Paralelo 29

Morre Bento XVI, primeiro papa a renunciar em quase 600 anos

Foto: Valter Campanato, Agência Brasil

O Vaticano comunicou, na manhã deste sábado (31), a morte do papa emérito Bento XVI, o primeiro chefe mundial da Igreja Católica a renunciar em quase 600 anos de história. Aos 95 anos, o pontífice estava recluso e doente desde que renunciou, em 11 de fevereiro de 2013

“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9,34min (5h no horário de Brasília), no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”, diz comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Mateo Bruni, publicado na manhã deste sábado no site do Vaticano.

Na última quarta-feira (28), o papa Francisco comunicou ao mundo que os problemas de saúde de Bento XVI se agravaram e pediu orações para o religioso.

Ala conservadora do catolicismo

Bento XVI, cujo nome de batismo era Joseph Ratzinger, nasceu em Marktl, no estado da Baviera,na Alemanha, em 16 de abril de 1927, um sábado santo, decidiu deixar o papado devido a condições de saúde. Ele se afastou definitivamente da função em 28 de fevereiro de 2013.

Ratzinger pertencia à ala conservadora da Igreja Católica e foi um dos papas eleitos com idade mais avançada. Ele tinha 78 anos, em abril de 2005, quando foi eleito para comandar a Igreja Católica. Bento XVI ficou no cargo por quase oito anos, quando se afastou, aos 85 anos. A partir daí passou a ser papa emérito, uma função que não existia no Vaticano.

Biografia controversa

Primeiro papa alemão em quase 500 anos de História, Bento XVI foi eleito para substituir João Paulo II, hoje santo católico. Ratzinger era filho de um policial e de uma dona de casa e chegou a ser filiado à juventude hitlerista em 1941, cumprindo uma obrigação da legislação alemã do período do ditador Adolf Hitler. Seu pai, segundo algumas fontes históricas, chegou a participar da resistência ao regime nazista.

Com formação em filosofia e teologia, desempenhou várias funções na Igreja Católica, chegando a chefiar o Dicastério para a Doutrina da Fé, um dos órgãos mais importantes da Santa Sé por tratar das questões doutrinárias e dogmáticas da Igreja Católica Apostólica Romana.

Um dos pontos obscuros de sua biografia diz respeito ao silêncio e ao acobertamento de casos de abuso sexual envolvendo membros da Igreja Católica, quando ele era cardeal. Um relatório de janeiro deste ano afirma que pelo menos 497 pessoas foram vítimas de abuso, a maioria meninos entre 8 e 14 anos nas arquidioceses de Munique e Freising, no período em que ele era arcebispo.

Papa Bento XVI durante visita ao Brasil em maio de 2007/Foto: Valter Campanato, Agência Brasil

Visita ao Brasil e encontro com Lula

Em maio de 2007, Bento XVI visitou o Brasil durante cinco dias, passando por São Paulo e por Aparecida por ocasião da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.

O pontífice alemão ficou no Brasil entre 9 e 13 de maio de 2007, mobilizando milhares de fiéis que seguiram em romaria para as cidades de São Paulo e Aparecida.

O líder católico também também se reuniu com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com bispos e representantes de outras religiões, além de ter participado de um encontro com 40 mil jovens no estádio do Pacaembu, na capital paulista.

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