Réus, que atuaram em 2021, em Restinga Sêca, são altamente perigosos
Em março deste ano, a Justiça condenou 20 criminosos ligados a uma facção da Região Metropolitana que se estabeleceu em Restinga Sêca, município da Quarta Colônia, na Região Central em 2021. Responsável pela acusação, o promotor Cláudio Estivallet Júnior descreve como “altamente perigoso” o grupo que era liderado por um preso da Região Metropoliana, que mandava ordens por telefone.
A organização, formada por 13 homens e sete mulheres, tinha como líder um preso da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Essa facção mandava pessoas para Restinga Sêca com o objetivo de cometer crimes.
Integrantes de facção
Conforme as investigações, o líder do grupo pertence a uma facção que atua principalmente no tráfico de drogas no Rio Grande do Sul e que é conhecida por atos de extrema violência.
A sentença condenatória saiu em 9 de março deste ano e impôs aos criminosos penas que, somadas, ultrapassam 280 anos de cadeia pelos delitos de organização criminosa e tráfico de drogas.
Os crimes praticados em Restinga Sêca ocorreram entre janeiro e agosto de 2021 e envolveram pessoas altamente perigosas.
“Espera-se que, além da justiça feita, seja a próspera Restinga Sêca agraciada com dias de paz, tranquilidade, longe da violência e da criminalidade que outrora tanto afetaram seus munícipes”, diz o promotor Claudio Estivallet Junior.
Alvos de operação interestadual
Em entrevista ao Paralelo 29, o promotor explica que os criminosos eram mandados da capital para a Quarta Colônia para cometer crimes.
Eles foram alvos de duas operações policiais, uma delas com a participação de agentes estaduais, e outra com um grupo do Ministério Público de Santa Catarina especializado em combate ao crime organizado.
Na Operação Netuno, que foi realizada no Rio Grande do Sul em 20 de agosto de 2021, agentes da Polícia Civil da Região Central cumpriram 18 mandados de busca e apreensão nos municípios de Restinga Sêca, Paraíso do Sul, Nova Palma, Agudo, Formigueiro, Santa Maria, Charqueadas e Porto Alegre.
ENTREVISTA COM O PROMOTOR CLAUDIO ESTIVALLET: “Eram mandados pelos chefes para cometer crimes em Restinga Seca”
Paralelo 29 – Que grupo criminoso é esse que foi condenado a penas que ultrapassam 280 anos?
Estivallet Júnior – Tratava-se de organização criminosa armada, voltada à prática de ilícitos penais, como tráfico de drogas, associação para o tráfico, roubo majorado (assalto) e homicídios qualificados.
Paralelo 29 – Quem era o líder desse grupo?
Estivallet Júnior – A organização era liderada por um dos denunciados, que estava preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e comandava por telefone toda a associação, conforme se apurou nas conversas telefônicas interceptadas.
Paralelo 29 – Como foram divididas as penas?
Estivallet Junior – As penas variaram de 20 anos e três meses de reclusão a sete anos e seis meses de reclusão
Paralelo 29 – Como agia esse grupo criminoso?
Estivallet Junior – Os denunciados integram uma organização criminosa, nos termos do art. 1º, §1º, da Lei nº 12.850/2013, já que se trata de uma associação de mais de quatro pessoas, conforme esclarecido pelas investigações policiais. Trata-se de uma organização estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem, especialmente econômica, mediante a prática de diversos crimes.
Paralelo 29 – Eram pessoas de fora do município de Restinga Sêca?
Estivallet Júnior –A organização envolvia pessoas da Região Metropolitana, inclusive presos da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, da Penitenciária Modulada de Charqueadas e do Presídio Central (de Porto Alegre) e outros da facação Bala na Cara, que vinham para Restinga cometer alguns crimes a mando dos chefes.
Paralelo 29 – Havia mulheres? Esses criminosos estavam presos ou em liberdade quando foram julgados?
Estivallet Júnior – Sim, sete mulheres. Nove dos 20 réus estavam em liberdade.
Paralelo 29 – Como as autoridades chegaram até eles?
Estivallet Júnior – Eles foram alvos de duas operações: a Operação Netuno e uma operação realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de São Miguel do Oeste, do Ministério Público do Estado de Santa Catarina.