Paralelo 29

MARIONALDO: Os espaços de uma cidade!

Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

MARIONALDO DA COSTA FERREIRA – CONSULTOR PARA CIDADES INTELIGENTES

“A praça é do povo, assim como o céu do condor!” Li isso em algum muro da cidade e fiquei pensando nessa manifestação pura e significativa.

Fiquei a me perguntar como estão as nossas praças? Como os gestores públicos veem as praças? Será que eles tem olhar de um carvoeiro, que ao olhar para uma floresta só vê carvão?

Esperamos que não! Mas como estão nossa participação nesses espaços que se chamam de praça? Estamos nos encontrando com amigos nesses espaços? Estamos sorvendo um amargo, quem é gaúcho e gosta do chimarrão?

Olha, diferentemente do que alguns pensam, uma praça não precisa ser um espaço grandioso como a Praça do Comércio, em Lisboa, ou a Praça de São Pedro, no Vaticano.

Havendo uma separação adequada, segurança e um mobiliário para sentar-se, ler e permanecer, o objetivo é atingido. Isso na forma tradicional de praças, aquelas fechadas onde tem pracinhas de brinquedos.

No mundo, os estudiosos em urbanismo estratégico, fazem propostas de espaços mais volumosos de pedestres, transformem-se em “praças”. Espaços abertos.

Um estudo realizado na Times Square apresentou resultados interessantes. Com a dedicação total de uma das vias à mobilidade ativa, houve um aumento de 11% no tráfego de pedestres e registrou-se mais pessoas pedalando.

No transporte público, houve ganhos de velocidade dos ônibus e crescimento do número de passageiros. As medidas não prejudicaram o fluxo de tráfego de automóveis particulares e de passageiros.

Motoristas relataram maior sensação de segurança (63%) comparado ao mesmo lugar antes das melhorias. Ainda no quesito segurança, houve 35% menos pedestres feridos em acidentes.

Os comerciantes relataram um aumento nas vendas de varejo, maior ocupação de pontos comerciais, e que a maioria dos clientes chega às lojas a pé.

As tensões e desafios giram em torno da melhor gestão entre os utilizadores do espaço, comerciantes e governo local.

Agora imaginem um grande espaço nos entornos da rua Acampamento, ou algo tipo um espaço da rua Astrogildo de Azevedo fazendo conexão com a 24 horas. Pessoas passeando, caminhando, conversando e vivenciando os espaços da cidade.

Tem um projeto, realizado por arquitetos da UFSM de Cachoeira do Sul, que propõem um espaço de ligação da Astrogildo de Azevedo com a 24 horas, com elevadores, e uma arena capaz de apresentação de shows, mas acima de tudo, espaço onde a convivência entre os moradores daquele território seria bem maior. 

Claro que tudo isso exige recursos financeiros e não é pouco. Entretanto, sempre me pergunto: se a desculpa é falta de recursos financeiros porque não se vai atrás deles? Ou seria a incapacidade humana de compreender os benefícios sócias e econômicos que esse tipo de obras trariam a cidade?

Por isso, quando falamos que uma cidade será inteligente, inovadora, afirmamos que a cidade será inteligente e inovadora, tanto quanto são inovadores seus gestores.

Quando os espaços públicos forem efetivamente das pessoa e o céu sendo do condor, teremos ai a sincronização do ar e terra, humanos e natureza.

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