Paralelo 29

CRÔNICA DO ATHOS: Escondidinho de STF

Foto: Nelson Jr./SCO/STF

ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

O meu voto, quando digito os números dos candidatos, diante da urna eletrônica deve ser no mais completo sigilo. Ultrassecreto! Essa atitude é garantida pela democracia.

E quanto mais votarmos, melhor para a democracia, que deve ser aprimorada e radicalizada diuturnamente.

Aliás, como é bom votar. Se dependesse do mim, eu votaria em primárias, prévias – adoro prévias – é uma disputa salutar e oxigena o partido.

Pena que não acontecem mais as prévias. E todos os votos nestes casos devem ser secretos. Por óbvio. Os demais votos da nossa república devem ser transparentes.

Afinal de contas, a democracia pressupõe a garantia dos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, de opinião, de informação e de associação política. E lisura em todos os processos.

Quem está a serviço da coisa pública precisa estar ciente disso: transparência é fundamental. E todas as ações garantidoras do estado democrático vale também para os nossos honoráveis capas-pretas do STF.

A ideia de voto sigiloso – sigilento como diria Odorico Paraguaçu – parece ir na contramão dos princípios democráticos. Esse “escondidinho de STF” seria mais uma receita para o nosso cardápio político? Difícil de engolir…

Ao sugerir o voto sigiloso no STF, o presidente parece querer blindar os ministros de qualquer crítica ou contestação e, quem sabe, em especial do seu indicado Cristiano Zanin, que vem sendo alvo de reprovação da esquerda por seus votos conservadores em pautas progressistas.

Cabe uma pequena reflexão sobre os ministros da suprema corte.

Lula recebeu mais de 60 milhões de votos no segundo turno para se eleger presidente.

Eduardo Leite recebeu mais de 3,6 milhões de votos para se eleger governador.

Hamilton Mourão recebeu quase 2,6 milhões de votos para se eleger senador.

Em contrapartida, uma candidata a vereadora em Santa Maria – Alice de Carvalho – foi a mais votada entre todos os candidatos com mais de 3,3 mil votos e não se elegeu. Faltou coeficiente eleitoral para o partido. Com um balaio de votos e sem mandato.

É assim que funciona a nossa democracia.

Então, temos uma situação a debater. Com quantos votos se elege um ministro do STF?

Unzinho.

E com um mandato bem longevo… ad aeternum. Pois então, a nossa democracia precisa ser discutida e aprofundada. Ao invés de sigilo nas votações, quem sabe um sufrágio universal para o STF.

Ué, sais! Eu gostaria de votar para ministro da suprema corte. E servir o “escondidinho de STF” numa tigela transparente.

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