Em entrevista exclusiva ao Paralelo 29, Daniela Felix comenta a demora para o julgamento do oficial que matou modelo de Santa Maria em Santa Catarina
Na próxima segunda-feira (8), a morte da modelo santa-mariense Isadora Viana Costa completará cinco anos. A família da jovem, que tinha 22 anos quando foi encontra morta no apartamento do namorado, em 2018, tem esperanças de que o oficial de cartório Paulo Odilon Xisto Filho, hoje com 40 anos, acusado do crime, vá a júri popular no segundo semestre deste ano e seja condenado.
No dia em que o crime completará cinco anos, familiares e amigos de Isadora pretendem fazer um ato por justiça em Santa Maria. Em memória da jovem, a família optou por uma manifestação com música.
O Ato Justiça para Isadora está previsto para as 19h de segunda-feira (8), no Lux Lounge Bar, na Rua Dr Bozano, 527, esquina com Barão do Triunfo, Bairro Bonfim em Santa Maria. Os músicos Dadá e Renato Mirailh, conhecidos na cidade, estão confirmados.
Xisto Filho está solto e o processo, por feminicídio, aguarda julgamento de recursos interpostos por ele, em Brasília. O Paralelo 29 conversou com a advogada Daniela Felix, que representa a família da modelo no caso. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista exclusiva ao site.
Paralelo 29 – Qual a sua expectativa de que o júri saia ainda este ano?
Daniela Felix – Pela forma como têm sido julgados improcedentes os excessivos recursos do réu, é possível que sim, no 2º semestre.
Paralelo 29 – Por que o caso está demorando tanto para ir a júri?
Daniela Felix – Sob a justificativa da ampla defesa, eles (réu e advogados de defesa) têm se utilizado de todos os meios recursais possíveis para adiar o júri popular.
Paralelo 29 – Existe a possibilidade de, com tantos recursos, essa espera se prolongar?
Daniela Felix – As possibilidades recursais estão acabando.
Paralelo 29 – De quais crimes o réu é acusado?
Daniela Felix – De feminicídio qualificado pelo motivo fútil e sem chances de defesa à vítima.
Paralelo 29 – Se todas as acusações forem aceitas e ele for condenado por todas, quantos anos de reclusão o réu poderá pegar?
Daniela Felix – Impossível prever, mas não menos que 20 anos em regime integralmente fechado.
Paralelo 29 – Existe alguma possibilidade de prescrição (extinção do processo por decurso de tempo sem que o crime seja julgado?
Daniela Felix – Sim, é de 20 anos, mas tem interrupções neste caminho, ou seja, a família e amigas de Isadora ainda verão a justiça processual sendo feita.
Como Isadora morreu
Isadora e Xisto Filho se conheceram no início de 2018, quando começaram a trocar mensagens pela Internet. Depois, eles se conheceram pessoalmente, em Santa Maria, em março daquele, e começaram a namorar. Em 22 de abril de 2018, a jovem partiu de Santa Maria para Imbituba (SC) para visitar o namorado, a convite dele.
Na manhã de 8 de maio daquele ano, ela foi encontrada morta, no apartamento dele, no Centro da cidade de Imbituda. Socorrida pelo Corpo de Bombeiros, Isadora teria morrido após sofrer uma parada cardiorrespiratória.
A versão de morte acidental durou até a tarde de 25 de maio de 2018, quando chegou o resultado da perícia no corpo da vítima, apontando que a causa da morte teria sido “trauma abdominal”. Em suas alegações, o réu chegou a alegar que a jovem teria cometido suicídio.
Diante do laudo final da perícia oficial, o delegado do caso, Raphael Rampinelli, pediu a prisão de Xisto Filho como responsável por agressões que teriam resultado na morte da modelo santa-mariense.
Às vésperas de completar 5 anos, Caso Isadora ainda não tem júri marcado
Laudo aponta lesões no corpo da jovem
Com resplado no laudo pericial assinado por um médico legista, o Ministério Público concluiu que “as lesões traumáticas encontradas no abdômen da vítima, como laceração de vasos abdominais e laceração hepática, foram decorrentes de ação mecânica de alto impacto contra o abdômen e provavelmente repetitiva, compatíveis com múltiplos chutes, joelhadas e socos”.
A defesa de Xisto Filho alega que ele não matou Isadora e que ela teria morrido em decorrência de uma overdose de cocaína. No entanto, o Ministério Público sustenta a tese de que o oficial agrediu a modelo com chutes e socos e ainda alterou a cena do crime.
A promotora Sandra Goulart Giesta da Silva, da 2ª Promotoria de Justiça de Imbituba, acusa Xisto Filho de ter cometido feminicídio contra a namorada por motivo fútil e com uso de recurso que impossibilitou a defesa de Isadora. Afora isso, o oficial de cartório é acusado de fraude processual por modificar a cena do crime “a fim de induzir o perito a erro”.