Paralelo 29

PARALELAS: No RS, Bolsonaro defende apoiadores presos e ataca demarcação de terras indígenas

Giovane Cherini e Bolsonaro/Foto: ASCOM PL

Santa-mariense foi ao evento na capital, e PL quer ex-presidente como cabo eleitoral nas eleições do ano que vem

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Porto Alegre, nesta quinta (22) e sexta-feira (23), para um evento do seu partido preparatório para as eleições municipais do próximo ano e encontro com empresários aliados.

Em discurso, Bolsonaro disse que o Brasil vive momentos difíceis e defendeu apoiadores presos em 8 de janeiro, em Brasília, em protesto contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Temos irmãos presos em Brasília, temos gente injustiçada em Brasília”, afirmou, em defesa de ativistas presos por invasão e depredação às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, em Brasília.

Pelo menos 12 bolsonaristas de Santa Maria e região estão entre as pessoas que foram presas na capital federal por conta dos atos de 8 de janeiro, hoje sob investigação de uma CPI no Congresso Nacional.

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Processo no TSE é “politiqueiro”

Sem citar Lula, o ex-presidente criticou o processo que responde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que começou a ser julgado na quinta-feira e que poderá tirá-lo das próximas eleições. Ele responde por ter atacado as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores, quando era presidente.

“A fundamentação é que reuni com embaixadores. O outro cara se reuniu com a nata do PCC, no Complexo do Alemão do Rio de Janeiro, e vai se reunir agora com a nata do Fôro de São Paulo”, disse, afirmando que está sendo submetido a “um julgamento politiqueiro”.

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Ataque ao MST e à demarcação de terras indígenas

Bolsonaro discursando para empresários em Porto Alegre/Foto: Reprodução vídeo Instagram

Apoiadores aplaudiram o ex-presidente, principalmente quando ele atacou o MST e criticou a demarcação de terras indígenas.

“O MST não teve vez conosco”, afirmou sob gritos e aplausos. E seguiu afirmando que foi ele sair do governo para ser retomada a discussão sobre a demarcação de terras indígenas e o Marco Temporal.

Ainda no discurso, Bolsonaro disse que entregou “um Brasil bem melhor”, com a Lei de Liberdade Econômica “e bem mais armado por pessoas de bem”. Disse ainda que enfrentou uma pandemia (covid-19), uma guerra (da Ucrânia) e uma crise hídrica, além da imprensa.

PL gaúcho quer Bolsonaro como cabo eleitoral

No encontro com lideranças do seu partido, no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, o deputado federal Giovani Cherini, que preside o PL gaúcho, disse que o partido “tem um grande projeto” para o ano que vem, quando ocorrerão eleições municipais.

Cherini convocou bolsonaristas a concorrerem a Prefeituras e a Câmara de Vereadores: “Agora é a hora de a gente botar nosso time em campo. Tenham coragem, metam a cara, é a nossa vez, a nossa hora. Temos um grande líder para nos ajudar”, disse Cherini, referindo-se, evidentemente, a Bolsonaro.

O objetivo do PL gaúcho e ter o partido organizado em 300 municípios até o final do ano e com força suficiente para disputar as eleições do próximo ano.

Santa-mariense aproveitou a vitrine

Empresário santa-mariense Ewerton Falk, presidente do Iplan, postou foto com ex-presidente em rede social/Foto: Reprodução

O empresário santa-mariense Ewerton Falk, que preside o Instituto de Planejamento (Iplan) de Santa Maria, foi um dos que esteve no encontro com Bolsonaro.

Em suas redes sociais, Falk publicou foto com o ex-presidente e postou: “Que felicidade imensa estar em Porto Alegre recebendo a ilustre visita do presidente Jair Bolsonaro. Foi um momento de orgulho para todos nós. A energia contagiante do evento nos envolveu e reafirmou o compromisso que temos com o nosso país”.

Candidato a deputado federal nas eleições do ano passado, Falk fez 4.296 votos. Mas essa não foi a sua estreia na política. O empresário concorreu a vice-prefeito pelo PDT em 2016, em uma chapa pura encabeçada pelo radialista Marcelo Bisogno.

Tempos depois, Falk migrou para a direita, filiando-se ao Democratas, que deixou de existir a partir de uma fusão com o PSL (sigla pela qual Bolsonaro se elegeu presidente em 2018).

Falk é um dos nomes do PL de Santa Maria para as eleições do próximo ano tanto para a Prefeitura como à Câmara de Vereadores. Se for candidato, pretende contar com uma ajudinha de Bolsonaro.

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Curiosidades entre duas visitas

Coluna Paralelas fez resgate histórico de visita a Santa Maria há 30 anos/Foto: Reprodução

No último final de semana, o Paralelo 29 fez um resgate histórico de uma visita de Jair Bolsonaro a Santa Maria em 18 de junho de 1993.

A coluna Paralelas publicou em três partes os bastidores da passagem barulhenta do então deputado federal pelo Rio de Janeiro, que rendeu muito material para a imprensa local como declarações bastante polêmicas. O editor do site cobriu a visita, na época, pelo jornal A Razão, veículo que não existe mais.

Comparando a visita de 30 anos com a desta semana, pode-se dizer que a divisão política de hoje já existia, em parte, na época.

Em junho de 1993, tanto Lula como Bolsonaro eram personagens da política brasileira, embora o petista fosse bem mais conhecido. No entanto, a diferença é que, em 93, não havia a polarização atual.

A diferença entre o Bolsonaro 30 anos atrás e o de hoje é basicamente o capital eleitoral e político do capitão da reserva do Exército acumulado no decorrer de sete mandatos na Câmara dos deputados.

No mais, ele continua com a língua solta, embora sua passagem pela capital gaúcha não tenha sido tão barulhenta como foi sua visita de 30 anos atrás em Santa Maria.

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Candidato a vereador pelo Rio de Janeiro?

Conforme o jornal Correio do Povo, Bolsonaro não descarta a possibilidade de concorrer a vereador no Rio de Janeiro no ano que vem, se ele estiver com seus direitos políticos mantidos.

“Estou pensando em ser candidato a vereador no Rio de Janeiro. Qual o problema? Não há demérito nenhum. Até vou me sentir jovem, geralmente a vereança é para a garotada, para o mais jovem, o primeiro degrau da política”, disse o ex-presidente.

E também adiantou que pretende concorrer a presidente da República em 2026. “Se estiver vivo e também elegível, se essa for a vontade do povo, a gente vai e disputo novamente a Presidência”.

E, sem nenhum rodeio, deu a entender que contará com o vento a seu favor na Justiça Eleitoral. “O presidente do TSE em 2026 será Kássio Nunes, que eu indiquei. O vice-presidente do TSE em 2026 será o terrivelmente evangélico, André Mendonça, que eu indiquei. As coisas mudam”, disse.

De fato, Kássio Nunes e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro, são alinhados às pautas do bolsonarismo no Supremo Tribunal Federal (STF).

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