Novo combustível poderá acrescentar até R$ 62 bilhões ao PIB gaúcho
O governo do Estado divulgou, nesta quinta-feira (16), as estratégias que serão adotadas para desenvolver a cadeia de hidrogênio verde (H₂V) no Rio Grande do Sul.
A solenidade de lançamento ocorreu no Instituto Ling, em Porto Alegre, com a presença do governador Eduardo Leite (PSDB) e de secretários estaduais. Até 2040, o novo energético pode proporcionar ao Estado uma alta de aproximadamente R$ 62 bilhões no PIB e 41 mil novos empregos.
Durante o evento, foi apresentado o relatório final produzido pela empresa de consultoria McKinsey & Company (EUA), contratada para estudar as perspectivas do mercado de H₂V no Estado.
A empresa elaborou um plano detalhado para o desenvolvimento econômico do setor, constatando a potencialidade do Rio Grande do Sul.
Ao longo de quatro meses, a consultora levantou dados, entrevistou executivos e especialistas de mercado, mapeou os aspectos distintivos do Estado, as demandas interna e externa, os impactos econômicos e os benefícios resultantes do desenvolvimento da cadeia, como a redução de impactos ambientais. Após essas análises, a McKinsey estruturou as diretrizes para o avanço do H₂V no Estado.
Leite destacou que o estudo da McKinsey respalda a capacidade do Estado para a produção de hidrogênio verde.
“Agora, contamos com um estudo técnico e robusto que comprova nossas condições para desenvolver essa cadeia, propiciando que investidores apostem no Rio Grande do Sul como sede de uma planta de geração de hidrogênio verde”, salientou.
O governador falou ainda sobre os resultados que poderão ser gerados pelo H₂V.
“Com o nosso potencial de energia eólica e solar, temos uma nova oportunidade de geração de riqueza no Estado a partir da produção de hidrogênio verde. Além de cumprir o compromisso com a causa ambiental, esse recurso abre uma nova oportunidade econômica”, avaliou.
“Os efeitos do estudo beneficiarão toda a sociedade gaúcha. O hidrogênio verde vai movimentar a economia e gerar emprego e renda.”
Matéria-prima para vários segmentos
No setor produtivo local, o H₂V poderá ser usado como matéria-prima em refinarias, nos transportes rodoviário, ferroviário e marítimo, em carros de passageiros, na produção de fertilizantes e no aquecimento industrial, dentre outras aplicações.
Algumas dessas aplicações podem atuar como chave para o desenvolvimento da cadeia no Estado, como o uso em refinarias, o aquecimento industrial e o transporte rodoviário, com foco em caminhões. Conforme o estudo da McKinsey, a demanda de H₂V poderá chegar a 2,8 milhões de toneladas em 2040.
A secretária estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, reforçou os diferenciais competitivos do Estado.
”Temos as energias renováveis: mais de 100 gigawatts de energia eólica e solar mapeados. Temos locais propícios, como é o caso do Porto de Rio Grande, que tem infraestrutura e logística apropriadas, além de outros locais que também apresentam essa aptidão. E temos também a vontade política de desenvolver a cadeia produtiva”, enfatizou.
O secretário da Casa Civil, Artur Lemos Júnior, comentou a possibilidade de o Estado se tornar líder na produção de H₂V no Brasil.
“Os estudos da consultoria McKinsey demonstram que o nosso Estado tem, sim, um grande potencial para desenvolver essa cadeia e ser líder no país, com um diferencial: temos mercado interno para suportar o início da produção e, depois, poderemos buscar o mercado externo”, destacou.
O Rio Grande do Sul reúne diversas vantagens para a produção do H₂V, como a sua alta capacidade de produção de energia eólica e solar e a sua infraestrutura logística.
Atualmente, 82% de sua matriz de energia elétrica é renovável, e sua estrutura portuária é propícia para facilitar o escoamento da produção, devido à posição estratégica e privilegiada e à sinergia com diversas cadeias produtivas.
Durante o lançamento, também foi assinado um acordo de cooperação entre o governo e a prefeitura de Rio Grande, onde fica o porto que é o maior distrito industrial do Estado, para a efetivação de ações que priorizem a transição energética e o plano de descarbonização.
O evento contou, ainda, com apresentações de representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do fundo de investimento Sumitomo Corp Americas e das empresas Neoenergia, Enerfín e White Martins, que firmaram parcerias com o governo para realizar estudos ou implementar projetos relacionados ao H₂V.
Também estiveram presentes no ato os secretários de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo; de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp; e de Comunicação, Tânia Moreira; o presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Renato Chagas; o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger; o prefeito de Rio Grande, Fábio Branco; e representantes do Poder Legislativo e do Ministério Público Estadual, entre outras autoridades.
O novo combustível
O hidrogênio verde consiste no hidrogênio gerado por energia renovável, sendo um energético com vasta aplicabilidade e cuja produção não libera gases de efeito estufa, como o gás carbônico (CO₂).
Uma das principais fontes de H₂V é a eletrólise da água, ou seja, a divisão da molécula de água (H₂O) em hidrogênio (H₂) e oxigênio (O₂). Quando a eletricidade usada na “quebra” vem de fontes de energia limpas e renováveis, como a eólica e a solar, tem-se o hidrogênio verde.
Também chamado de hidrogênio limpo, hidrogênio sustentável ou hidrogênio de baixo carbono, o H₂V é visto como alternativa aos combustíveis fósseis, sendo a grande aposta para a transição energética e a descarbonização da economia gaúcha.
O Estado está pautado em uma agenda sustentável, tendo assumindo o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030 e de neutralizá-las até 2050.
A McKinsey projeta que, em 2040, o uso de H₂V pode reduzir as emissões de CO₂ no Rio Grande do Sul em até 8,4 megatoneladas, com maior impacto no transporte rodoviário.