Santa Maria e municípios da Região Central do Estado ainda não registraram nenhum caso positivo da varíola do macaco, também conhecida como Monkeypox. Mas para elucidar as causas do vírus, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, realizou uma capacitação para os servidores que trabalham na área da Saúde do Município.
Médicos, enfermeiros e técnicos acompanharam a live que foi transmitida na noite desta segunda-feira (22). A iniciativa proporcionou conhecimento e diálogo a respeito do vírus.
O coordenador do Núcleo de Educação Permanente do Município, Fábio Mello da Rosa, fez a mediação da capacitação Mokeypox que contou com a presença virtual de dezenas de profissionais e representantes da secretaria.
No início, a secretária-adjunta da Saúde, Ana Paula Seerig, cumprimentou os participantes e falou da importância de saber como o vírus se propaga para poder atender e orientar os pacientes.
“É de fundamental necessidade oportunizar esse espaço para debater essa patologia, que é algo novo. Como profissionais da saúde, precisamos estar atentos às situações e acolher os pacientes com muita atenção. Por isso, estamos nos antecipando para poder entender melhor como esse vírus age no organismo humano. Essa parceria e participação dos colegas nos deixa mais preparados e atentos para darmos os devidos encaminhamentos aos pacientes que acessam os serviços da rede de atenção, se houver casos suspeitos do Monkeypox em Santa Maria”, disse Ana Paula.
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Surgimento do vírus
O médico infectologista e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alexandre Vargas Schwarzbold, foi o convidado para falar sobre o Monkeypox. Ele fez um breve histórico do surgimento do vírus, mostrou dados e respondeu perguntas dos servidores.
“A epidemia Monkeypox não se assemelha a uma doença respiratória como é a Covid-19. Essa doença surgiu na década de 50, quando macacos estavam em cativeiro na África Central e na Bacia do Congo. Atualmente se sabe que há cerca de mais 30 mil casos confirmados no mundo. Depois dos países europeus, o Brasil é um dos mais acometidos com casos positivos de varíola. O primeiro surto na América foi conhecido em 2003 após serem constatadas importações de roedores da África, que são grandes vetores da transmissão do vírus”, explicou Schwarzbold.
“O Monkeypox causa sintomas respiratórios, lesões cutâneas e febre, por exemplo. Inicia com a formação de bolhas pelo corpo e evolui para lesões maiores. Entre as causas de velocidade da disseminação do novo vírus estão mutações, transmissão através de relação sexual sem o uso de preservativos, por exemplo. A doença é transmitida geralmente na fase aguda pelo contato através de abraço, beijo e também pela secreção. Após a pessoa ser infectada, a lesão se dissemina para o corpo de maneira gradual. Por isso, é necessário trabalhar a orientação e cuidado, principalmente para a população atingida”, acrescentou o infectologista.
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A doença no mundo
O infectologista também apresentou dados atuais anunciados pelo Ministério da Saúde até domingo (21), em que o Brasil tinha 3.788 casos confirmados, superando o Reino Unido e a Alemanha, com 3.081 e 3.266 casos, respectivamente. Estados Unidos têm mais de 14 mil casos e Espanha contabilizava 5.792 infectados até a semana passada. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, outros 4.175 casos são considerados suspeitos e aguardam resultado do exame RT-PCR para confirmar ou descartar a doença. Já conforme divulgado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), são 29 casos de varíola confirmados e 64 em investigação.
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Plano de Contingência Estadual
O médico epidemiologista da Prefeitura, Marcos Lobato, que também participou da live, lembrou sobre o processo de definição de casos na vigilância e o Plano de Contingência Estadual.
“Os profissionais da saúde devem atentar para o rastreio e o monitoramento também das pessoas que estiveram em contato com os pacientes positivados. O vírus causa erupção cutânea aguda em qualquer parte do corpo, incluindo região genital, perianal ou oral. Devido à transmissão de pessoa para pessoa, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é o isolamento e a busca por pessoas que tiveram contato com o paciente diagnosticado com a varíola para fazer a quarentena que é de até 21 dias, período de transmissão da doença. Importante destacar que o tratamento ainda passa por estudos e é feito através de medicamento antiviral”, pontuou Marcos Lobato.
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Perguntas e respostas
Após as explicações dos especialistas, houve espaço para perguntas e esclarecimentos dos cuidados no acolhimento dos pacientes suspeitos e a necessidade dos profissionais estarem devidamente protegidos durante o atendimento, utilizando luvas, máscaras e jalecos, além da atenção ao se fazer a coleta da secreção para análise laboratorial.
A agente administrativa do setor de Epidemiologia, Denise Dorneles, fez considerações a respeito do fluxo e a importância da notificação do diagnóstico, e o superintendente da Vigilância em Saúde, Alexandre Streb, também compartilhou informações com relação a procedimentos em casos suspeitos e positivados.
“Após a consulta e avaliação do profissional, é realizada a coleta da amostra da doença para ser enviada para laboratório. Assim que o caso for confirmado, o médico deve comunicar o resultado para a Vigilância em Saúde do Município que irá acompanhar a pessoa diagnosticada com a varíola, a evolução e o tempo que vai durar a doença”, informou Streb.
Durante a capacitação, a enfermeira do Núcleo de Educação Permanente em Saúde (Nepes), Tamiris Pugin, comentou que essa foi uma primeira conversa de muitas que devem ocorrer para levar esclarecimentos à Rede de Atenção à Saúde do Município.
(Com informações da Secretaria Extraordinária de Comunicação da Prefeitura de Santa Maria)