Paralelo 29

Agressores de mulheres usarão tornozeleira no RS; na região de Santa Maria, sistema começa em 2024

Foto: Divulgação PC

Projeto inédito tem como objetivo evitar feminicídios

Agressores de mulheres com medidas protetivas de urgência passarão a ser monitorados por tornozeleira eletrônica no Rio Grande do Sul. A medida, inédita no país, visa prevenir feminicídios e foi anunciada nesta sexta-feira (19) pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Em Santa Maria e demais municípios da Região Central, o sistema deve ser implantado em fevereiro de 2024.

Denominado Monitoramento do Agressor, o projeto tem como objetivo evitar que os agressores se aproximem de vítimas amparadas por medidas protetivas de urgência (MPU) deferidas pela Justiça com base na Lei Maria da Penha.

Em ato no Palácio Piratini, Leite assinou o termo de cooperação a partir do qual o Judiciário poderá determinar a instalação dos equipamentos em agressores que demonstrem risco potencial à mulher, que receberá um celular especial para acompanhamento e alertas de segurança.

O governador Eduardo Leite, de casaco e calça azuis, camisa e tênis brancos, assinado um documento sobre um pequena mesa, em uma sala com carpete e parede de ripas de madeira. Ao fundo, outras autoridades envolvidas no projeto observação, ao lado de bandeiras do RS e do Brasil.
Governador Eduardo Leite assinou o termo de cooperação que formaliza implantação do projeto inédito no Brasil para evitar feminicídios / Foto: Gustavo Mansur/Secom

Na solenidade, também foi divulgado o cronograma de implantação e de distribuição (clique aqui) dos dois mil kits de equipamentos adquiridos a partir de investimento de R$ 4,8 milhões do Programa Avançar. O projeto entra em execução nos municípios de Porto Alegre e Canoas e, na sequência, será expandido para os demais municípios do Rio Grande do Sul.

A distribuição da tecnologia está baseada em um modelo de risco para agressores e vítimas de violência doméstica desenvolvido pelo Programa RS Seguro em parceria com a London School of Economics (leia mais abaixo).

O governador Eduardo Leite fala segurando um microfone diante de um púlpito. Atrás dele, bandeiras do Brasil e do RS. Ao lado, brasão do RS em uma peça de acrílico afixada em uma parede de ripas de madeiras.
Governador ressaltou a união institucional para possibilitar o uso de tecnologia que amplie a proteção das mulheres – Foto: Gustavo Mansur/Secom

“Estamos aqui celebrando este avanço nesse entendimento interinstitucional sobre o monitoramento do agressor, porque se nós temos um crime que acontece muitas vezes dentro de casa, sem a capacidade do poder público estar com um policial dentro de cada casa, nós colocamos o Poder Público, através do que a tecnologia nos proporciona, no calcanhar desses agressores”, disse Leite.

“. “É uma forma de estarmos ali presentes. É mais um esforço no entendimento institucional e que temos a convicção de que vai nos dar um suporte importante para fazermos esse monitoramento de forma a reduzirmos esses indicadores”, afirmou o governador.

Secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, fala ao microfone. Ele está de casaco azul marinho e camisa lilás. Ao lado dele, uma mulher de casaco verde, blusa preta, cabelos loiro escuto, observa.
Secretário da Segurança Pública, Sandro Caron ressaltou o ganho que a tecnologia trará para o enfrentamento ao feminicídio – Foto: Gustavo Mansur/Secom

Para o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, o início das operações irá reforçar ainda mais o conjunto de ações que vêm sendo adotadas pelo Estado no combate ao feminicídio.

“Além de trabalharmos pelo fortalecimento das estruturas de segurança, também seguiremos investindo em novas ferramentas e soluções visando o combate à violência doméstica. Este é um crime desafiador que muitas vezes ocorre de forma silenciosa no ambiente familiar. Por isso, as forças policiais estão mobilizadas e atuando de forma integrada para identificar estes casos para reduzir ainda mais os indicadores de feminicídio”, reforçou Caron. 

O projeto é uma iniciativa do Comitê Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher – EmFrente, Mulher, sob a coordenação do RS Seguro, com objetivo de desenvolver uma estratégia pública padronizada para aperfeiçoar a rede de monitoramento de casos de violência doméstica no Estado.

A iniciativa ainda agrega ao sistema de Justiça uma solução tecnológica que possibilita duplo monitoramento, tanto do agressor (tornozeleira eletrônica) como da vítima (telefone celular), contemplando o uso e cruzamento de tecnologias já existentes.

Diretor-executivo do RS, Antônio Padilha, fala segurando um microfone. Ele está de casaco preto e camisa lilás claro. Ao fundo, parede com ripas de madeira e bandeiras do RS e do Brasil.
Diretor-executivo do RS, Antônio Padilha agradeceu o empenho das autoridades envolvidas para concretizar o projeto – Foto: Gustavo Mansur/Secom

“Essa iniciativa, além da importância de oferecer a máxima proteção possível das vítimas de violência doméstica e familiar, traz consigo um enorme simbolismo, na medida em que foi idealizada pelo Estado, no âmbito do Comitê EmFrente, Mulher, em seu sentido mais amplo, com a participação efetiva de representantes de todos os Poderes, além de várias instituições e órgãos, inclusive da sociedade civil,”, destacou o diretor-executivo do RS Seguro, Antônio Padilha.

