ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – Escritor
Gostaria de comentar sobre o perfil dos candidatos a presidente e vice. E o que representa, no panorama atual da conjuntura brasileira, cada duplinha apresentada.
Lá no início do ano, sem as atuais definições, quais seriam os perfis dos candidatos que melhor representariam a sociedade brasileira? Quem seriam os candidatos, realmente, propositivos de uma nova política para merecer nosso voto?
Diante da agruras atuais e pós-modernas, eu diria que contemplaria uma chapa com mulheres, negros, indígena, LGBTQIA+ e a todos aqueles que propõem reflexão e discussão sobre os temas pertinentes aos anseios dos brasileiros. São tantos os temas pertinentes aos anseios dos brasileiros que contemplo a todos com a palavra inclusão.
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A candidatura extrapolaria o ser ali exposto. A história e a estampa da figura seriam o símbolo do que a coligação ou partido representa e propõe. Tu olhas para a figura e diz: esse é o cara! Essa me representa!
No entanto, não basta termos o discurso favorável a maior participação das mulheres. Não basta discursar contra a homofobia, o racismo e o preconceito. Temos que colocar em prática. E nesse sentido seria de importância fundamental, na chapa majoritária, a indicação de mulheres, negros, indígenas etc…
Acho bem simbólica a candidatura de uma cadeirante para vice-presidente. Acho bem simbólica a candidatura de uma indígena para vice-presidente. O povo brasileiro estaria sinalizando para o mundo: nós queremos mais inclusão. Nós estamos preocupados com acessibilidade. Nós queremos dar voz aos povos originários. Nós estamos preocupados com o meio-ambiente.
Mas no final da história ou da eleição, jogamos às favas os simbolismos, representatividade ou protagonismo das minorias. E nos restou a polarização de duas candidaturas encabeçadas por homens brancos.
A eleição se tornou uma briga de duas torcidas e nós teremos que escolher em qual torcida estaremos para salvarmos o que resta de decência neste país. É o novo normal ou anormal da política.
Eu preciso colocar a palavra patriarcado em algum lugar para algumas pessoas sentirem urticárias. Coloquei!
Enfim, damos vivas ao pragmatismo para salvarmos a democracia, porque achamos que ela corre risco de morte.
Você sabe como morrem as democracias?