ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR
Em uma das Newsletter de literatura que recebo me chamou a atenção um livro sobre escrita colaborativa. Uma narrativa construída pelas mãos de vários autores.
Não tive dúvidas e cliquei para ler a notícia completa. A minha curiosidade aumentou ao perceber que a obra era elaborada com base nos Dez Mandamentos.
Uma narrativa elaborada com base nos Dez Mandamentos e que cada capítulo tinha como título um dos mandamentos, me soava familiar.
Na realidade o livro ‘Decálogo’ é divido em doze capítulos. E organizado com um prólogo, os dez capítulos de cada mandamento e o capítulo final.
Os dez autores são: Adriana Maschman, Marisa Magnus Smith, Ismael Chaves, Sílvia Meirelles Kaercher, Luciana Konradt, Liz Quintana, Sandro Farias, Mário Augusto Pool, Fábio Ochôa e Gilberto Fonseca que é o organizador da obra literária e escreve o prólogo, o décimo mandamento e o capítulo final.
É um bom e cativante texto. Os escritores mantêm a pegada contribuindo com o enredo e cada um deixa sua marca com uma virada no romance.
É assim que funciona a escrita cooperativada. E é divertida para quem escreve. A abordagem passa pelos temas religiosos, drogas, assassinatos e política corrupta. Bem atual! Há intensidade e envolvimento do leitor no andamento da leitura.
Eu sugiro, para uma futura edição, colocar orelhas no livro – não sei o porquê, mas não gosto de livros sem orelhas – e umas páginas finais com os currículos dos autores.
O livro foi editado em 2023 pela editora Cinco Gatas. Agora eu explico o porquê da minha curiosidade lá no início da crônica. É pela coincidência.
Aqui em Santa Maria em 2004 houve também uma experiência de narrativa com vários autores, ou seja, uma escrita cooperativada de um romance com base nos Dez Mandamentos.
Estruturado de forma semelhante. O romance coletivo tinha dez capítulos e cada capítulo, um dos mandamentos. Eu fiz o primeiro mandamento.
O livro foi editado pela Movimento e foi de grande aceitação no lançamento na feria do livro em 2008. Sendo um dos mais vendidos daquele ano.
E no final do ano também fizemos um grande evento na Feira do Livro em Porto Alegre. Ainda guardo, com carinho, o livro autografado pelo Carlos Jorge Appel – o editor. E teve uma ampla cobertura do jornal A Razão tanto na Feira de Santa Maria com em Porto Alegre.
Uma experiência inusitada para a época. E, posteriormente, em 2010 ainda fizemos o ‘Arquimedes’ também uma escrita cooperativada com base em Ulisses de Joyce.
Muita arrogância nossa fazer uma paródia do Ulisses, mas fizemos. Também uma organização prazerosa e divertida, como afirmei acima, sobre a escrita cooperativada.
A leitura de ‘Os dez mandamentos’ organizado a partir de Santa Maria e o ‘Decálogo’ editado em 2023 pela editora Cinco Gatas vale a conferência. Duas boas leituras. São dois exemplos de literatura colaborativa na criação com o mesmo mote: os Dez Mandamentos.
Enfim, podemos concluir que os ‘Dez Mandamentos’ – o do Moises – pode ser, do ponto de vista literário, uma nova jornada do herói.
Temos dois livros aqui no Rio Grande do Sul criados a partir deste decálogo. O que abre uma brecha para uma terceira narrativa com este roteiro. Quem se habilita?
