Paralelo 29

Um homem de ação

Foto: Divulgação

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

Os filmes com temática social e política me atraem sobremaneira. O resgate histórico de quem luta contra o sistema. Os filmes protagonizados por idealistas e sua ação libertária.

E se o período retratado vai de 1940 a 1980, melhor ainda. É nesse intervalo que se enquadram as ações de Lucio Urtubia, num momento da humanidade de grande efervescência com a Guerra Fria e revoluções.

O filme trata da ação de anarquistas diante das injustiças. Aí pulsa uma velha veia adormecida de um anarquista provinciano. Então, chegamos no “Um homem de ação”.

Na tela, Juan Ballesta dá vida a Lucio Urtubia, um anarquista espanhol radicado em Paris. Era pedreiro de profissão, mas falsário na luta política. Falsificava cheques, passaportes e enfrentou o poderoso Citibank. O cara balançou a estrutura do sistema financeiro da época.

Em dado momento da película o anarquista consegue um encontro com o grande revolucionário, num banheiro em Paris. Na breve conversa ele pretende convencer o comandante de que imprimir dólares poderia colocar em colapso o capitalismo.

O revolucionário desencoraja Lucio, não entende como uma ação de revolucionários. Mas colocou, discretamente, uma nota de cem dólares falso no bolso da camisa. Imagino como um chiste do diretor.

– Idiota – foi a expressão de Lucio após a saída do famoso guerrilheiro.

Quico Sabaté – ícone do anarquismo catalão – aparece como personagem nos momentos iniciais. O primeiro contato de Lucio na ação anarquista. Ele considerava o Quico como seu mestre no anarquismo.

Buenaventura Durruti – outro ícone do anarquismo espanhol – também é citado no filme. Uma menção digna de registro.

Estamos convivendo com livros na praça com a “L Feira do livro de Santa Maria”, deixo uma dica de leitura: “O curto verão da anarquia”, romance de Hans Magnus Enzensberger, vale muito a leitura. [A minha edição é de 1987].

“Um homem de ação” é uma bela película para quem gosta da luta popular e de história. Lucio Urtubia morreu em 18 de julho de 2020, em Paris, aos 89 anos.

Ficou conhecido como o bandido do bem. E deixou o livro “A revolução através do telhado”. Assim, encerro a crônica com a segunda sugestão de leitura. Até a “LI Feira do livro de Santa Maria”.

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