Paralelo 29

Caso Bernardo: Leandro Boldrini passa ao semiaberto; outros dois condenados já estão soltos

Foto: Márcio Daudt, TJRS

Pai condenado a 31 anos e 8 meses de cadeia pela morte do filho está em casa com tornozeleira eletrônica; madrasta, que teve a pena mais alta, deve sair em 2026

O médico Lenadro Boldrini, condenado em março a 31 anos e 8 meses de prisão pela morte do filho, Bernado Uglione Boldrini, de 11 anos, passou a cumprir a pena em regime semiaberto. Outros dois condenados também já conseguiram progressão de pena.

Boldrini está em casa desde sexta-feira (14) e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Já a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, terá direito a cumprir a pena em regime semiaberto daqui a três anos. Ela é a única dos quatro condenados que ainda não atingiu o tempo para progredir de regime.

MP diz que vai recorrer

Em março deste ano, em um segundo júri popular, Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. O primeiro júri dele foi anulado.

Boldrini, de 48 anos, estava preso desde 2014, ano em que ocorreu o assassinato de Bernardo. Como ele cumpriu dois quintos da pena e trabalhou durante esse período, ele adquiriu direito a progressão de pena pela legislação pena brasileira. O Ministério Público disse que vai recorrer.

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Madrasta terá mesmo direito em três anos

Graciele Ugulini, a madrasta, poderá sair em 2026 para o semiaberto/Foto: Reprodução TJRS

A madrasta, que foi condenada em 2019, a 34 anos e 7 meses de prisão pelo crime de assassinato (homicídio duplamente qualificado) e ocultação de cadáver também está presa desde 2014. Pela legislação brasileira, em julho de 2026, ela terá direito a ir para o semiaberto.

Advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que defendeu Graciele, acredita que a madrasta poderá ir para o semiaberto já no ano que vem, contando, para isso, com uma eventual remição de pena por conta dos dias trabalhados. Ela cumpre pena no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, em Porto Alegre.

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Amiga já está no semiaberto

Também presa em 2014, Edelvânia (à direita) já progrediu de regime/Foto: TJRS

Amiga de Graciele e responsável por cavar a cova onde o corpo do menino foi ocultado, Edelvânia Wierganovicz também foi condenada pelo júri em 2019.

Edelvânia pegou 22 anos e 10 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, mas já está em regime semiaberto desde maio do ano passado, com autorização para trabalhar fora do presídio durante o dia e regressar à cadeia à noite.

O advogado dela, Jean Severo, iria pedir para que Edelvânia fosse para o regime aberto ainda este ano. Ela também foi presa em 2014 e igualmente cumpria pena na capital do Estado.

Outro condenado já está em liberdade

Evandro, que teve a menor pena, está em liberdade desde 2019/Foto: Vitor Hugo Wiederkehr, Divulgação TJRS

Já o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, condenado a 9 anos e seis meses de prisão por homicídio simples e ocultação de cadáver, já está em liberdade condicional desde 2019, ano em que foi a júri.

Também preso desde 2014, segundo o Tribunal de Justiça do RS, Evandro atingiu o tempo exigido para progressão de regime e ter direito a liberdade condicional em 15 de março de 2019.

Caso de grande repercussão

O caso Bernardo foi um dos crimes de maior repercussão no Rio Grande do Sul nos últimos anos. O garoto foi morto em abril de 2014, com apenas 11 anos de idade.

Bernardo, que morava em Três passos com o pai e a madrasta, desapareceu em 4 de abril de 2014. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado em Frederico Westphalen, cidade vizinha, em uma cova vertical, às margens do rio Mico.

No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança foram presos, suspeitos, respectivamente, de serem o mentor intelectual e a executora do crime, com a ajuda da amiga dela, Edelvânia Wirganovicz.

Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvania, foi preso, suspeito de ser a pessoa que preparou a cova onde o menino foi enterrado. No júri, as acusações foram acatadas pelos jurados.

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Assassinato por herança

De acordo com o MP, Leandro Boldrini foi o mentor intelectual do crime. Conforme a acusação, ele e Graciele não queriam dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dele, Odilaine (que morreu em 2010), e o consideravam um estorvo para o novo núcleo familiar. O casal teria oferecido dinheiro para Edelvania ajudar a executar o crime.

Bernardo, não sabendo do plano, aceitou viajar até Frederico Westphalen com a madrasta para ir em uma benzedeira. O menino acabou morto por uma superdosagem de Midazolan, medicação de uso controlado. O corpo da criança foi enterrado na cova vertical, aberta por Evandro. Para encobrir o crime, Leandro Boldrini teria feito um falso registro policial do desparecimento do menino.

Menino e família estão sepultados em Santa Maria

Bernardo com a avó materna, Jussara Uglione/Foto: Reprodução, Facebook

Bernardo, que está sepultado no Cemitério Municipal de Santa Maria, era filho do casamento de Leandro Boldrini com Odilaine Uglione, que cometeu suicídio em 2010, e que está sepultada no mesmo local.

Ainda no túmulo de Bernardo está sepultada a avó materna, Jussara Uglione, que morava em Santa Maria na época do crime que chocou o Rio grande do Sul.

O túmulo de Bernardo é um dos mais visitados em Santa Maria. No local, há placas de agradecimento por supostas graças alcançadas com a intercessão do menino e brinquedos.

(Com informações do G1RS e do TJRS)

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