Paralelo 29

Descoberta de nova espécie desvenda chegada dos primeiros primatas às Américas

Foto: Divulgação

UFSM está entre as instituições que participaram da pesquisa

Paleontólogos e geólogos do Brasil, da França e da Argentina, descobriram, na Amazônia brasileira, um pequeno primata que está revolucionando o que sabemos sobre as origens dos macacos nas Américas.

Revelado através de um único dente fóssil, esse primata fornece informações sobre o tamanho e a dieta dos primeiros macacos que colonizaram a América do Sul, provenientes da África, há mais de 35 milhões de anos. O estudo foi publicado nesta segunda-feira (3) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences USA (Biological sciences – Evolution), 

Descobertas recentes de fósseis na Amazônia peruana revelaram que dois grupos distintos de primatas antropoides de origem africana colonizaram a América do Sul há aproximadamente 30 milhões de anos.

Porém, uma recente expedição paleontológica, realizada no alto Rio Juruá, no oeste da Amazônia brasileira, no Estado do Acre, levou à descoberta de um novo e surpreendente fóssil de um pequeno primata. que foi batizado de Ashaninkacebus simpsoni.

Seu nome é dedicado às comunidades nativas Ashaninka que vivem na região e ao famoso paleontólogo evolucionista George G. Simpson, que juntamente com o paleontólogo Llewellyn Ivor Price, foi pioneiro na pesquisa paleontológica no Rio Juruá na década de 1950. 

Ashaninkacebus desafia as concepções acerca da origem dos macacos do Novo Mundo, pois sua análise sugere que um terceiro grupo de primatas antropoides participou da colonização da América do Sul.

Um fato que surpreendeu os pesquisadores é que os dentes desse novo primata são muito mais próximos morfologicamente daqueles de formas primitivas do sul da Ásia, os Eosimiidae, e não dos primatas africanos previamente considerados.

O estudo, que também reconsidera o status de determinadas formas enigmáticas de primatas, demonstra que os Eosimiidae também estavam presentes na África há 40 milhões de anos.

A Afro-Árabia, que era então um continente-ilha, claramente desempenhou o papel de importante parada biogeográfica entre o sul da Ásia e a América do Sul para os primatas – e também para os roedores.

Os dados indicam que Ashaninkacebus possuía tamanho diminuto, próximo daquele dos pequenos saguis atuais, e se alimentava principalmente de insetos e possivelmente de frutas.

Essas características muito provavelmente aumentaram as chances de sobrevivência de seus ancestrais, que desempenharam a extraordinária travessia do Atlântico, da África para a América do Sul, há cerca de 40 milhões de anos, sobre ilhas flutuantes naturais. 

As estimativas dos tempos de divergência entre as espécies de primatas do Velho e do Novo Mundo apontam para a possível influência de fenômenos meteorológicos intensos associados ao aquecimento que ocorreu por volta de 40,5 milhões de anos atrás na África Ocidental.

Tais fenômenos provocaram episódios de fortes inundações, as quais teriam favorecido a formação dessas ilhas flutuantes (fragmentos de terra e plantas que se desprendem das margens dos grandes rios quando destes eventos intensos).

Assim como os roedores caviomorfos (preás, capivaras, cutias, etc.), os macacos sul-americanos ou platirrinos (macacos-prego, saguis, micos, bugios, etc.) são considerados atualmente um dos grupos de mamíferos mais diversos da Região Neotropical.

Reconstruir as origens, a história geográfica e as fases evolutivas iniciais desses primatas e roedores é uma das questões mais intrigantes e difíceis da paleomastozoologia.

O estudo foi realizado por professores, pesquisadores e estudantes do Museu de Ciências Naturais da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal do Acre (campus Floresta), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade de Brasília e da Universidade de São Paulo.

(Com informações da Assessoria

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn