ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – Escritor
Uma simples e despretensiosa atitude que tomamos hoje pode refletir, no futuro, de forma drástica ou plácida. Tudo vai depender das nossas escolhas. Essa decisão que vamos tomar, logo em seguida, é um dos exemplos que podem reverberar no que queremos para nossos filhos e netos. Sendo mais imediatista, o que queremos para o Brasil nos próximos quatro anos.
Li em algum lugar, nestas bandas virtuais, que devemos votar naquele que mais se parece com a gente. É uma boa sugestão para filtrar quem deverá receber o voto.
Afinal, o voto no segundo turno é por exclusão. Não devemos titubear, pois o extremismo político ou fundamentalismo religioso não é um ato institucional. Não se consolida do dia para a noite.
É um processo. É uma evolução ou involução da política e da fé e que poderá ser as causas dos atos institucionais – como conhecemos num passado não tão distante.
Eu tenho mais receio do fundamentalismo religioso do que o extremismo de direita. Se bem que não sei onde acaba um e começa o outro. A bem da verdade eles andam juntos e se ajustam com seus respectivos complementos: o fundamentalismo e o extremismo.
O grande impasse atual do Brasil está na conta dos convictos e dos convencidos. Os convictos e os convencidos olham para a esquerda e enxergam somente comunistas e membros do Foro de São Paulo.
Os convictos e os convencidos olham para a direita e enxergam somente fascistas e Hitler em potencial. Nesta simplificação ideológica é que mora o perigo. E que cega os menos afoitos, os que estão politicamente desacelerados.
Um exemplo aqui na província de São Pedro: a candidatura “Torcedor do Flamengo” carimbou a testa da candidatura “Senhora do Agro” como comunista e se elegeu com larga vantagem sobre a candidatura “Galo da Bossoroca” que ponteava as pesquisas.
A tão propalada chapa que vai transformar o Brasil numa Venezuela ou numa Cuba de Fidel fez tantos acordos em direção ao centro que os socialistas estão envergonhados engolindo picolés insossos. Só os ficcionistas podem imaginar o Brasil sob o regime de uma ditadura de esquerda.
Qualquer alusão neste sentido fica na seara do devaneio. Nesta condição, Lula não representa somente o PT e, sim, uma ampla frente pela democracia com um largo leque de apoios.
Quem está na centroesquerda do espectro político entende que o Brasil vai seguir em frente democrático e sonhador. Um governo de coalizão. Não enxerga um abalo sísmico na democracia e muito menos nas garantias individuais e no direito de ir e vir.
O imbróglio está na centrodireita, a direita democrática. E ali está bem encrustada o sentimento antipetista. E é compreensível dado o passado recente. Aí o voto sai do campo da direita democrática e vai para a extrema direita que flerta com o regime de exceção. Com o totalitarismo.
Vale uma pequena reflexão junto aos democratas de direita. E é, justamente, sobre a democracia e a liberdade que devemos meditar antes de digitar o voto na urna.
A Simone Tebet justificou muito bem seu posicionamento no segundo turno. Ela continua com as críticas, mas reconhece em Lula a garantia da democracia e o respeito a constituição, coisa que desconhece no candidato Bolsonaro. Vamos combinar que ela não serve para extremista de esquerda. Ela está no campo democrático da ideologia.
Enfim, meditemos sobre democracia, liberdade, constituição, direitos individuais e por que não (?), respeito. Afinal, uma pessoa pode ter falhas, mas é digna de respeito porque sabe respeitar os adversários. Tem respeito com seus concidadãos. O diálogo neste processo todo é fundamental.
E no dia 30 nós vamos eleger o presidente que merecemos. Afinal, todo povo tem o governo que merece.