Trabalhadora escravizada era vigiada 24 horas por dia e tomava banho em bacia
A história da trabalhadora doméstica Adelaide Alexandrete, de 45 anos, resgatada de trabalho análogo à escravidão pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Santa Maria, é daquelas que rendem um filme ou uma minissérie. A mulher estava desaparecida há 21 anos, e era procurada pela mãe.
De acordo com o site G1RS, uma força-tarefa do MTE resgatou a trabalhadora em uma casa onde ela trabalhava como doméstica sem salário e sem qualquer direito trabalhista. O resgate ocorreu no final de junho e foi divulgado agora pela reportagem.
Adelaide e a mãe, Delides Alves Garcia, eram de Santiago, no Vale do Jaguari, na Região Central do Estado, e moravam em Três de Maio, na região Noroeste gaúcha, onde foi registrado o desaparecimento da mulher, em 2008, na Delegacia de Polícia.
À reportagem do G1RS, Adelaide contou que trabalhava sem receber salário e sem direito a sair. Em mais de duas décadas, a trabalhadora nunca gozou férias. O local em que a doméstica foi resgatada era uma peça separada por duas estantes vazadas como forma de monitoramento. Para tomar banho, Adelaide era obrigada a usar uma bacia porque o banheiro não tinha chuveiro.
Como a mulher foi encontrada
A história triste de Adelaide começou a ser descoberta a partir de uma consulta a um posto de saúde de Santa Maria. A médica que atendeu a doméstica descreveu a mulher como “paciente extremamente ansiosa”. E relatou que a mulher trabalhava sem receber salário e sem direito de ir e vir. Por fim, o prontuário tinha uma observação em forma de interrogação: “paciente submetida a trabalho escravo?”
A partir, o MTE entrou na história e fiscais foram até a casa em que Adelaide trabalhava. Após ser resgatada, Adelaide foi encaminhada a um abrigo em Santa Maria. O pagamento de verbas rescisórias à mulher já foi feita pela parte empregadora. Agora, a luta da trabalhadora é para receber o restante a que tem direito por mais de duas décadas de trabalho.
Há tempos, a família vinha procurando Adelaide por meio de programas de rádio e nas redes sociais. Em 6 de janeiro de 2020, Adonaide Alexandrete postou mensagem em seu perfil no Facebook procurando pela irmã:
“Essa é Adelaide Alexandrete, está desaparecida à mais ou menos 16 anos, se alguém tiver alguma noticia dela por favor me mande alguma mensagem”! em 6 de janeiro de 2020″, diz o post com uma foto em que Adelaide era mais nova.