ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR
A síntese dos jogos contra o Fluminense, pelas semifinais da Libertadores, pode ser feita em poucas palavras. Poderíamos ter matado o jogo no Maracanã e não fizemos.
Poderíamos ter matado o jogo no Beira-Rio e não fizemos. E tudo parecia tão fácil e se tornou tão trágico. Um caso típico do que chamamos de imponderável e duas máximas do futebol muito evidentes.
Quem não faz, leva.
O jogo só termina quando acaba.
E, assim, amarguramos uma derrota que não estava nos nossos planos após dois jogos épicos contra o River e Bolívar.
[A propósito: das coisas para fazer ou conhecer antes de morrer, coloque “Ruas de Fogo” da torcida do Internacional. Fica a dica.]
Quando um comentarista global falou da virada em seis minutos, me caíram a ficha e os butiá… havia outros seis minutos nas glórias do desporto nacional. Então, fui para o Dr. Google.
Houve outros seis minutos de triunfos e de grande euforia num Beira-Rio lotado. E já faz um bom tempo. Mais de 50 anos.
Um jogo entre Inter e Cruzeiro pelo Brasileiro de 1972. O Colorado bateu o Cruzeiro por 3 a 2, no Beira-Rio, com gols de Claudiomiro, Escurinho e Valdomiro e virada nos últimos seis minutos de jogo.
O Cruzeiro era um timaço e contava com craques do quilate de Raul, Piazza, Palhinha e Dirceu Lopes que marcou os dois gols do time mineiro.
No empate do Inter dois torcedores enfartaram e faleceram a caminho do hospital. Todas estas emoções pelo rádio no brilhantismo de Pedro Carneiro Pereira na arte de narrar uma partida.
Uma virada épica para lavar a alma. Como sabemos, aquela década foi a década do Internacional.
Encerro lembrando Karl Marx: a história acontece duas vezes, a primeira como tragédia e a segunda como farsa. E fico no aguardo de novas emoções e viradas.