Análise de dados para otimizar aplicação da tecnologia

O Monitoramento do Agressor busca dar maior efetividade às MPUs, minimizando os riscos e aumentando a segurança das vítimas com a oferta de tecnologia para sua proteção, além da efetiva prevenção contra ocorrências de feminicídios.

Para estabelecer o desenho de implantação do projeto, o RS Seguro assinou, em 11 de setembro de 2021, um termo de cooperação com a London School of Economics (LSE).

Foi criada uma ferramenta de Business Intelligence (BI) para identificar quais mulheres têm mais risco de serem vítimas de feminicídio, visando a priorização das ações protetivas do Estado.

Esse BI auxiliará os juízes a verificarem os casos de MPU que mais necessitam do duplo monitoramento (vítima e agressor). Para o desenvolvimento deste modelo, foram analisados dados individuais e ocorrências policiais em todo Estado do Rio Grande do Sul.

As equipes da Polícia Civil e da Brigada Militar que atuarão no Monitoramento do Agressor já passaram pela fase de treinamento, para a operação e implantação do projeto.

A matriz curricular contou com temas como conceitos e plataforma de monitoramento eletrônico, funcionamento da tornozeleira, testes de uso do dispositivo e simulações.

Eu uma sala com carpete cinza, o governador fala ao microfone diante de um púlpito verde. Ao lado deles, autoridades envolvidas no projeto de monitoramento do Agressor. Ao fundo, parede de ripas de madeiras com brasões do RS em peças de acrílico. À direita, telão com brasão do RS na tela. Diante das autoridades, jornalistas sentados em cadeiras acompanham o ato.
Iniciativa do Comitê EmFrente, Mulher, coordenada pelo RS Seguro, envolve atuação do Executivo, Judiciário e Ministério Público – Foto: Gustavo Mansur/Secom

 CONFIRA O CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO (.pdf 184,27 KBytes)

 CONFIRA A DISTRIBUIÇÃO DOS KITS DE EQUIPAMENTOS POR REGIÃO (.pdf 9,67 MBytes)

Como funciona

  • Mediante autorização da Justiça, a vítima receberá um celular com o aplicativo interligado ao aparelho usado pelo agressor
  • No monitoramento, se ocorrer aproximação à vítima, o equipamento emite um alerta
  • Caso o agressor não recue e ultrapasse o raio de distanciamento determinado pela medida protetiva, o aplicativo mostrará um mapa em tempo real e alertará novamente a vítima e a central de monitoramento
  • Após este segundo alerta, a Patrulha Maria da Penha ou outra guarnição da Brigada Militar mais próxima, irá se dirigir para o local
  • O aplicativo foi programado para não ser desinstalado, além de permitir o cadastro de familiares e pessoas de confiança que a vítima possa estabelecer contato para casos de urgência

Os equipamentos

Em 9 de novembro de 2022, o Estado assinou o contrato com a empresa suíça Geosatis para aquisição das tornozeleiras eletrônicas para os agressores e celulares para as vítimas.

As tornozeleiras são feitas de polímero com travas de titânio, que sustentam mais de 150 quilos de pressão. Caso haja tentativa de puxar ou cortar o artefato, os sensores internos enviam imediatamente sinais de alarme para a central de monitoramento.

O carregador portátil garante carregamento da bateria em 90 minutos, e a carga dura 24 horas. O sistema emite um alerta em caso de baixa porcentagem de carga. 

Sobre uma mesa com tampo de vidro, celular e tornozeleira eletrônica que compõem o kit de equipamentos utilizado no projeto de monitoramento de agressores de mulheres.
Kit possibilita monitoramento simultâneo de agressor e vítima para intervenção imediata das forças de segurança/Foto: Divulgação, Governo do RS

Funcionamento do projeto em Porto Alegre

  • Central de Monitoramento Eletrônico – Avenida Pernambuco, 649/4º andar, bairro Navegantes.
  • Atendimento à vítima monitorada – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) – Rua Professor Freitas e Castro, 700, bairro Azenha. Telefone: (51) 3288-2172.
  • Atendimento ao agressor monitorado – instalacão/desinstalação e configuração do equipamento será realizado nas dependências da CORE – Cidade da Polícia – Avenida Bento Goncalves, 8.855, Bairro Agronomia.

Funcionamento do projeto em Canoas

  • Central de Monitoramento Eletrônico – Avenida Santos Ferreira, 4.321, bairro Estância Velha.
  • Atendimento à vítima monitorada – Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) – Rua Humaitá, 1.120, bairro Nossa Senhora das Graças. Telefone: (51) 3462-6700.
  • Atendimento ao ofensor monitorado – 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, do Departamento de Polícia Metropolitana (DPRM/DPM) – Avenida Doutor Sezefredo Azambuja Vieira, 2.730, bairro Marechal Rondon. Telefone: (51) 3425-9000.

(Com informações de Anelize Sampaio/Ascom SSP e Elisângela Veiga/Ascom RS Seguro)

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