CARINA CORRÊA – Mãe de Thanise Corrêa Garcia, 18 anos, vítima da Kiss
Neste 13 de junho será julgado o recurso contra a anulação do júri da tragédia da boate Kiss pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), em Brasília. Faltando, exatamente, 13 dias para minha Thanise completar 29 anos
Meu propósito em busca por justiça foi e sempre será defender a memória de minha filha, mas no decorrer da caminhada longa desses 10 anos e quase 6 meses, agreguei muitos conhecimentos.
Entre esses conhecimentos percebi que minha dor não será diferente da de qualquer outra mãe que perde um filho, independentemente da causa da morte.
Observei que o medo de alguns pela morte os afastava de mim. Era difícil me ver e saber que poderiam passar pelo mesmo. O contrário também aconteceu, algumas pessoas por reconhecer a fragilidade da vida me abraçavam de forma solidária. E essas são as pessoas que até hoje mantenho no coração.
Acima de tudo, percebi o fato concreto de que minha filhota não viveu e não morreu em vão. O massacre, o processo e o julgamento tornaram-se mais que público, escancarando as falhas e omissões, expondo pessoas que se consideravam intocáveis. E expondo também nomes desconhecidos, que sempre tiveram o poder.
Mostrou-me que o erro começa em uma desapercebida ou intencional falha e vai até a um exagero de técnicas e palavras difíceis para desfocar os assassinatos. Mas de boa vontade o inferno está cheio.
O que ficou é que quando deixamos passar uma injustiça ou um erro que ninguém “vê”, toda a sociedade paga um preço alto, doloroso e irreversível.
