ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR
Juanito era o oposto do pai. Centrado e conservador para as facilidades que o mundo oferecia aos endinheirados. Nunca fora esbanjador e mantinha uma vida regrada.
Almejava galgar postos nas empresas da família e ser reconhecido nacionalmente como empresário preocupado com as causas sociais e ambientais.
Trabalhando com afinco as coisas aconteceriam normalmente. O destino não se pode traçar, mas com determinação e muito esforço o sucesso seria inevitável. E era, assim, que Juanito pensava. O filho de um pai galanteador, borracho e perdulário sonhava com poder e reconhecimento.
Concluiu o curso de administração conjuntamente com o de enologia e aos vinte e cinco anos recebeu de seu avô – pai de Don Juan Rigoberto – a incumbência de tocar as empresas.
E foi o que Juanito fez com a ousadia dos jovens e competência de um sênior. Inclusive resolveu ser sócio de uma vinícola. Juanito tinha paixão por vinhos.
Com Juanito à frente dos negócios os avós poderiam partir em paz. Alguém tinha herdado a vontade de trabalhar e construir o futuro das empresas. Ele ouvia muito seu avô e ambos se davam muito bem e tinham desavenças homéricas com Don Juan Rigoberto – o bon-vivant da família.
Podemos afirmar que foi um alento para Don Juan quando Juanito assumiu os negócios. Ele continuaria vivendo sua vida de gastador pouco se importando com as empresas.
– Ele é o único herdeiro. Não vejo problemas que assuma a presidência – comentou com seu pai. Não demostrando contrariedade com o filho na frente dos negócios.
Don Juan não tinha a menor aptidão para o trabalho. Para ele o importante era ter taças e lugares para brindar os vinhos. E mulheres belas como companhia. Logicamente, Don Juan também era apreciador de vinhos. Mas nem mesmo a paixão pelos tintos foi capaz de aproximar pai e filho.
Pouco se falavam, basicamente quando Don Juan precisava de adiantamento do Pró-labore por conta de uma vultosa conta no cartão de crédito. Mas teve um dia em que ambos tiveram que sentar e conversar.