CUCA VICEDO – PUBLICITÁRIA E COMENTARISTA DE CINEMA
Uma história sem precedentes na justiça criminal do Brasil, a cobertura midiática guiou um crime hediondo, aonde um pai foi responsabilizado, junto com a madrasta a matar a própria filha.
ISABELA: O CASO NARDONI (2023) chega em forma de documentário na Netflix, reavivando a memória de quem acompanhou pelos veículos de comunicação a época toda a perícia e a investigação da polícia, bem como os fatos que envolveram o assassinato de uma criança de 5 anos pelo próprio pai mau caráter e sua companheira maluca.
Muitos crimes são cometidos contra crianças diariamente no Brasil e no mundo, mas esse fez toda a mídia se voltar para a investigação, e houve até participação popular com concentrações a tentativas de linchamento do casal. Era um crime da classe média, formadora de opiniões e considerada “impecável” nas suas ações.
Apontar o dedo e chamar de assassinos dava à população a satisfação de mostrar que ninguém é perfeito e que o dinheiro não pode, e não deve, proteger os criminosos.
O documentário traz dois lados dos acontecimentos, da defesa e da promotoria, as alegações de falta de investigação correta, a defesa fracassada, as evidências de quem realmente cometeu o crime.
O mais emocionante ainda é a reação da mãe biológica da criança, uma menina que num primeiro momento chegou a defender o assassino por não acreditar que era possível – uma lição de amor e mãe de verdade.
Para quem gosta de acompanhar, nota-se desde a época (o crime foi em 2008), o Fantástico fez uma entrevista sensacionalista e medíocre do ponto de vista de produção jornalística e humana, a Globo enganadora como sempre.
Prestem atenção! Isabela: O caso Nardoni, é um documentário curto que vale a pena conferir o exagero da mídia em busca de audiência, como sempre.
Para quem também quiser conferir uma ficção interessante estreou na Amazon Prime o filme ENTRE MULHERES (2022), em que um grupo de mulheres, em pleno século XXI, vive em uma colônia deprimente para elas, pois são violentadas pelos homens desde crianças e acabam por decidir se ficam, lutam ou vão embora.
A força da narrativa está exatamente nos diálogos (o filme foi vencedor de vários prêmios de Roteiro) e, nas atuações das excelentes atrizes selecionadas para seus papéis.
A busca e reencontro com a fé, suas vozes, o perdão e a maternidade, além das relações entre si, são força motriz para suas decisões. Mulheres e a mídia estão no tema central das dicas da semana, vale a pena conferir as duas.