Paralelo 29

Morre Aristilda Rechia, fundadora da Academia Santa-Mariense de Letras e autora do Hino de Santa Maria

Foto: Reprodução, Facebook, Aristilda Rechia

Professora, escritora, poeta e pesquisadora deixou sua marca na cultura da cidade; Prefeitura decreta luto oficial de um dia em homenagem a Aristilda

Santa Maria perdeu nesta quarta-feira (25) uma de suas mais importantes referências culturais das últimas décadas: Aristilda Rechia. Professora universitária aposentada, escritora, poeta e compositora, Aristilda foi uma das fundadoras da Academia Santa-Mariense de Letas (ASL) e autora do Hino de Santa Maria.

Professora universitária aposentada, escritora, poeta e compositora, Aristilda Antonieta Rechia nasceu em Santa Maria e completaria 85 anos no próximo dia 14 de novembro.

Aristilda morreu na manhã desta quinta-feira, no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo (Hospital de Caridade), onde estava internada. Ela sofreu uma parada dardiorrespiratória.

A professora começou a trabalhar muito cedo, aos 15 anos. Lecionou as disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Francesa em instituições da cidade.

Aristilda foi casada com o ator e escritor João Teixeira Porto, falecido em janeiro de 2009, e deixa os filhos Pércio e Júlio, os irmãos Jorge e Rosângela, netos e bisnetos.

QUEM FOI ARISTILDA RECHIA

  • Aristilda Antonieta Rechia nasceu em Santa Maria, em 14 de novembro de 1938
  • Professora nas redes municipal, estadual e privada de Santa Maria, também lecionou na antiga FIC (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição), que deu origem à UFN (Universidade Franciscana)
  • Idealizadora e fundadora da Associação Santa-Mariense de Letras (ASL), em 1986, entidade que deu origem à Academia Santa-Mariense de Letras (ASL)
  • Foi escritora, poeta, compositora, pesquisadora e intérprete de arte declamatória
  • Escreveu 10 livros e foi autora, como letrista, de mais de 30 hinos, entre eles o Hino Oficial de Santa Maria, além de canções militares
  • Participou de 12 antologias da Associação Santa-Mariense de Letras e de 9 antologias da Academia Santa-Mariense de Letras
  • Patronesse da 33ª Feira do Livro de Santa Maria, em 2006
  • Diretora da Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide

Entrevista histórica

https://www.youtube.com/watch?v=lBWave8uucs&t=1079s&ab_channel=UniDomini.TriniDomini.

Intelectual com grande referência no meio cultural de Santa Maria e do Rio Grande do Sul, Aristilda deu uma entrevista histórica ao canal Uni Domini. Trini Domini, do projeto Escritores da Nossa Terra, apresentado por Giovani Pasini, também integrante da ASL. Pasini autorizou a reprodução da entrevista ao site Paralelo 29.

Além de ter presidido a Academia Santa-Mariense de Letras em 2006, Aristilda também integrou outras entidades, como Rotary Club de Santa Maria e Coríntians Atlético Clube. Na ASL, ocupava a cadeira nº 2, que tem como patrono o poeta Mário Quintana.

Durante sua trajetória, Aristilda recebeu diversos prêmios e homenagens que imortalizaram a sua obra e seu ativismo cultural e social.

Colegas prestam homenagens; Prefeitura destaca trajetória

O ex-promotor de Justiça e advogado e escritor João Marcos Adede y Castro, presidente da Academia Santa-Mariense de Letras (ASL), lamentou a morte da colega. Os colegas Edinara Leão, Lígia Militz da Costa, Daniel Tonetto e Athos Ronaldo Miralha da Cunha também prestaram suas homenagens.

“Era uma extraordinária escritora, primorosa poeta, e mais, uma pessoa maravilhosa, interessada e gentil. A Academia não existiria sem ela e fico tristemente mais pobre com a sua partida. Muita tristeza”, disse Adede y Castro.

“Pessoa maravilhosa, uma intelectual. Lamentou muito o falecimento dessa ilustre colega”, lamentou o advogado criminalista Daniel Tonetto, também integrante da ASL

“Aristilda sempre foi uma pessoa muito querida, acessível e que dá imenso valor ao trabalho dos jovens sobre sua obra. Em anos passados, fez uma apreciação crítica sobre a poesia, conto e crônica produzida por eles, sentindo-os uma juventude triste. E perguntou: “Onde foi parar a alegria e o entusiasmo dos jovens?” Este ano, foi novamente escolhida e convidada. Iríamos fazer uma visita poética domiciliar, que acabou não acontecendo, mas os estudantes enviaram pelo wats o trabalho em sua homenagem. Ela recebeu, elogiou a criatividade e o carinho a ela dedicados. E isso faz poucos dias. Triste notícia a de hoje”, ressaltou a professora Edinara Leão, que também integra a Academia.

“Aristilda Rechia, maravilhosa amiga do coração, foi uma pessoa que jamais deixará de ser uma referência única para mim e minha família, tal a amizade construída por décadas e a admiração que continuaremos tendo por ela. Íntegra e leal, intensamente produtiva e bem- humorada, Aristilda foi uma liderança pujante em Santa Maria, seja como Secretária da Cultura, Diretora da Biblioteca Pública, idealizadora da Associação Santa-Mariense de Letras em 1986 e cofundadora da nossa Academia, em 2006.


Perda irreparável para a ASL, batalhou durante 37 anos por nossa entidade, organizando livros, eventos, dando cursos de declamação e, sendo dotada do dom da oratória vibrante, brilhante cerimonialista. Com um talento musical adorável, arrebatava todos que a ouviam cantar, com voz poderosa, linda e afinada.
Escritora, poeta inspirada, autora de hinos de várias cidades e instituições, era profunda pesquisadora de história e deixou um legado plural de obras que dignificam e engrandecem seus pares, seus conterrâneos, a cidade de Santa Maria e o Rio Grande do Sul. Seus livros históricos são permanente fonte de consulta pública.
Que Deus receba com amor de Pai amoroso essa filha a quem concedeu tantos talentos, junto à grandeza espiritual imensa e à bondade e beleza de seu coração. Gratidão a Ele pela vida de Aristilda”, escreveu Lígia Militz da Costa, professora e igualmente membro da ASL.

“Hoje prestamos nossas sinceras condolências e homenageamos à memória de Aristilda Rechia. Sua partida representa uma perda significativa para a comunidade de Santa Maria, não apenas como pessoa, mãe, esposa, mas também como escritora dedicada e talentosa. Como escritora, tinha a capacidade de capturar a essência da vida na cidade, seus costumes e tradições na prosa e no verso. A ausência de Aristilda deixa um vazio na cena literária de Santa Maria. Descanse em paz”, escreveu o escritor Athos Ronaldo Miralha da Cunha, colega de Academia.

Em seu site, a Prefeitura de Santa Maria publicou uma matéria sobre a vida e a trajetória de Aristilda, destacando algumas de suas obras. O Executivo municipal decretou luto oficial de um dia na cidade.

Compartilhe esta postagem

Facebook
WhatsApp
Telegram
Twitter
LinkedIn