onde serão as férias do ano, decidir se compramos uma casa ou apartamento, com quem as crianças vão ficar quando o casal decidir ter um momento a sós ou com quem vão ficar os filhos no caso de uma separação.
É interessante pensar que a política está tão enraizada na nossa vida que nem notamos. E quando decidimos que “estas coisas de política não têm nada a ver comigo”; que “político é tudo sem-vergonha”, “político é tudo corrupto”, “é por isso que decidi anular ou votar em branco”, “já votei várias vezes e não vi nada mudar”.
Quando assim agimos, também estamos fazendo política. Não vamos nos safar não, pois estamos dando poder aos outros para decidir por nós e muitas vezes estamos decidindo para que nada mude.
As eleições estão chegando e muitas mulheres serão eleitas. Não devemos nos iludir ao pensar que ao colocar elas no poder será a garantia de que todos os direitos referente a nós mulheres serão atendidos, pois nem todas as que forem eleitas defendem as mesmas causas que eu, que você, que fulana ou beltrana. Somos diferentes umas das outras.
O que importa é que, ao elegermos as nossas representantes ou quando fazemos política em nosso dia a dia, as nossas vozes sejam ouvidas e respeitadas. E você aí, já pensou em se candidatar? E quais seriam as suas propostas?