Uma megaoperação da Polícia Civil gaúcha prendeu, na manhã desta quinta-feira (15), 14 pessoas e apreendeu quase uma tonelada de embalagens falsificadas de agrotóxicos. Entre as cidades alvos da operação estão Santiago, Itacurubi e Cruz Alta, localizadas no entorno de Santa Maria. Também houve ações nos estados do Paraná e na Bahia, onde moram gaúchos.
Batizada de Operação Hórus, a investigação da Polícia Civil desmantelou uma organização criminosa que comercializava e falsificava agrotóxicos de uso proibido no Brasil. A quadrilha operava no Rio Grande do Sul, no Paraná e e na Bahia.
A Polícia Civil executou mais de 160 ordens judiciais, entre elas 11 mandatos de prisão preventiva de pessoas apontadas como chefes da organização. Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em residências e empresas em 15 cidades gaúchas, uma no Paraná e cinco na Bahia.
Os policiais também executaram 22 mandados de busca e apreensão de veículos usados ou adquiridos pela organização criminosa. Por fim, a Polícia Civil cumpriu mais 37 mandados de sequestro de bens e dinheiro (rendas) e de suspensão de CNPJS de empresas que atuariam como laranjas no esquema.
CIDADES ALVOS DA OPERAÇÃO
NO RS
- São Luiz Gonzaga
- Santo Antônio das Missões
- Roque Gonzales
- Bossoroca
- Santiago
- Itacurubi
- Passo Fundo
- Marau
- Palmeira das Missões
- Nova Ramada
- Santo Ângelo
- Giruá
- Huimatá
- Tiradentes do Sul
- Cruz Alta
NO PARANÁ
- Marialva
NA BAHIA
- São Desidério
- Novo Paraná
- Luís Eduardo Magalhães
- Barreiras
- Riachão das Neves
A operação policial é resultado de uma investigação realizada pelo Departamento de Polícia do Interior (DPI) e da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas de São Luiz Gonzaga (Draco), que coordenam a Operação Hórus na Polícia Civil do RS. Ambos são coordenados também pelo DPI da SSP e Chefia da Polícia Civil. São Luiz Gonzaga é apontada como sede principal da organização.
No RS, além de 125 policiais civis, participaram policiais da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento, Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura e Instituto-Geral de Perícias. No Paraná e Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento.
Investigação com origem em São Luiz Gonzaga
As investigações da Draco de São Luiz Gonzaga iniciaram há cerca de um ano, a partir de uma demanda da coordenação central da operação Hórus (Ministério da Justiça, em Brasília), juntamente com a Secretaria de Segurança Pública do RS e Chefia da Polícia Civil.
Estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicavam que, desde meados do ano passado, o RS tornou-se a porta de entrada de agrotóxicos ilegais fabricados na China e na Índia, que ingressam no território brasileiro pelos países vizinhos da Argentina e Uruguai.
Essa situação, que representa enorme risco à saúde pública, ao meio ambiente e à economia local e nacional, resultou num trabalho conjunto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que, por intermédio da Operação Hórus e Operação Controle Brasil, mapeou grupos envolvidos e os pontos de ingresso dos agrotóxicos, resultando num trabalho investigativo amplo, que congregou todas as bases Hórus da Polícia Civil (São Luiz Gonzaga, Santiago, Bagé, Passo Fundo e Três Passos).
Sede principal nas Missões
A organização criminosa tinha como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga e se dividia em seis células, que eram compostas por 34 pessoas físicas e três empresas. Dois grupos menores, um deles sediado na zona rural de Roque Gonzales e outro em Humaitá, eram os responsáveis pelo fornecimento dos agrotóxicos proibidos e insumos usados na falsificação.
As outras quatro células do grupo criminoso se dividiam na falsificação dos produtos e embalagens, na venda dos agrotóxicos proibidos e na lavagem da renda do crime por meio de “laranjas”, tendo como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga.
R$ 25 milhões em contas de laranjas
No decorrer das investigações, que contaram também com a participação efetiva dos demais órgãos de segurança pública e fiscalização envolvidos na operação Hórus de grande parte do Brasil, apurou-se que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários de outros setores.
Alguns desses empresários atuavam no ramo de insumos agrícolas, sendo que parte deles movimentou, de janeiro a agosto deste ano, mais de R$ 25 milhões em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e até amantes).
A organização criminosa enviou várias cargas de agrotóxicos ilegais para produtores rurais do Brasil, em especial Rio Grande do Sul e Bahia, sendo que no Estado da Região Nordeste as cargas se concentraram nas regiões de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, região que tem se destacado nacionalmente na produção de grãos, especialmente a soja. É também uma região com muitos gaúchos, inclusive das Missões, onde ficava a principal sede do grupo.
Loja de grife e fábrica de cucas entre as empresas laranjas
A Draco São Luiz Gonzaga monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro arrecadado com a venda criminosa dos agrotóxicos ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, amantes e empresas”.
Segundo a Polícia Civil, entre as empresas que serviam para lavar dinheiro da atividade criminosa destacam-se “uma conhecida loja de roupas de grife, um estabelecimento do ramo de insumos agrícolas e uma pequena indústria de cucas, pães e doces, todas elas com sede em São Luiz Gonzaga.
(Com informações da Polícia Civil)