MARIONALDO DA COSTA FERREIRA – CONSULTOR PARA CIDADES INTELIGENTES
Alguns podem dizer e ou pensar que eu mudei de tema. Se antes falei tanto em direito as cidades, cidades inteligentes, porque agora venho com esse tema que a rigor nada tem a ver com o tema central de minha busca?
Olha, pela simples razão que quando falamos de cidades criativas e humanas, falamos em seres humanos. Falar em cidades humanizadas na atual estrutura social pode soar como uma brincadeira ou deboche.
Por isso, falar em pessoas nos espaços contraditórios de uma cidade/município, é fundamental, pois é preciso desconstruir para surgir algo positivo.
Falar em masculinidade positiva é algo assustador, mas tão necessário para realmente criarmos as condições de mudanças que muito desejamos.
A estrutura das sociedades basicamente reproduz os mesmos padrões de hierarquização que colocaram o homem no papel central, conforme alertou a filósofa Simone de Beauvoir (1908-1986).
Assim sendo, ficou estabelecido uma espécie de segundo sexo, não no sentido de ordenamento, sendo o primeiro é mais importante, e o segundo, bem, segundo é para atender o primeiro.
Não falo em referência à existência de dois sexos, um mais o outro, mas no sentido de ordenamento estrutural de pensamento.
Dessa forma de pensamento e estruturação, as mulheres existem em função dos homens, para fins de sua plena satisfação, para seu serviço, para sua utilidade, sendo a felicidade delas, sua realização pessoal ou demandas, algo secundário, seja na esfera doméstica ou pública. Isso faz sentido para você?
Este sempre foi e ainda é um discurso de justificativa no sentido de conservar e manter uma estrutura social que privilegie os homens.
A política e as instituições formais ou não formais, muitas delas vinculadas a costumes e hábitos, estabelecem padrões e sentidos para o comportamento, organização e funcionamento das sociedades, e em sua grande maioria, fica destacada a condição de subalternidade das mulheres e a construção de padrões rigorosos tanto para identificar quanto para diferenciar homens de mulheres.
Mas, tudo isso, essa cultura imposta e fincada na raiz de nosso pensamento, está encontrando muitas dificuldades de aplicação.
Os homens vestem uma máscara em busca de amor, atenção e aceitação masculina porque precisam pertencer ao clube e, logo, precisam seguir regras ou seriam expulsos.
A masculinidade vai sendo formada como reação e negação ao feminino e isto impõe uma certa matriz que delimita a forma de agir e pensar dos próprios homens.
As crianças do sexo masculino não devem ser alegres, ser cordiais, e a expansividade deixa de ser valorizada e passa a ser substituída por uma performance da figura do macho, ou seja, uma representação aceitável socialmente.
As regras de masculinidade são criadas de tal forma que os meninos passam a vestir uma máscara para esconderem suas necessidades reais, seus medos e desejos mais íntimos.
Para efetivamente construirmos espaços de todos, essa lógica tem que ser rompida, cortada extirpada do nosso cotidiano.
Homens e mulheres, mulheres e homens, sendo sujeitos de seu destino e de sua vida. Igualitariamente na compreensão que os humanos tem cérebros diferenciados dos animais chamados irracionais. Assim, caminharíamos para uma cidade inovadora e humana.