Brigada Militar e Polícia Federal fizeram escolta de Luciano Schuch após manifestação estudantil
O reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luciano Schuch, saiu escoltado do campus da instituição, na noite desta segunda-feira (3), após o término de uma reunião para negociar a desocupação da Reitoria. À tarde, universitários contrários à volta do vestibular ocuparam o prédio da Reitoria.
Liderados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), os manifestantes exigiram uma reunião com o reitor, que teria se negado a receber representantes da entidade, alegando que não havia nenhum encontro marcado. Em protesto, um grupo de estudantes invadiu e ocupou a Reitoria.
O reitor deixou o Campus com a proteção de policiais militares, policiais federais e seguranças da UFSM. Na saída, antes de entrar no carro, Shuch ouviu vaias e gritos de “covarde”.
Impasse e ocupação
Ainda à tarde, a Reitoria havia divulgado uma nota em que afirmava que não se manifestaria sobre a discussão de retorno do vestibular e do processo seriado, que deverá ser votada nesta quarta-feira (5), a partir das 8h30min, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFSM.
A votação deveria ter ocorrido na semana passada, mas a reunião, que ocorreu na manhã de quinta-feira (30), foi suspensa devido a um protesto de estudantes, servidores e professores contrários à proposta de reimplantação do vestibular e do processo seriado como formas de ingresso na UFSM.
BM e PF acionadas
Durante a ocupação, Schuch saiu da sala e foi cercado por manifestantes que exigiam ser recebidos. A Reitoria acionou a Brigada Militar e, depois, a Polícia Federal, que chegaram ao Campus e acompanharam os desdobramentos até a saída do reitor e da vice-reitora, Martha Adaime.
Antes da saída, houve uma reunião entre as partes, com a presença de um representante da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm), entidade que representa os professores. A reunião foi convocada para negociar o fim do impasse.
Em uma segunda nota postada na noite desta segunda, no site da UFSM, a Reitoria justifica a decisão de chamar a Brigada Militar e a Polícia Federal no Campus.
CONFIRA A NOTA DA REITORIA
“A gestão da UFSM informa que, após ser cercada no Gabinete do Reitor e da Vice-reitora por estudantes que alegavam ter uma audiência pública, chamou a Brigada Militar e a Polícia Federal para acompanhar e garantir a saída do prédio.
A ação só foi necessária pois os manifestantes não permitiram a saída da sala, mesmo após a gestão se colocar à disposição para uma reunião com representantes das categorias no dia de amanhã, 04 de abril, às 11h. A reunião foi recusada e o diálogo ficou inviável, tamanha a falta de respeito demonstrada pelos manifestantes.
A gestão reitera que o diálogo sempre foi premissa da Universidade. No entanto, preza-se pelo diálogo respeitoso, com bom senso e sem ataques pessoais.
Entidades ligadas aos três segmentos são contrárias à volta do vestibular e do processo seriado como formas de ingresso na UFSM“
Reitor marca reunião para esta terça com entidades
De concreto, ficou agendada uma reunião para esta terça-feira (4), às 11h, com representantes dos três segmentos da UFSM. Ou seja, professores, servidores técnico-administrativos e estudantes.
As entidades contrárias ao vestibular e ao processo seriado defendem o atual modelo, que utiliza notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Desde 2014, esse é o sistema de ingresso na UFSM. O argumento é que o Enem/Sisu é uma forma “mais democrática” de acesso ao ensino superior.
Classe empresarial apoia volta do vestibular
De outro lado, a Reitoria tem o respaldo da classe empresarial santa-mariense, principalmente do comércio lojista e no segmento de hotéis e restaurantes, que veem no retorno do vestibular uma oportunidade para melhorar os negócios nos finais de ano.
Antes de 2014, ano em que o vestibular foi extinto, os vestibulandos chegavam a Santa Maria dias antes das provas, muitos deles acompanhados de familiares. Esse contingente acabava gastando no comércio e em hospedagem, o que movimentava a economia da cidade.