Profissional formado na UFSM estava há mais de 30 anos na emissora
A Rede Globo de Televisão demitiu um grupo de jornalistas de ponta, entre eles Marcelo Canellas, que se formou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Dias antes, havia demitido o comentarista esportivo Cléber Machado.
Além de Canellas, a emissora dispensou Eduardo Tchao, Mônica Sanches e Flávia Januzzi.
O diretor do programa Fantástico, Jorge Espírito Santo, o Jorjão, e outros editores e produtores estão na lista de cortes da empresa.
Em princípio, a alegação da Globo para as demissões seria o alto salários desses profissionais. Ainda em março, na mesma leva de Cléber Machado, a emissora havia dispensado Jota Júnior, Sandro Meira Ricci, Ana Helena Goebel e Fernanda Colombo.
Segundo o jornal O Tempo, Canellas era o que, provavelmente, recebia o maior salário da Globo entre os demitidos. Ele estaria sabendo da demissão e, há alguns meses, vinha negociando sua saída da emissora.
Da UFSM a repórter especial da Globo
Formado na UFSM, Canellas tinha 33 anos de Rede Globo, sendo conhecida por suas matérias especiais para o Fantástico desde 2009. Este ano, o jornalista voltou a cidades que tinham saído do mapa da fome nos primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que voltaram a figurar entre os municípios com o maior número de brasileiros sem ter o que comer.
No entanto, o último trabalho de destaque de Canellas na Globo foi o documento sobre a tragédia da boate Kiss, que ocorreu em Santa Maria em 27 de janeiro de 2013. O documentário foi lançado para marcar os 10 anos do incêndio que matou 242 jovens e deixou mais de 600 feridos na cidade em que Canellas se criou e se tornou jornalista.
Grandes coberturas e premiações
Ainda consta na biografia profissional de Canellas a cobertura de grandes fatos históricos, como o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992; o massacre dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996. No entanto, foram as reportagens sobre a fome, em 2001, que deram notoriedade ao trabalho do jornalista no Jornal Nacional.
Canellas ganhou diversos prêmios em sua carreira, incluindo o cobiçado premio Vladimir Herzog, criado em homenagem ao jornalista e militante político assassinado pela ditadura militar em 25 de outubro de 1975, durante uma sessão de tortura no DOI-CODI, aparelho de repressão dos governos militares.
Presença na vida cultural de Santa Maria
Apesar de não morar em Santa Maria há anos, Canellas mantém estreita relação com a cidade, onde tem familiares e amigos. Desde que aconteceu o incêndio da Kiss, ele tem participado de eventos relacionados à tragédia, como em janeiro deste ano, quando completaram-se 10 anos do fato.
Canellas também participação na vida cultural de Santa Maria e é visto como uma espécie de “mecenas”. Em 2016, o jornalista formalizou a doação de um casarão na Rua Floriano esquina com a Rua Ernesto Beck, no Centro de Santa Maria, à TV OVO, uma produtora audiovisual e TV Comunitária criada em 1997, em Santa Maria. Já em 2017, Canellas foi Patrono da Feira do Livro de Santa Maria.
(Com informações do Jornal O Tempo)