Paralelo 29

A guerra das bexigas

Foto: Reprodução

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

Acho importante escrever sobre as guerras. Refletir sobre a nova ordem mundial e a formação geopolítica em função do massacre da Ucrânia protagonizado por um déspota. [Essa é a parte mais contundente da crônica, para o W Putin saber com quem ele está lidando].

Devemos consolidar argumentos acerca dos conflitos, mas, do meu ponto de vista, sempre pela ótica dos Direitos Humanos. Aliás, podemos escolher várias guerras por esse mundão afora, sempre teremos gente peleando por terra, poder e dinheiro – não, necessariamente, nesta ordem.

E ao analisar corremos o risco de sermos carimbados como amiguinho do imperialismo americano ou partidário do finado pacto de Varsóvia. “Tem quem guenta?” Faz parte desse processo histórico.

Mas temos guerras e guerras.

Escolhi uma guerra que também define uma nova ordem geopolítica e formação de blocos econômicos. Enfim, estas coisas que todo mundo replica depois de assistir a Globo News, CNN e Jovem Pan.

A guerra que eu falo aconteceu em novembro de 1977. Não saberia dizer o período, mas tenho certeza que aconteceu num único dia. Melhor, numa única tarde.

Uma batalha campal travada nos quadrantes das ruas Visconde de Pelotas, Professor Teixeira, Appel e presidente Vargas. Em frente ao colégio Cilon Rosa.

Havia uma pequena pirâmide gramada – hoje ocupado por esculturas – e nesta “coxilha” ocorreu a batalha das bexiguinhas. Não existia o direito humano de ficar seco. E nem a autodeterminação dos alunos. A bexiga corria solta!

Naqueles tempos a solenidade de formatura dos alunos do 2º grau era a guerra de bexigas em que todos vencedores voltariam encharcados para casa. Gatos pingados… pintos molhados.

Nesta guerra sobrava para todos, sem exceção. O importante era ser alvejado com uma bexiga d’água. E não havia derrotados e nem ataques às comunidades civis ou a passantes desavisados. A geografia da guerra ficava circunscrita na “coxilha” e nas quadras de futebol logo adiante.

As quadras e a pirâmide não está mais lá. Não sei se foram anexadas pela OTAM ou pelos comunistas… a verificar com os historiadores de plantão.

A Guerra das Bexigas, a solenidade de formatura do 2º grau dos alunos do Cilon. Depois daquela tarde, num dia qualquer de novembro de 1977, a avenida presidente Vargas nunca mais foi a mesma.

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