Paralelo 29

Quinta dose

Foto: Athos Ronaldo Miralha da Cunha, Arquivo Pessoal

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

Somos todos sobreviventes de um tempo de extremismos. Exageros nas opiniões e brutalidade nas atitudes. Muitas certezas e poucas contemporizações. E estas intransigências se acentuaram com a pandemia. Sobrevivemos, com um pouco de sorte e muita ciência, ao Covid-19.

Um período de apreensão e tomadas de atitudes. E de não tomadas de atitudes. Ausência do Estado e presença de cientistas. Os últimos anos foram de medo e reflexão sobre o futuro da humanidade. Confesso! Eu estou apreensivo com esse futuro.

Após tomar a quinta dose – bivalente e consciente – agradeço por estar entre os vivos e ter a possibilidade de ter a vacina no braço. Estar vivo é uma vitória diante de tantos desmandos.

Por conta da ciência e dedicados cientistas ainda estamos aqui contribuindo para que o mundo seja um pouco melhor. Muitos conterrâneos e “conterráqueos” não tiveram esta chance. E sempre é bom termos em mente os motivos que levaram à morte de tantas pessoas nesse período pandêmico.

Nunca é demais lembrar e orar por aqueles que não tiveram a mínima possibilidade de se proteger do vírus. Se ainda estamos vivos devemos agradecer à ciência e aos programas sociais de vacinação em massa, no caso o SUS e seus trabalhadores em saúde que espraiaram a vacina para os braços dos brasileiros. Um viva ao SUS!

Aprendi desde criança o valor da vacina. A primeira que tomei foi lá nos anos 60 e foi um tiro de “pistola” no braço. Os brasileiros reconhecem a vacina como prevenção. Esse é o nosso histórico e não o negacionismo. Eu ainda guardo a minha carteirinha já amarelada.

Temos que ter sabedoria para reconhecer na ciência o caminho da nossa saúde. E para ser sábio não precisa ser doutor da USP, basta ter a capacidade de ser minimamente inteligente e bem informado.

A ciência é comedida, dialética, e a ignorância é taxativa. A ignorância é o martelo dos leilões. Porque em alguns momentos a ignorância campeia solta nas hostes de ínclitos doutores. Aí eu lembro de uma frase que meu pai dizia com certa frequência: diploma não encurta as orelhas. O velho era um sábio.

Se estivesse ao meu alcance, um cientista receberia o Nobel da Paz. E eu estou em paz com a vacina no braço. E aguardando o momento de chegar a sexta dose. E assim sucessivamente.

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